9.

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Uma musiquinha irritante invadiu meus sonhos e me fez despertar, mas não abri os olhos imediatamente. Esperei, com a esperança de que o barulho parasse e eu pudesse voltar a dormir, mas quem estava ligando parecia ter urgência em ser atendido. Entreabri meus olhos e me levantei devagar, vislumbrando Daniel dormindo todo torto no sofá, alheio a qualquer som. Estiquei o braço e peguei o aparelho sobre a mesinha de centro, atendendo a chamada.

"Alô." saudei com a voz grogue, bocejando em seguida. Me ajeitei no sofá, jogando minha cabeça para trás para recostar no encosto e fechei meus olhos. No telefone, ninguém me respondeu. "Alô?"

"Ahhh... Elídio?" reconheci a voz hesitante de Anderson do outro lado da linha. "Acho que liguei errado. Me desculpa."

"Sem problemas." respondi baixinho, desligando o telefone sem esperar por resposta. Repousei a mão segurando o aparelho sobre o peito, quando voltou a tocar. Bufei irritado, atendendo novamente a chamada. "Alô!"

"Lico?" a voz de Andy tomou novamente meu ouvido. "Por que você tá com o telefone do Dani?"

"Telefone do Daniel?" repeti confuso, afastando o aparelho do ouvido para dar uma olhada e voltando a falar. "Eu ouvi tocando e atendi sem ver. Achei que fosse o meu. Na verdade, nem sei onde está meu celular."

"Uhm... Você tá na casa do Dani?"

Senti meu rosto arder de vergonha com a pergunta, mesmo que tivesse sido uma pergunta completamente inocente. Anderson não tinha como saber do que tinha acontecido.

"E-eu" tossi pra limpar minha garganta. "Eu vim pra cá ontem a noite e acabei ficando. Já que a Camila está no meu apartamento. Ele ainda está dormindo."

"Oh sim, claro." jurei ter ouvido um risinho. "Bem, mais tarde tento falar com o Dani."

Desliguei o telefone e esfreguei meu rosto, resmungando contra as minhas mãos. Estava agindo como um bobo. Larguei o telefone na mesa e fui rapidamente ao banheiro, e depois a cozinha para pegar uma guloseima.

Voltei ao sofá e Daniel não havia se mexido nem um pouco. Pensei em ligar a televisão, mas não queria acordá-lo, tampouco queria descer até meu carro para pegar meu celular, então apenas peguei o celular de Daniel para me distrair. Nunca tivemos nenhuma restrição em usar as coisas uns dos outros, tanto que tinha a sua senha memorizada, então não vi problema.

Fiquei rodando pelo seu feed do Twitter e do Instagram, achando divertido muitas das coisas que encontrava por ali. Uma imagem em particular chamou a minha atenção e eu a salvei no aparelho, abrindo o WhatsApp de Daniel para poder me enviar a imagem que queria. Parei no meio do caminho quando algo capturou meu foco.

Fechei o aplicativo e abri a galeria, abrindo uma das últimas fotos que Daniel havia tirado.

"Por que Daniel tirou uma foto minha dormindo?" questionei para o nada, curioso, começando a passar as fotos para ver se encontrava mais alguma coisa. Daniel começou a se mexer no sofá e eu me levantei para lhe dar espaço, ainda com os olhos no celular.

"Bom dia." ele saudou após alguns momentos de preguiça. Me virei para ele e sorri.

"Bom dia." respondi de volta, virando o telefone na minha mão para que ele pudesse ver a tela. "Por que tirou uma foto minha dormindo?"

Observei os olhos de Daniel se arregalarem e seu rosto de ir sonolento para completo pânico em apenas um segundo. Ele se levantou depressa e correu na minha direção, pronto para puxar o celular da minha mão, mas eu fui rápido em afastá-lo e tirar o aparelho de perto.

"Me devolve, Elídio!" ele exigiu zangado, tentando se aproximar. "Por que você tá mexendo nas minhas coisas? Me dá!"

"Por que você tá tão nervoso?" provoquei, me dedicando ao máximo em não deixar ele pegar o celular. "Eu só fiz uma pergunta. É uma foto fofa, só quero saber porquê você tirou."

Posso Te Fazer Feliz?Onde histórias criam vida. Descubra agora