5.

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{POV Elídio}

Camila saiu do carro assim que estacionei na frente do nosso prédio, batendo a porta com força ao passar, mas eu me mantive no veículo. Eu estava me sentindo tão incomodado com seus recentes comentários que não queria estar no mesmo ambiente que ela naquele momento, então segui por um caminho que eu já havia feito dezenas de vezes.

Não demorei a chegar. Estacionei o carro do outro lado da rua e fui até o portão, apertando o interfone do apartamento dele.

"Oi?"

"Dani, sou eu. Pode me deixar subir?"

Minha resposta foi o barulho do portão abrindo após alguns segundos. Entrei rapidamente e subi para o seu andar. Pressionei meu dedo na campainha e esperei. Quando ele abriu, ele usava óculos escuros.

"Por que você tá de óculos?" perguntei confuso, enquanto entrava na sua casa. A sala do apartamento estava escura pois tinha as cortinas abaixadas, um edredom estava largado de qualquer jeito sobre o sofá e uma pequena pilha de louça estava sobre a mesinha de centro. "Estou atrapalhando alguma coisa?"

"Claro que não, Lico." ele fungou, trancando a porta e passando direto por mim para pegar os pratos sujos para os levar para a cozinha. "E eu estou de óculos porque meus olhos estão um pouco irritados hoje." ele andava apressado de um lado para o outro, tentando ajeitar a pequena bagunça que estava na sala. Segurei-o pelo braço, o fazendo parar e me olhar.

"Pare de correr por aí. Eu não me importo com a bagunça." eu falei para tranquiliza-lo. "Senta comigo um pouco?"

Ele balançou a cabeça afirmativamente e eu o soltei, o seguindo para o sofá. Eu sentei em uma ponta e ele na outra, onde dobrou as pernas sobre o sofá e me encarou.

"Tá tudo bem?" perguntou. "Você não costuma vir me visitar assim do nada."

"Ah cara," suspirei, jogando a cabeça para o encosto do sofá e fitando o teto. "Eu tive uma discussão com a Camila hoje. Ela foi bastante estúpida quando a gente tava na casa do Marco. Eu estou tão puto que..." balancei a cabeça. "Eu só precisava de um lugar para me acalmar e colocar as ideias no lugar. E você já foi meu refugio tantas vezes, eu só pensei em vir pra cá."

Fiquei em silêncio e fechei meus olhos. Daniel começou a se mexer em seu lugar e eu senti a sua mão tocar levemente a minha coxa, me fazendo virar a cabeça e o olhar. Ele tinha um sorriso pequeno e acolhedor adornando seus lábios, o que me fez sorrir junto. Me senti tranquilo, como se estivesse em um lugar que era querido. Segurei sua mão que estava em minha perna e a trouxe até meus lábios, depositando um beijo terno em agradecimento e voltando a repousa-la em minha coxa, mas sem a soltar. Voltei a fechar meus olhos e virar o rosto pra cima, tentando aquietar o formigamento no meu estômago.

***

{POV Daniel}

Elídio adormeceu com sua mão segurando a minha. Eu o soltei após me certificar que ele dormia pesado e levantei, o segurei pelos ombros e o deitei devagar no meu sofá, onde ele logo se aninhou confortável. Joguei sobre ele o edredom que eu estava enrolado antes dele chegar e fui para o meu quarto para pegar meu telefone. Enviei uma mensagem pra Andy.

"O que aconteceu na casa do Marcão?"

Fiz meu caminho de volta para sala e me sentei no chão, na frente de onde Elídio dormia, as costas apoiadas na minha mesa de centro. Sorri. Ele estava tão fofo. Abri a minha câmera, desativei o flash e apontei o celular para ele, tirando uma foto rapidamente e a abrindo em seguida. Ri, me sentindo um doido. Meu dedo foi até o botão de apagar, mas desisti. Era uma foto muito bonita e que ele nunca veria. Eu podia ficar com essa lembrança.

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