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Can estava tendo uma crise de tosses, pensando no quanto tudo aquilo parecia uma loucura. Continuava a jogar água gelada no rosto, encharcando a gola da camiseta com as gotas grossas que escorriam pele abaixo. Agarrou-se à pia com as duas mãos, uma força mortal tornando as juntas esbranquiçadas, ignorando o olhar assustado da pessoa parada ao seu lado. Encarou o próprio reflexo fixamente, assistindo ao momento incontrolável em que seu rosto amarelado tornava-se completamente vermelho.

Porra, estava corado pra valer! Só queria ter o poder de controlar o próprio corpo para voltar imediatamente à sua cor natural!

Jogou mais água gelada nas bochechas vermelhas, tentando lentamente se acalmar. Aquele idiota do Tin tinha mesmo o encurralado contra a mesa e se aproximado até os rostos quase se encostarem, falando um monte de baboseiras sobre presente de namoro e o cacete! O cara parecia ter enlouquecido totalmente, a ponto de toda a situação ser quase cômica!

E por que Can continuava corando com as malditas lembranças?

— Chega disso! — disparou para si mesmo, molhando o cabelo com as próprias mãos, o rosto insistindo em ficar vermelho com a simples ideia de voltar para perto de Tin.

Ótimo. Ele parecia estar mesmo abrindo o próprio coração para outro homem.

— Hm, você está bem?

O rapaz ao lado de Can, hesitante e preocupado, permaneceu com o olhar travado em seu rosto, esperando por uma resposta, puxando Can de volta para o mundo real. Ele endireitou a coluna e respirou fundo, esforçando-se para manter a calma.

Vamos lá, aquilo não era de fato um grande problema a ponto de se sentir enojado ou algo do tipo. Ele deveria apenas não se importar com as coisas que Tin dizia da boca para fora. A solução era fingir que nada estava acontecendo, apesar de, por algum motivo, o pensamento de ser realmente alvo do interesse de Tin fazê-lo corar tanto.

Suas pernas o levaram para fora do banheiro. Já haviam se passado dez minutos, tempo suficiente para as coisas se estabilizarem.

Porém, logo depois de Can sair do banheiro, retornou correndo para dentro e encarou o rapaz ainda confuso, estagnado no mesmo lugar.

— Estou bem. Obrigado por perguntar — falou, saindo novamente sem esperar por uma resposta, o estado mental colapsando apesar da compostura.

Mesmo que estivesse decidido a continuar em frente, Can continuou a acertar pequenos tapas estalados nas próprias bochechas enquanto avançava cada vez mais. Queria se manter o mais atento possível e tinha medo de afundar novamente no desespero caso vacilasse.

Avistou Tin de longe, esperando por ele em frente à loja. Seu rosto e cabelo ainda estavam encharcados, fazendo-o parecer mais suado do que qualquer outra coisa, ainda mais quando metade da roupa também estava completamente molhada, mas continuou a se aproximar, determinado e consistente na escolha feita.

Seus passos apenas foram interrompidos quando percebeu, nos últimos metros a serem percorridos, que Tin não estava realmente sozinho. Na verdade, aquele rosto bonito e irritante estava contorcido em uma careta de descontentamento, sobrancelhas franzidas, olhar preso no rosto do rapaz bem-vestido à sua frente. Can teve o primeiro achismo de que aquele desconhecido fosse amigo de Tin, mas, pensando melhor, não era a sensação que aquela cena transmitia, começando pelo fato de que os dois sequer pareciam ter a mesma faixa etária.

— Ah, vai ser muito constrangedor ir até lá agora — murmurou a si mesmo.

Apesar de sua raiva e descontrole, ele ainda conseguiu perceber que a expressão de Tin, naquele momento, estava parecida com a de alguém que havia acabado de se meter em uma caótica briga com vira-latas selvagens, então não achava que deveria ir até lá. Afastou-se lentamente, olhando de um lado para o outro com cuidado.

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⏰ Última atualização: Jun 07, 2022 ⏰

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