coração

643 77 108
                                    

— Você tem certeza que sabe ler, Bill? Tá escrito o que no pacote? — Stan encarava o prato de microondas rodando com o café de manhã dos dois, enquanto prendia risadas frouxas. Desviou o olhar pra Bill, com os olhos quase fechados de sono, segurando o pacote da lasanha, enquanto fingia estar entendendo o que tava acontecendo. — Meia hora n-no forno.

— FORNO? POR QUE BOTAMOS NO MICROONDAS? — Ele se desesperou clicando no botão de cancelar, e Bill arregalou os olhos para conseguir ler o que realmente tava escrito. — Na verdade é m-microondas mesmo, eu que li forno agora. Eu t-to com muito sono.

— Sério, coração? Deita ali no sofá que eu termino de fazer. — Apertou o botão de iniciar mais uma vez. — Gostei d-de ser chamado de coração, v-vou chegar nos outros agora só como... "e aí, v-você já foi chamado de coração? n-não? por que eu fui!" — Riu enquanto girava pela cozinha e fazia um sorriso bobo no rosto de Stan crescer.

— Vai lá deitar, bobocão. Tá se achando demais, vou chamar mais não. — Disse parando de encara-lo. Bobo, perdeu uma das mais fofas cenas nesse mundo. Um biquinho acabou se formando nos lábios de Bill, como em um emoji qualquer.

— Me chama de coração s-só mais uma vez, e eu juro que vou me deitar. — E então a insegurança de que talvez Bill não esteja confortável com ele voltou para seu corpo. Será que ele só estava agindo como se nada tivesse acontecido por que ele pediu? Ou ele realmente se sentia confortável e satisfeito com a conversa? E se ele estiver ali só por que Stan ficaria feliz?

— Você t-tá bem? Tá pálido... — Bill se aproximou do rapaz, pousando uma de suas mãos na testa do cacheado e percorrendo ela até as bochechas, agora não mais pálidas mas sim coradas por tamanha proximidade, de Stan. — Me emergi em pensamentos, desculpa. Onde estávamos? — Ele disse quando percebeu que seus olhos estavam cheios de lágrimas, e como se não bastasse que ele estivesse de olhos cheios, seu coração também estava cheio... de inseguranças.

— O que aconteceu, m-meu amor? Por que tá quase chorando? — Ele interrompeu com o polegar a lágrima solitária que iria começar a escorrer. — Eu... seja sincero comigo, ok? Eu preciso de toda a sinceridade do seu coração.

— Eu p-prometo que vou ser sincero, você tá me assustando. — Respirou fundo — Estamos bem mesmo? Sinceridade! Me diga tudo o que passa aqui. — Ele apontou para o peito de Bill.

— Ahnnn.. por mim tá tudo b-bem. Desculpe se fiz parecer que as coisas estavam indo mal, n-não foi minha intenção. E também me desculpa por ter feito c-cantada, eu não sabia se você se sentia bem com isso... — Fixou o olhar no olhar de Stan. — Você não fez parecer nada, foram só algumas inseguranças... eu tava pra te perguntar, sabe? O que... a gente é, agora?

Bill engoliu um seco. Já não sabia o que eram antes, imagina agora. — Eu não sei... eu sinceramente não sei. Eu não q-queria rebaixar os meus sentimentos e dizer que você é ap-penas meu amigo, por que eu não sinto isso por um amigo. Mas eu n-não queria ir rápido demais em te chamar de... qualquer c-coisa romântica.

— Você tá certo. Desculpa por ter deixado esse climão, se eu não perguntasse talvez essa pergunta fosse me corroer pra sempre. — Abaixou o olhar e Bill mexeu os pés desconfortável. — Tá t-tudo bem agora...

— Posso receber um abraço? — Invés de responder, Bill apenas envolveu o corpo dos garotos com seus braços. Denbrough tinha as mãos paradas na base das suas costas, enquanto os braços de Stan permaneciam pendurados no pescoço do rapaz, e ambos apenas aproveitavam a companhia um do outro, e sentiam seus sorrisos cresceram cada vez mais enquanto estavam colados. — Ainda posso dizer que te amo?

— S-se você me amar...

— Então, eu te amo Bill.

— Eu também te amo, Stanny.

papel principal | stenbrough/stanbroughOnde histórias criam vida. Descubra agora