15.

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{POV Daniel}

Do momento em que Elídio saiu pela porta do meu apartamento, eu não o vi mais. Nenhuma ligação, nenhuma mensagem, nenhum nada. Ele estava silencioso como um rádio quebrado e isso me dava tanta ansiedade que me fazia ficar fisicamente mal. Ele não disse nada quando o natal passou, não respondeu a minha mensagem desejando boas coisas na véspera de ano novo e tampouco apareceu na confraternização que Anderson sempre fazia ao fim do ano. Ele havia desaparecido no ar.

"Você acha que ele está saindo com alguém?" perguntei um dia a Anderson, minha mente sendo invadida por aquela dúvida. Eu acreditava que aquela era a única explicação pra tamanho sumiço.

Andy, que era um dos poucos que conseguia falar com Elídio naqueles últimos dias, levantou os ombros para responder que não sabia. 'Mas eu acho que não', completou após alguns segundos em silêncio. E eu me agarrei naquela resposta vaga porque era a única coisa que me restava.

Eu não havia me arrependido de ter falado tudo o que falei para Lico. Eu o amava, mas estava começando a ficar cansado de todo aquele jogo de esconde-esconde que ele nos obrigava a jogar porque não se sentia seguro. Eu ficaria bem se ele quisesse 'só' curtir o momento, mas aquilo nunca havia sido sequer cogitado por ele. Eu me iludia com a possibilidade de um relacionamento, mas parecia que havíamos empacado no mesmo lugar.

Eu não queria ter que 'voltar ao armário' só pra poder estar com ele.

Mas, mesmo tão seguro de minha decisão, um lado meu sentia uma vontade desesperadora de jogar minha dignidade pro ralo e voltar com Elídio, como se nada tivesse acontecido e as palavras dele não tivessem me magoado tanto. Eu nunca havia ficado tanto tempo sem ele. Sua falta me deixava em um estado de melancólia que me fazia ter que lutar para conseguir seguir com meus dias. Eu tentava ser forte, mas era difícil mascarar o que tá no coração.

No dia do nosso retorno aos ensaios, eu mal consegui dormir. Fiquei me remexendo na cama, me perguntando se Elídio realmente iria. Andy havia jurado que sim. Eu não tinha certeza.

Levantei da cama quando os primeiros raios de sol deram sinal por debaixo das cortinas da janela do meu quarto. Me banhei e tentei me vestir de modo confortável, mas que ainda me deixasse bonito. Borrifei o perfume favorito dele e me sentei na sala para esperar o horário de sair, uma caneca de café como companhia.

Sai de casa duas horas após me arrumar. Quando cheguei ao nosso local de ensaio, Elídio já estava lá.

Eu o vi logo que abri a porta. Ele estava deitado no chão, a cabeça apoiada em sua mochila. Seu cabelo havia crescido e sua barba estava cheia, deixando ele muito charmoso. Ele tinha o celular nas mãos e segurava um grande sorriso enquanto digitava alguma coisa no aparelho.

"Bom dia." fui o primeiro a saudar, já que ele não havia notado minha presença ainda. Ele virou o rosto e notei seu sorriso diminuir, enquanto ele se levantava de onde estava.

"Bom dia, Dani." ele sorriu envergonhado e coçou atrás da cabeça. "Tudo bem com você?"

"Hm-mm. E você? Está sumido." era muito esquisito conversar tão formalmente com Elídio. Acho que nunca tínhamos feito aquilo.

"Sim, eu estou ótimo. Eu..." ele parou de falar e franziu a testa, parecendo decidir o que diria. "Na verdade, eu estou saindo com alguém."

Foi como se eu tivesse levado um soco no estômago. Senti toda a cor sumir do meu rosto e fechei minhas mãos para impedir que tremessem.

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