meu porto seguro

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— Se acomodem, o ensaio já vai começar em instantes. Minha nossa, Bill, você tá... com bastante olheiras. — O professor de teatro sussurrou a última parte, tocando no rosto do moreno, que apenas concordou com a cabeça e se jogou em uma das cadeiras do grande auditório.

Richie, Stanley e Bev passaram pela entrada do auditório, cada um deixando um beijo na testa do cacheado que sentou afastado dos amigos e de Bill. Os alunos ficaram confusos, mas não comentaram nada sobre. — Certo... Ato 1, cena 1, subindo no palco. — Ele disse, se sentando em sua mesa que tinha uma visão privilegiada para o palco.

Ele ainda estava vazio. Sem nenhum cenário pronto, mas isso mudaria assim que o ensaio de hoje acabasse e o professor tivesse a oportunidade de receber a equipe profissional que estava responsável por montar tudo. — Você acha que vai dar merda?

Richie se assustou com o sussurro da amiga, e prendeu uma risada imaginando o que poderia acontecer. — Se não acontecer, é lucro. — Revirou os olhos, vendo a luz apagar e um único foco de luz surgir no meio do palco.

Bill entrou no palco, sentindo todos seus problemas irem embora assim que pisou na madeira envelhecida. Engoliu em seco, parando seu corpo no foco de luz. Estendeu a câmera que segurava em suas mãos, como se tivesse fazendo um video de si mesmo. – O amor não é f-fácil, e isso não é só mais uma frase que você acha quando coloca no Google "frases que refletem um amor comp-plicado".

Respirou fundo, trocando a mão de câmera e acompanhando devagar o foco de luz que passeava pelo palco. – Não mais comp-plicado que contas de matemática, obviamente um sentimento é bem mais fácil de r-resolver do que uma equação simultânea.

Abaixou a câmera encarando o público inexistente. — Mas eles tem uma coisa em comum. Mesmo quem passa anos lidando com ambos, n-nunca aprende a lidar totalmente.

Falou, saindo do palco vendo a luz se apagar e sentindo o vento de outros corpos passando por si, para entrar em cena. Bill largou a câmera num sofá que tinha ali, para os personagens que não estavam em cena esperarem seu momento, e passou as mãos no rosto bufando. — Tá tudo bem? — Greta se jogou no sofá, fazendo Bill a olhar confuso.

Ele apenas concordou com a cabeça. — O que rolou? Você e o Stanley sempre são os mais animados... e vocês agora parece meio mortos. — Ela sussurrou pra que não atrapalhasse a cena. — Não rolou n-nada.

— Se precisar eu to aqui.

— Obrigado. — Sorriu de lado, sabendo que não deveria confiar nela por coisas que tinham acontecido com Beverly, ela havia comentado que a garota sempre tentava ferrar a sua vida desde o ensino fundamental, além dela ser amiga do Bowers, que ameaçava os meninos sempre. Stan surgiu na coxia, ajeitando seu casaco de futebol americano... ele parecia bastante um valentão com a roupa cênica. Bill sentiu sua coluna arrepiar, quando Stan perguntou sussurrando pra si mesmo onde estava seu taco.

A luz apagou e Stan começou a se desesperar, era a sua cena, e ele não fazia a mínima ideia de onde estava seu único objeto cênico e não queria estressar o professor, mesmo que fosse apenas um ensaio, quando sentiu uma mão em seu ombro, e se virou sentindo o perfume de Bill, engoliu em seco vendo que o rapaz estendia pra si o taco. — Obrigado.

— S-sem problemas.

A luz apagou, e todos os atores correram pra dentro da coxia mais uma vez. Stan apareceu no palco, batendo com o taco no chão, enquanto Bill dava a volta pro trás do palco para surgir pelo outro lado. — Panaaaaca... onde está você? — Gritou, arrastando o taco no chão. — Não adianta fugir de mim, você não tem chances contra o grande e poderoso lider da escola!

papel principal | stenbrough/stanbroughOnde histórias criam vida. Descubra agora