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{7 anos antes}

Daniel deixou o bar em que estava reunido com seus amigos e sentou-se, cabisbaixo, no meio fio. Deu uma golada na lata de cerveja que estava em sua mão e fez uma careta de desgosto ao sentir o líquido descer quente por sua garganta, virando o resto do líquido na sarjeta e deixando a lata vazia ao lado. Dobrou as pernas contra o peito e apoio o queixo no joelho, fitando distraído a rua quase vazia pelo horário. Suspirou. Estava afogado em um misto de culpa, arrependimento e tristeza, tudo junto.

Não fazia nem vinte horas que havia terminado um namorico com um cara ótimo que estava saindo. Guto era o sonho de qualquer pessoa. Era bonito, era divertido e parceiro, mas Daniel aceitou que não o amava. Ele notou que o rapaz estava cada vez mais apaixonado e decidiu por um fim na relação, antes que alguém se ferisse. Mas Gustavo não tinha aceitado bem, tendo chorado e implorando a Daniel que desistisse daquela 'ideia tola'. Mas Dani havia se mantido firme, mas agora se sentia péssimo.

"Ainda pensando no Guto?" ouviu uma voz arrastada atrás dele e levantou a cabeça para encontrar Elídio. Se contentou em balançar a cabeça como resposta. Lico balançou a cabeça e sentou na calçada, ao lado do melhor amigo. "Por que você terminou com ele? Se ainda o ama."

"Eu não amo, Lico." respondeu baixo, passando a mão entre os cabelos. "O problema é esse. Eu queria amar. Ele é uma pessoa maravilhosa, mas não tinha aquela mágica. Entende?"

"Mágica?" Elídio fez uma careta de confusão, inclinando um pouco a cabeça. "Você é o Harry Potter agora?" Daniel o olhou com descrença e balançou a cabeça, rindo um pouco. Elídio colocou a mão mas costas de Daniel e o afagou, tentando trazer algum tipo de conforto.

"Ele é uma pessoa tão boa. Por que eu sou tão idiota?" suspirou, abaixando a cabeça para olhar os tênis sujos. "Eu não dou certo com ninguém. Será que eu vou ficar sozinho o resto da vida?"

"Deixa de falar besteira, Dani." Elídio ralhou, olhando zangado para o mais velho. "Você vai encontrar alguém. Tomo mundo acha a pessoa que faz o coração bater mais forte. Eu sei que você vai também." Daniel sorriu pequeno e agradeceu baixinho. Elídio passou o braço ao redor dos ombros do mais velho e o puxou pra perto. "E, se nada der certo, prometo largar minha vida de piranha e te fazer um homem honesto."

"Nossa, que proposta tentadora." Daniel soou debochado, mas sentiu um arrepio percorrendo sua espinha. Não era a primeira vez que Elídio causava reações ao seu corpo, mas Daniel não entendia o motivo de sentir aquilo. Elídio era seu amigo e nada mais. Só podia estar louco.

"Vamos entrar, Romeu. Já chega de toda essa tristeza." Elídio falou autoritário, se levantando do chão e ajudando Daniel a fazer o mesmo. Eles pararam um na frente do outro, e Elidio passou os braços ao redor de Daniel em um abraço acolhedor e sorriu para ele, plantando um beijo em sua bochecha. Segurou sua mão com firmeza e o puxou de volta para dentro do bar que estavam.

Elídio não percebeu, mas não soltou a mão de Daniel em nenhum momento pelo resto daquela noite.

***

{Agora}

Daniel caiu de barriga pra baixo no colchão, a respiração ofegante e o corpo suado. Elídio havia saído da cama para descartar a camisinha usada, mas logo voltou, deitando ao lado de Daniel e o puxando para deitar com a cabeça em seu peito, o que o mais velho fez de bom grado.

"O Marcão aceitou ficar no meu lugar?" Dani perguntou, enquanto passava devagar a ponta dos dedos sobre o tórax desnudo do amigo.

"Uh-hm" respondeu, colocando o braço libre atrás da cabeça. "Ele não parou de falar sobre ser o primeiro Barbixa sem barbicha." Daniel riu, balançando a cabeça. Ele teria que passar a semana no Rio de Janeiro para um trabalho da TV, então seria substituído por Marco pelas próximas sessões planejadas. "Eu não acredito que você vai ficar longe."

Posso Te Fazer Feliz?Onde histórias criam vida. Descubra agora