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P E T E

— Se você quer tanto namorar um homem, Pete, deveria estar comigo em vez de estar com aquele moleque do Programa Tailandês.

Nos primeiros segundos depois de ouvir o que Tin falou, fico em choque. Isso vai muito além de toda a minha preocupação por ele possivelmente saber da minha relação com Ae. Isso muda tudo.

A pergunta parece demorar para entrar no meu plano da consciência, mas quando o faz, percebo que não tenho ideia do que está acontecendo, porque nada disso faz sentido. Quer dizer, Tin não é gay. Eu tenho certeza. Posso não ter o que algumas pessoas chamam de gaydar, mas tenho cem por cento de certeza de que ele não é homossexual. Ele nunca me olhou de um jeito malicioso, nunca falou comigo com segundas intenções.

Mas por que está me falando isso agora? Do nada?

— Não entendo — murmuro, o que parece deixar seus olhos mais duros do que duas pedras escuras.

E diante de seu rosto sério e ainda tentando assimilar o significado do que me propôs, é impossível negar que Tin, de fato, tem uma beleza de tirar o fôlego. Qualquer garota ou garoto tem sua sanidade mental posta em jogo ao ser vítima do par de olhos que, agora, está fixo em mim na mais pura curiosidade intensa.

— Não sei qual é a dificuldade de entender. — Ele cruza os braços em cima da mesa, inclinando o corpo um pouco para a frente. — Sabe todas as garotas que já se aproximaram de nós apenas por causa do nosso dinheiro? Você não acha que esse garoto quer o mesmo? Então, estou sugerindo algo a você... Se namorar comigo, não vai precisar lidar com esse tipo de coisa.

O primeiro sentimento que toma conta de mim é a raiva. Não consigo evitar toda a irritação que me invade quando ouço seu insulto impiedoso ao meu namorado — bem na minha frente. Ae não é esse tipo de pessoa interesseira que está apenas querendo tirar algo de mim. Na verdade, ele é totalmente o oposto disso. Tem vezes que eu até mesmo me culpo por ter nascido em berço de ouro, porque isso me faz ingênuo e sem ter a noção real de como lidar com diversas coisas, a ponto de me fazer parecer fraco e facilmente manipulável.

E, mesmo assim, Ae nunca me pediu dinheiro, nunca me pediu qualquer favor desse tipo, nunca tentou se aproveitar de mim. Em contrapartida, eu é que tenho me sentido um incômodo em sua vida desde o início. Sem contar no presente que tentei comprar; Ae insistiu tanto em me devolver o dinheiro, mesmo sendo um valor alto, que agora está me pagando em parcelas.

E tudo isso para, nesse momento, Tin chegar e acusá-lo de estar comigo por dinheiro? Não faz nenhum sentido. Não tenho como aceitar algo desse nível.

Essa é a primeira coisa que eu digo a mim mesmo, ao mesmo tempo que tento conter minha raiva contra meu próprio amigo: Ele não tem o direito de ofender Ae. Tin pode falar todo o tipo de coisa ruim sobre mim, mas não pode fazer isso com meu namorado. Ele sequer teve a chance de conhecê-lo para estar dizendo essas bobeiras!

Mas, então, percebo outra coisa.

Tin, que é sempre tão orgulhoso, tão arrogante, tão rude com todo mundo, agora está me olhando com esses olhos. Como se realmente esperasse uma resposta — não uma resposta para o seu pedido estranho de namoro, mas uma resposta para algo diferente, que eu não sei o que é. Por isso, faço questão de manter meu olhar fixo em seu rosto ao dizer:

— Não importa como você enxerga o Ae, para mim, ele não é o tipo de pessoa que você pensa. Ele nunca me pede dinheiro, para início de conversa. Sequer fala disso. Eu não sei o que te faz pensar dessa forma, mas eu posso te garantir, Tin... Nem todas as pessoas são interesseiras. Nem todas as pessoas.

Love by Chance (pt-br)Onde histórias criam vida. Descubra agora