Love by Chance (pt-br)

1.0 ❖ 06

P E T E

Honestamente, conhecer novos amigos não é bem a coisa mais animadora do mundo para mim, porque é um evento, acima de tudo, assustador. A ideia de conhecer os amigos de Ae, entretanto, faz com que eu me sinta em êxtase. Talvez, gostar tanto assim de alguém acabe tornando a sensação de ser introduzido ao ciclo de amizades dessa pessoa específica em algo agradável. E talvez seja por isso que, agora, eu esteja me sentindo tão feliz.

— Ah, esse é o aluno do Colégio Internacional que você tanto fala? — um dos amigos altos de Ae pergunta, apontando para mim com exagero. — Cara, você é muito bonito! Ei, Pond, fica ali do lado! Eu não acredito! Perto da beleza dele, você fica parecendo um fantasma escondido na escuridão!

Diante das exclamações altas, Pond faz uma careta desgostosa, sem intenção de dar o braço a torcer.

— Se perto dele eu sou um fantasma escondido na escuridão, então o Ae é a própria escuridão me cobrindo! Ele é como um buraco negro que sugou todo o brilho do sol!

— Pond — a única garota do grupo toma partido, revirando os olhos —, todo mundo aqui concorda que você é ainda mais moreno do que o Ae.

— Ei, Boe! É ridículo vocês considerarem a minha pele escura, huh?⁶ Ela está mais para uma cor suave de mel torrado — retruca Pond, encarando a garota chamada Boe com os olhos estreitos. — Você não consegue ver? É porque eu tenho sangue latino também, então minha pele tem uma coloração saudável de mel!

Os argumentos incoerentes dele são engraçados, ainda mais quando a menina não demonstra disponibilidade em lhe dar a devida atenção, ignorando a argumentação infantil para manter os olhos fixos em cima de mim. As íris escuras transmitem certo desejo, especialmente quando a expressão se derrete em um sorriso atrevido e ela sussurra sons que não parecem fazer muito sentido, mas que, ainda assim, passam a impressão de carregarem uma lascívia oculta.

— Nosso querido amigo... Ulalá, hein?

Mesmo que eu esteja me sentindo confuso com o comportamento da garota, que, apesar de tudo, ainda é levemente adorável, não deixo de ficar surpreso com minha capacidade em permanecer estático quando ela levanta do próprio lugar e vem até mim, tocando em meu braço; surpreendentemente não me afasto de seu toque, mas ainda arregalo um pouco os olhos.

— Hm, eu...?

— Você é muito lindo — diz com o sorriso amigável. — Você tem namorada? Porque a flor dessa adorável garota que vos fala ainda está desabrochada, mas você seria mais do que bem-vindo em cultivá-la até estar pronta para a colheita.

— Ah... Bem... É que...

— Ping do céu! — Pond intervém, batendo no ombro do garoto ao seu lado com a palma aberta, em exasperação pura. — Nós estamos de frente para uma grandíssima vadia!

Diante do comentário gritado, eu deixo uma risada baixa escapar da garganta em função de esconder meu constrangimento. Boe se vira para encarar os meninos, com raiva, enquanto eu me questiono como, em toda a minha vida, poderia ser capaz de responder ao tipo de comentário anterior. Ela estava falando de algo bem mais íntimo do que flores, né? Tenho certeza disso.

— O que você quer dizer com vadia?! — brada a menina, com ofensa evidente na voz. — Não é normal ir atrás daquilo que te interessa?! Seu idiota!

— Claro, mas o seu comportamento foi perfeito para uma fera! Continue assim, Boe, nós não vamos te julg... Ah! Por que está me batendo?!

— Cala a boca, seu meio-animal!