Love by Chance (pt-br)

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P O N D

Já faz dias que estou notando o clima estranho entre o baixinho do Ae e o rapaz bonito do Colégio Internacional que ele conheceu algumas semanas atrás. Eu estive observando tudo e, afinal, como poderia não observar, uma vez que sou o colega de quarto de Ae? Esses dois estão comendo juntos com certa frequência nos últimos dias e, pelo que pude perceber, o relacionamento deles tem melhorado a cada dia que passa. A única coisa estranha — e que eu acho, acima de tudo, irritante — são os momentos eventuais em que eles subitamente ficam em silêncio, sustentando olhares fixos um no outro.

Eu sinto vontade de esmagar as cabeças desses idiotas até perceberem os verdadeiros sentimentos que possuem um pelo outro.

Até mesmo no dia que Ae admitiu ter tido uma ereção fiquei me perguntando se tinha sido por consequência do pornô que mostrei a ele, ou se, de alguma forma, havia sido ocasionado por Pete. Não consegui nem mesmo controlar minha risada quando ele saiu correndo do quarto, em vez de apenas ir ao banheiro para se aliviar. Foi engraçado, para não dizer hilário.

Então, desde aquele dia, comecei a focar na organização de um plano impecável. Alguém tão curioso como eu jamais conseguiria ficar parado sem descobrir o segredo que o próprio melhor amigo esconde. Portanto, faço de minhas próprias palavras, uma promessa: eu vou descobrir o que está acontecendo, mais cedo do que qualquer um seria capaz de imaginar.

Usando nossa rotina matinal para entender o tanto que as coisas estão suspeitas entre os dois, basta ver como Ae já se acostumou em trazer Pete para se unir a nós durante os cafés da manhã. Ele traz o garoto para se sentar com a gente à uma das mesas no refeitório e, em seguida, se apressa para ir buscar a comida dos dois. Óbvio que, no meio dessa dinâmica toda, nunca deixa de escolher aquilo que o intocável Pete vai comer. Momentos depois, retorna com a bandeja equilibrando os pratos, sentando-se de frente para Pete e, por fim, afundando-se no mundo próprio que parecem ter criado apenas para eles, o que significa que, normalmente, ignoram minha presença por completo, enquanto fico assistindo à cena que se desenrola diante dos meus próprios olhos.

É por isso que eu não consigo evitar. Estou tão curioso que decido começar logo as minhas investigações para tentar descobrir os pequenos segredos do baixinho sentado ao meu lado. Não consigo nem mesmo encarar por muito tempo a forma como Ae olha para Pete agora! Além de que ele sempre acaba falando com Pete em um tom de voz gentil, totalmente diferente daquele que usa para se referir a qualquer outro de seus amigos.

— O que você vai querer comer hoje? — pergunta Ae, sem desviar os olhos do garoto à sua frente. — O de sempre?

Ele não se importa com ninguém ao seu redor e sequer olha na minha direção, mesmo que eu esteja na cadeira ao lado. Não está nem aí mesmo para mim.

— Hm, o de sempre está bom para mim — responde Pete.

Com isso, Ae se levanta e avança para a enorme multidão de pessoas concentrada lá na frente para conseguir o que comer. Aproveito a oportunidade para olhar ao garoto bonito do outro lado da mesa, sorrindo em minha direção com timidez. Pete está usando o garfo em sua mão para cutucar o pad thai¹⁹ que Ae trouxe mais cedo, enquanto, com a outra, segura o copo com leite cor-de-rosa de morango.

— Ei, Pete — começo, apoiando meu queixo na palma da mão, cotovelo sobre a mesa. — Eu estou a fim de ir para o cinema hoje.

Ele olha para mim, sem saber o que responder.

Fiz o comentário já esperando pelo desfecho inevitável, então, ansioso e coberto de expectativas, ergo as sobrancelhas, tentando lhe mandar mensagens implícitas através do olhar.