Posso Te Fazer Feliz?

7.

{POV Daniel}

"Você não pode evitar o Elídio pra sempre." Andy me falou, sentado na cadeira a minha frente. "Ele tá muito triste. Você sabe que ele não teve culpa do que aconteceu."

"Eu sei que não. Eu sei que ele me apoia, mas..." esfreguei as mãos no rosto, nervoso. "Mas ao mesmo tempo ele continua lá com ela. Do lado dela, na cama dela." fiz um barulho com a boca, raspando a unha nas ranhuras da mesa em que estávamos. "Parece que ele achou que o que ela fez não foi nada demais, sabe? Se eu estivesse com alguém e ele humilhasse vocês do jeito que ela fez comigo, eu terminaria na hora."

"Você não pode esperar dos outros a mesma atitude que você teria ou acha certa, Dani. Não é assim que o mundo funciona." fiz uma careta, sabendo que ele estava certo. "Amanhã temos o Improvável, o que você vai fazer? Tudo bem você faltar ao ensaio, mas vai faltar ao show?"

"É claro que não." respondi zangado, cruzando os braços e me afundando na cadeira. "Vai ser do jeito que sempre foi. Não vou deixar nada ficar na frente do nosso trabalho." Anderson balançou a cabeça, seu rosto com uma expressão de desaprovação. "Eu tô falando sério. Quando foi que eu deixei vocês na mão, hein?"

"Eu vou pra casa. Estou bem cansado." ele disse, se levantando do assento. Apertamos a mão e o acompanhei até a porta do meu apartamento. Ele saiu para o corredor e se voltou para mim. "Você precisa se acertar com o Lico. Eu amo os dois e não quero ter que escolher um lado. Mas com esse clima horrível não vai dar pra continuar."

Observei ele se afastar para pegar o elevador e fechei minha porta, suspirando pesadamente. Minha cabeça estava doendo. Que confusão.

***

É provável que tenha sido um dos piores espetáculos que já fizemos. Não exatamente por conta do conteúdo dele; afinal, nós demos o nosso máximo pra tudo sair conforme o esperado, mas o clima em si estava estranho. Algo parecia fora do lugar e não encaixava. Elídio estava claramente abatido e, por mais que se esforçasse para ser engraçado e desenvolto, uma nuvem escura estava refletida nos seus olhos. Ele me olhava o tempo todo.

Fizemos as fotos com os fãs no final da segunda sessão e voltamos ao camarim em silêncio, nem mesmo Andrei e Evandro estavam falando muito, e eles não tinham a menor ideia do que estava acontecendo naquele momento. Mesmo assim, eles foram os primeiros a deixar o camarim após pegar as suas coisas e se despedir rapidamente de todos.

Coloquei meu casaco e estava colocando a minha mochila quando senti uma mão segurando o meu ombro, me fazendo olhar. Elídio estava parado atrás de mim, me encarando com seus olhos pequenos e cansados. Mexi meus ombros para me desvencilhar do seu toque e me virei para ficar de frente para ele, jogando a minha mochila nos ombros e cruzando os braços.

"Oi Dani." saudou baixinho, pela primeira vez em quase uma semana. Balancei a cabeça em resposta. Eu não queria agir friamente, só me encontrava sem palavras. Meu coração estava apertado por ver Lico tão fora de seu habitual. Ele fungou, enfiando as mãos nos bolsos e batendo o pé contra o chão. "Você está bem?"

"Eu... Eu tô ótimo." respondi enquanto balançava a cabeça. "E você?" Ele acenou que sim com a cabeça e voltamos a ficar em silêncio. Ele abriu a boca e tornou a fechá-la, como se tivesse desistido do que queria falar, me fazendo erguer uma sobrancelha e o encarar confuso. "Sim?"

"Só queria me desculpar. Por tudo." ele soltou e abaixou a cabeça em seguida, parecendo subitamente interessado em seus próprios sapatos. "Eu sinto a sua falta."

Tentei evitar, mas não consegui evitar o sorriso que surgiu em meus lábios. Olhei por cima do ombro de Lico e vi Anderson parado lá atrás, fazendo um sinal com as mãos indicando que eu continuasse. Eu abri a boca para responder, mas uma batida na porta atraiu nossa atenção. Ela se abriu e uma menina da produção colocou metade do corpo pra dentro apenas para falar: