11.

612 54 21
                                    

{POV Daniel}

Elídio não estava na cama quando eu acordei, sentindo falta do seu corpo junto do meu. Me estiquei para me espreguiçar e me arrastei devagar para fora da cama, pegando meu celular sobre a mesa de cabeceira para constatar que já passava das 9H. Passei no banheiro para jogar uma água no rosto e sai do quarto, conseguindo ouvir a televisão ligada.

Anderson estava deitado no sofá, usando meus óculos escuros e com uma expressão muito sofrida estampada no seu rosto. Elídio não estava em nenhum lugar a vista, então segui para a cozinha para o encontrar.

"Bom dia." ele me saudou, me mostrando o sorriso que eu tanto gostava. Me aproximei dele e selei nossos lábios rapidamente, voltando para próximo da entrada da cozinha.

"Bom dia. Ele notou alguma coisa?" perguntei baixinho, e Elídio negou com a cabeça. "O que está fazendo?"

"Estava só fazendo um café. Tem pão em cima da mesa. Vai comer."

Acenei com a cabeça e sai, passando direto pela mesa e indo sentar na poltrona próxima ao sofá em que Anderson estava deitado. Ele levantou a cabeça e me olhou, esticando os lábios em um sorriso sem dentes.

"Tá tudo bem?" perguntei baixinho.

"Minha cabeça vai explodir." ele resmungou, suspirando em seguida. "Nunca mais vou beber."

Não consegui evitar uma gargalhada, que fez Anderson reclamar do barulho e me olhar feio. Eu já tinha ouvido aquelas palavras sendo proferidas tantas vezes por Anderson e Elídio que havia se tornado minha piada favorita. Era por causa deles que eu tinha um estoque de remédio pra ressaca e enjoo em minha casa.

Elídio logo se juntou a nós, trazendo a garrafa térmica com café recém-feito. Sentamos na mesa e Anderson se obrigou a beber uma xícara cheia, tentando trazer algum ânimo pra si.

"Então" Anderson começou a falar, enquanto passava o dedo distraidamente na borda da xícara vazia. "Quando vocês vão me contar que estão juntos?"

Sua pergunta nos deixou surpresos e desconcertados. Elídio, que havia se erguido da cadeira para pegar algo no meio da mesa, caiu sentado de volta no assento, com os olhos arregalados. Eu tinha acabado de beber meu café e acabei esguichando um pouco, toda a cor sumindo do meu rosto.

Andy ainda tinha a cabeça abaixada, ainda brincando com a xícara. Em seu rosto, um semblante travesso. Ele ergueu os olhos e nos encarou com um ar triunfante.

"Eu conheço vocês já tem 20 anos. Vocês realmente acharam que eu não ia notar nada de diferente." ele disse debochado, seu peito estufado de orgulho. "Sem falar que vocês disfarçam terrivelmente mal."

"Nós não estamos juntos." Elídio se apressou em negar, mas seus olhos diziam o completo oposto. Andy crispou os lábios, cruzando os braços na frente do corpo e se recostando na cadeira. Fechou os olhos brevemente e levou a mão a testa por um segundo, provavelmente com a cabeça ainda dolorida, mas logo adotou a pose de sabichão de antes.

"Olha, eu respeito vocês não quererem me contar ainda. Ainda é novo, tá tudo bem." ele abanou a mão no ar, indicando que não era nada. "Eu só queria que vocês soubessem que, bem, eu sei."

Eu olhava atônito de Andy para Elídio, que ainda tentava enrolar o outro com sua história de não estarmos juntos. Éramos muito ingênuos por pensar que conseguiríamos esconder algo daquela magnitude de Anderson.

"Você é muito insuportável." foi o que consegui falar, arrancando uma risada e uma careta de dor de Andy (o que me fez encher a boca pra dizer 'bem feito' e ganhar um dedo do meio como resposta).

Posso Te Fazer Feliz?Onde histórias criam vida. Descubra agora