CAPÍTULO 11

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C H R I S T O P H E R
U C K E R M A N N

-DULCE.

Foi tudo o que eu consegui dizer ao pé do ouvido da mulher que amava, enquanto enlaçava meus braços em sua cintura, cada vez mais forte, entre nossos corpos quase não sobrava espaço algum.

E a intenção era não soltá-la nesta vida.

-Dulce, Dulce.

Disse seu nome repetidas vezes a medida que ia sentindo seu cheiro, seu coração batento num ritmo acelerado como o meu, sua respiração ofegante, seu cabelo sedoso.
Ela tremia? Ou era eu?

Minha vontade era de beijá-la, mas ela estava completamente imóvel.

Me afasto um pouco a contragosto para contemplar seu rosto, ela me encara sem expressão, não encontro nenhum vestígio de que ela esteja feliz em me ver.
O medo toma conta de mim. Minha intuição estava certa?

Meus braços ao redor de sua cintura vacilam, estou prestes a pedir desculpa pelo o que quer que seja, quando ela me puxa para seus braços, as ruínas se erguem dentro de mim.

-Senti tanto a sua falta.- ela diz com a voz trêmula.

Ela me puxa mais para si -como se fosse possível- e fica nas pontas dos pés para colocar seu rosto entre o vão de meu ombro e pescoço. Sinto-a fungar. Ela está chorando.

-Dulce, não chore. Shhh...estou aqui.-Falo, tentando tranquilizá-la.

Mas a verdade é que eu também estou no precipício da emoção.

Depois de alguns minutos, ela se afasta, me olha, e dá um sorriso que me faria dar cem voltas no mundo somente para encontrá-la.
Olhamos em volta, nos dando conta de que estamos no meio do Jardim da casa dela cercado por convidados com olhares curiosos. Ela olha para Natália, que não parece nada feliz, e volta seu olhar novamente para mim.

-Vamos sair daqui.-Cochicha como uma criança travessa.

Dulce não me deixa responder, vai me puxando pelo blazer azul na direção da saída. Preciso intervir.

-Calma, calma, Dulce! Preciso...

-O quê? Não quero ficar aqui! -Ela faz beicinho.

Toco por cima do bolso a caixinha de veludo, talvez não seja agora.

-Venha, Christopher! -Fala ela, tentando me puxar outra vez.

Minha Dulce continua a mesma. Sorrio. Isso me fez lembrar que eu sempre acabo cedendo.

***

-Dulce, aonde está me levando?-Pergunto, ofegante.

Dulce é baixinha, mas corre muito.

-Para meu quarto.-Ela diz, simples.

Quase engasgo com nada.

-O QUÊ?

Ela revira os olhos, enquanto subimos as escadas com pressa.

Do Outro Lado Da Chuva | VONDYOnde histórias criam vida. Descubra agora