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— Nem pensar. Eu não vou. Você não consegue entender uma simples frase em tailandês, Chompoo?

— Ué, se eu não entendo tailandês, por que você ainda está falando, então? Eu não estou nem aí. Vou ver o Ae hoje, e você vai ter que ir comigo!

— Eu já te falei: não vou! Eu quero estudar!

Naquele momento, todo mundo que passava tinha sua atenção voltada para as duas garotas vestidas em uniformes do ensino médio. Uma estava tentando arrastar a outra, enquanto a segunda tentava manter os pés fixos no chão, recusando-se a ir onde quer que fosse com sua amiga. A discussão quase adorável terminou assim que Chompoo soltou subitamente a mão da garota.

— Caramba, Chompoo! — exclamou ela ao cair de bunda no chão, o rosto retorcido em uma careta.

— Ah, desculpa, Lei.

Ainda sentada no chão, ela fuzilou Chompoo com raiva. Mesmo o pedido de perdão não fora suficiente para que Lei deixasse aquilo passar batido.

— Qual é, Lemon. Levanta daí — insistiu Chompoo, agora olhando ao redor. — Você está fazendo todo mundo olhar para a gente. Estou ficando com vergonha.

— E quem foi que me derrubou, hein?! — resmungou a garota, ajeitando-se com mau humor.

Lemon usava óculos de lentes grossas e o cabelo divido na metade em duas tranças apertadas, uma caindo em frente de cada ombro. Sua expressão ficou ainda mais irritada depois da quase bronca da melhor amiga, e, mesmo diante do que havia acabado de fazer, Chompoo apenas a olhou inocentemente, parecendo até mesmo culpá-la por ter caído.

— Na verdade, isso tudo é culpa sua, Lei — verbalizou os pensamentos. — Se você tivesse apenas aceitado vir comigo, para início de conversa, agora não estaria sentada no chão dessa forma. E você está sendo malvada também. Hoje é a partida em que seu irmão vai jogar, e você não quer nem mesmo ir apoiá-lo.

Lemon precisou segurar o suspiro profundo que quis sair dos pulmões, encarando sua melhor amiga com certa desistência exausta. No fim, apenas balançou a cabeça para Chompoo, o incômodo explícito em cada movimento.

L E M O N

Sinto que preciso voltar ao início de tudo para explicar o que está acontecendo.

Tudo começou há um mês — talvez, até mais do que isso.

A idiota da Chompoo me contou que ela, finalmente, havia encontrado seu príncipe encantado cavalgando em um cavalo branco em prontidão para salvá-la a qualquer momento e, desde então, nunca mais parou de falar sobre o tal deus grego vestido em armadura brilhante que foi ajudá-la com seus problemas um tempo atrás, sempre parecendo que flores e arco-íris poderiam sair de sua boca toda vez a qualquer instante.

Só que, então, à medida que ela continuou a falar sobre o assunto, descobri que seu príncipe encantado não passava de um jogador do time de futebol. E, depois dessa descoberta, simplesmente parei de ouvi-la. Por quê? Bom, acontece que todos os jogadores da faculdade são horríveis⁴². São todos rudes, enfadonhos, nada atraentes e, acima de tudo, estão sempre andando por aí como porcos suados! Eca! Nem pensar! Só de imaginar aqueles garotos já sinto vontade de vomitar.

E é por isso que, nesse momento, mesmo eu mal tendo me recuperado da queda ocasionada por ela, minha melhor amiga está novamente me puxando com toda a sua força em direção ao campo — para assistirmos à partida juntas.

Mas ela pode esquecer, porque eu nunca vou até lá.

Além do mais, nós temos um milhão de trabalhos e tarefas para fazer, o que me faz sentir uma tremenda vontade de esganá-la com as duas mãos por continuar insistindo em tentar me convencer a assistir o tal Tae ou Ae ou qualquer que seja seu nome.

Love by Chance (pt-br)Onde histórias criam vida. Descubra agora