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Por favor, namora comigo, Pete. Por favor. Seja o namorado do Ae.

Dentro do vestiário abafado, havia apenas a voz de Ae preenchendo os espaços infinitos ao redor dos dois corpos abraçados em frente aos armários.

Os dois rapazes ainda estavam tentando regular as respirações, agitadas e descompassadas pela experiência recente, com a temperatura quente ainda assolando cada centímetro do corpo não de um ou de outro, mas dos dois, juntos. E, ainda assim, dentro da cabeça de Pete, havia apenas uma única frase reverberando em seus ouvidos, com clareza e repetições constantes, deixando-o louco.

Namora comigo. Namora comigo. Namora comigo.

Pete estava tendo dificuldade em assimilar as coisas naquele momento, então as perguntas feitas se perderam no ar, porque seu corpo ainda parecia derretido entre os braços fortes de Ae. Seus olhos ainda estavam embaçados, cobertos de lágrimas, em demonstração clara e única da surpresa do que havia acabado de ouvir.

Em outras palavras, a mente de Pete estava preenchida unicamente pela mesma pergunta, rondando, misturando, completando cada espaço de seu interior.

Não era o tipo de pedido que ele esperava em algum momento poder receber fora de suas fantasias, mesmo que seu relacionamento com o garoto que amava estivesse tendo algum progresso nos últimos dias; o que atingiu seu coração naquele momento, no entanto, não fora o pedido em si, mas o modo como Ae pronunciara seu próprio nome²⁷.

Tinha sido tão fofo. Ele não esperava ver um rapaz duro e rude como Ae chegando ao seu limite para lhe falar sobre seus sentimentos, ainda mais de um jeito tão adorável e romântico.

Para Pete, aquele havia sido o pedido de namoro mais fofo do mundo.

Seja o namorado do Ae.

Ae estava praticamente implorando para Pete aceitar. Era inacreditável. Ele estava realmente pedindo Pete em namoro, estava realmente querendo estabelecer um relacionamento sério entre os dois. Aquilo não poderia ser uma ilusão da mente apaixonada de Pitchaya, né?

Afogado nos próprios sentimentos do momento, Pete permaneceu em silêncio, privando-se de responder claramente ao pedido; em contrapartida, com a quietude no vestiário e à medida que o tempo passava, a consciência voltava aos poucos à mente do jogador de futebol, que começava a se sentir cada vez mais culpado.

Certo, ele até poderia saber que Pete gostava dele, mas o que tinha feito não era nada menos que um assédio, e, pelo amor de Deus, aquilo estava começando a pesar em seu coração. Ae tinha assumido comportamentos invasivos contra Pete sem nem mesmo perceber.

Tudo porque ficara cego pelo seu próprio egoísmo. Pete nunca havia concordado em fazer aquilo, e, mesmo assim, Ae havia ido em frente sem nem pestanejar.

Tudo bem que ele queria muito poder tocar em Pete, mas aquilo tudo ainda era o suficiente para fazê-lo se contorcer em culpa e arrependimento.

— Pete...

O garoto teve um sobressalto e ergueu a cabeça no momento em que Ae aproximou as mãos para tocar em suas bochechas.

Seus olhos redondos se arregalaram, e, então, Ae interrompeu os próprios gestos, deixando que suas íris escuras assumissem todo o sentimento de culpa pelas coisas que havia feito. Coisas estas que ainda podiam ser vistas, como a prova de um crime, por toda a palma de sua mão.

De todas as coisas que aconteceram, Ae não queria que sua culpa piorasse a ambiguidade da situação acontecendo entre ele e Pete. Ele sabia, bem no fundo, que os sentimentos que seu coração estava tendo por Pete eram completamente genuínos. Acontece que esses mesmos sentimentos fizeram com que ele não aguentasse mais a ideia de não ter mais nenhuma influência sobre a vida do outro, levando-o a tomar todas as atitudes sequentes e, portanto, ultrapassar todos os limites.

Love by Chance (pt-br)Onde histórias criam vida. Descubra agora