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{POV Elídio}

Eu estava me sentindo péssimo quando acordei no dia seguinte, ainda de madrugada. Esfreguei meus olhos com as costas das mãos e me espreguicei, percebendo que tinha um braço preso bem firmemente ao redor do meu corpo. Camila estava encolhida na cama, ainda nua, com seu braço e sua perna jogados sobre mim. Parecia bem confortável. Me desvencilhei com cuidado para não acordá-la e levantei da cama, pegando a minha cueca jogada no chão e me vestindo antes de ir ao banheiro.

Parei em frente ao espelho e observei com atenção o meu dorso todo marcado por Camila. Dei um risinho de lado e tirei minha única peça de roupa, antes de entrar embaixo do chuveiro. Os arranhões pelo meu corpo arderam quando a água bateu nas minhas costas, me fazendo resmungar um pouco e rir de novo.

Camila e eu éramos incrivelmente compatíveis na cama. Eu sabia como a agradar, e ela sabia retribuir. O sexo era o ponto alto do nosso relacionamento, o que usávamos para compensar todas as falhas em todo o resto de nossa vida amorosa.

Eu a conhecia já havia mais de um ano, mas juntos mesmo não tínhamos mais que nove meses. No início era ótimo. Saíamos juntos para todo o canto, enchiamos a cara juntos e, bem, tinha o sexo. Éramos grandes parceiros. Eu estava apaixonado. Então, quando eu descobri que havia sido traído por ela depois de meses de relacionamento, foi como se eu tivesse sido apunhalado pelas costas. E eu fiquei desolado. Depois de tantos namoros fracassados, eu jurava que ela era aquela pessoa pra mim.

O pedido de noivado foi um apelo desesperado para colocar as coisas nos trilhos novamente. E ela, que parecia desesperada para compensar a merda feita, aceitou de bom grado e havia feito questão de espalhar para todos que conhecia naquela mesma hora. Ficou horas no telefone, enquanto eu esperava sentado à mesa; com a comida esfriando e a aliança que havia escolhido tão cuidadosamente ainda na caixinha. Foi o meu segundo alerta de que talvez estivesse amando sozinho. Ela parecia mais atraída por estar saindo com alguém relativamente famoso, do que por estar com alguém que gostava.

Eu ainda gostava de Camila e queria construir uma vida ao seu lado, mas não tinha mais certeza se era por amor ou apenas por comodidade. Os comentários que havia feito a respeito de Daniel pareceu ter rachado ainda mais o sentimento dentro de mim.

Desliguei o chuveiro e me sequei, me enrolando com a toalha e saindo do banheiro em seguida. O céu começava a ficar mais claro do lado de fora da janela. Camila ainda dormia pesado sobre a cama, agarrada a um travesseiro. Deixei o quarto e fui para a cozinha, começando a revirar a geladeira em busca de coisas para fazer o café da manhã para nós dois.

Fiz torradas e ovos, do jeito que ela gostava. Cortei frutas e coloquei em duas cumbucas coloridas. Escutei o barulho da televisão vindo do quarto e sorri, enquanto enchia dois copos de vidro com o suco de morango com limão, sem açúcar, que ela gostava e eu havia aprendido a beber por insistência dela. Organizei tudo em uma bandeja bonita e voltei ao quarto, onde eu a encontrei com a cara grudada no celular, vestindo a camisa que eu usava quando cheguei em casa no dia anterior.

"Bom dia!" cumprimentei animado, atraindo a atenção dela. Ela me deu um sorrisinho sem mostrar os dois e voltou a abaixar a cabeça, digitando agilmente alguma mensagem em seu celular. "Eu fiz o café da manhã pra gente." anunciei, mesmo ela já me tendo visto com toda a comida na bandeja.

"Hm-mm. Deixa aqui em cima." ela respondeu e bateu a mão no colchão, com os olhos ainda fixos no aparelho. Suspirei, me aproximando e colocando a bandeja sobre a cama. Me curvei em sua direção e tentei dar um beijo em sua bochecha, mas ela se esquivou. "Eu tô ocupada, Elídio."

"Você não quer desligar o celular? Podemos tomar café juntos." ela balbuciou um hm e continuou digitando. Não parecia nada com a garota com quem havia dormido na noite anterior. Tentei olhar seu celular por cima do seu ombro, enquanto perguntava. "Com quem você tanto fala? Não são nem sete da manhã."

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