Após uma grande sessão de filmes, todos os amigos foram para suas respectivas casas. E na velocidade da luz, como Bill havia pensado, o dia estava amanhecendo outra vez. Colocou o prato de cereal na frente do seu irmão, para que ele pudesse comer tranquilamente, e logo depois deu um beijo na bochecha de sua mãe se despedindo.
Saiu de casa, e como em uma rotina qualquer, seguia para casa de todos os seus amigos. Primeiro Stanley, logo depois Bev e Richie, e por último Mike, Ben e Eddie, que eram os que moravam mais longe. — Bom dia flor do dia! — Stanley disse animado, saindo de casa, ao ver o rapaz arrumar as alças da mochila sorrindo pra si.
— Bom d-dia, dormiu bem?
— Sim, sim... mamãe insistiu para que eu trouxesse algo pra você, então ela separou uns sanduíches pro intervalo. — Continuou sorrindo enquanto balançava o saco com os sanduíches dentro, Bill corou instintivamente. — Quer g-guardar aqui?
— Tanto faz, meu bem... — E assim que ele terminou de falar, Bill se virou de costas para ele, e Stan achou aquilo completamente adorável, sim, ele achava tudo em Bill completamente adorável, mas ele não tinha culpa se tudo o que Bill faz, se torna fofo em seu olhar. Guardou rapidamente a comida na mochila do moreno, e eles foram conversando até a casa dos outros amigos.
Não demorou tanto quanto eles sempre pensavam que iria demorar, mas eles já estavam na escola, se espalhando pela mesma. Richie, Stan, Bev, Eddue e Mike foram direto para a arquibancada, eles estavam ansiosos para assistir o jogo de vôlei que iria acontecer entre os dois primeiros anos. Ben aproveitou para ir ao banheiro e começar a ter ideias para o resto de seu livro, bom, a culpa não é dele se as melhores ideias são tiradas de momentos inoportunos. Bill, sozinho, se encaminhou para o refeitório, não tinha muito o que fazer até o jogo terminar, e realmente não gostava de esporte.
— A gente vai continuar apostando? Por que eu claramente aposto no primeiro ano da manhã, as meninas treinaram o ano todo, os meninos do bloqueio são grandes pra caramba... não tem chance. — Richie falou, se sentando entre os amigos. — Eu conheço o pessoal do primeiro ano da tarde, eles são ótimos roubando em jogo. Tem que ficar de olho. — Mike pontuou.
— Ben e Bill não vem mesmo? Seria legal se todos nós fizéssemos uma aposta grandona. — Bev sorriu, ajeitando as pernas no banco da frente. — Bill não gosta de esportes... mas o Ben adora, não sei por que ele não tá aqui. — Mike respondeu.
— Falta quanto tempo pro jogo começar? Parece que toda a escola tá aqui, se não tiver muito perto, eu posso ir lá procurar pelo Ben. — Stan disse, se levantando, ajeitando sua calça e vendo Mike checar o horário. — Falta vinte minutos, vai lá e volta rápido! — Richie chutou o ar, tentando acertar o amigo mas Stan havia passado antes, e respondeu o de óculos com um dedo do meio.
Uris correu entre os bancos da arquibancada, tentando não atrapalhar quem já havia se sentado e ajeitado por ali. Ao perceber que estava fora da quadra, se sentiu desconfortável com o silêncio que a escola ficava sem o falatório dos alunos no corredor. Respirou fundo, e checou as salas perto da quadra, e até o armário do zelador. Nunca se sabe o que se passa na cabeça de um escritor, Stan pensou. E bom, ele até que está certo.
Andou mais um pouco, e se assustou com seu próprio reflexo quando passou na frente da sala de dança, encarando o espelho. A escola vazia era completamente assustadora, pensou. Continuou andando, porém com cuidado, ele não podia negar que estava morrendo de medo.
Até encontrar paz quando pousou seus olhos em um garotinho sentado nas mesas do refeitório, era ele, o seu garotinho... bom, ele não podia chama-lo oficialmente de seu, mas... vocês entenderam.
Ele cantarolava baixinho, sem prestar atenção no cenário a sua volta. Stan entrou devagar na cantina, e rodeou a cintura do rapaz com suas mãos, que pulou de susto logo em seguida. — Você fica tão lindo distraído...
— Que s-susto que você me deu. O jogo ainda n-não começou?
— Ainda não, na verdade falta bem pouco pra começar. Tava a procura do Ben, o pessoal queria apostar e essas coisas. Quer ir?
Stan inalava todo o cheiro possível que saía do pescoço de Bill, já que sua cabeça estava apoiada em seu ombro. — N-não gosto muito de esportes, os jogadores enrolando m-me deixa nervoso. — Sorriu, abaixando o olhar pro caderno de desenhos em cima da mesa. Stan seguiu seu olhar, pousando no esboço dos dois jogados na grama lendo um livro, permitiu-se sorrir com tamanha fofura.
— Somos nós? — Se desvinculou da cintura do rapaz, e sentou-se ao lado dele, sem desgrudar os olhos do rosto sereno de Bill, que apenas concordou com a cabeça envergonhado. — Podemos recriar esse desenho qualquer dia desses, e fazer um piquenique... o que acha?
— É uma b-boa ideia. — Falou, sentindo Stan se esticar no banco até que conseguisse descansar sua cabeça na colo de Bill, que encarou o rapaz de cima, enquanto memorizava cada detalhe de seu sorriso até seus olhos quase fechados quando sorria. — V-você é muito lindo, sério.
Stan corou. — Você é mais, meu bem. Será que meu artista favorito poderia dar uma pausa pra dar um beijinho em seu amado? — Riu do próprio comentário, vendo Bill se curvar até ele, e deixar um selo demorado em seus lábios.
— Acho que eu preciso voltar pra lá, e achar o Ben... vai mesmo ficar aqui? — Ele disse ao ver o outro rapaz ajeitar a postura mais uma vez, e encarar seus esboços. — Eu acho m-melhor. Eu vi o Ben ir pro banheiro quando chegamos aq-qui, será que ele ainda tá lá?
— Ainda não chequei lá. Mas to indo, se cuida aqui, hein. Qualquer coisa, qualquer mínima coisinha, grita que eu saio correndo. — Falou, juntando as mãos como se implorasse e Bill sorriu de lado, deixando um beijo em sua testa. — Não d-deixa o Eddie se animar demais na torcida.
— Pode deixar, chefinho. — Riu se levantando, vendo Bill corar. O moreno se virou para ver o corpo de Stan sumir entre os corredores, e respirou fundo com um sorrisinho de lado nos lábios, vendo o garoto saltitar até o banheiro na procura de Ben.
Bill voltou a desenhar, deixando Stan com um sorriso nos lábios em seu desenho. Para ele, a parte mais difícil seria fazer o cenário, ajeitando como o corpo de Stan cairia perfeitamente sobre a grama bem verde, e pelo desenho, recém cortada. Como seus ombros se encostavam, e como com uma mão de cada um eles seguravam o livro. Bill sorriu, imaginando essa cena acontecendo na vida real.
Suspirou pesado, ele gostava tanto de Stan. E sentia uma necessidade tão grande de passar todo o tempo do mundo com ele, desde que se conheceram, dez de onze de seus desenhos são de garotos cacheados, e bom... acabam tendo a mesma expressão facial de Stan. Ele tinha medo de admitir para si mesmo que estava completamente apaixonado e rendido a ele, e não queria deixar toda sua felicidade depender de outra pessoa. Mas o que ele podia fazer se gostava mais de si quando estava com Stanley?
Abriu sua mochila, dispersando pensamentos que o deprimiam, e sorriu encarando os sanduíches que a mãe de Stan havia feito para ambos. Sentiu todo seu corpo se aquecer ao lembrar da sensação incrível que era estar com a família de Stan, e como eles adoravam todos os amigos do filho, e principalmente, adoravam Bill. O tratavam como outro filho.
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papel principal | stenbrough/stanbrough
FanfictionA vida de Stan como ator sempre foi fácil, sempre teve os papéis principais nas peças teatrais da escola, o príncipe do clube de drama era a fama de Stan na escola. Até que um garoto chega na escola roubando a cena, e talvez... o coração de Stanley...