8.

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Quando Daniel sentiu os lábios de Elídio contra os dele, ele achou que estava sonhando. Ficou ali, paradinho, enquanto sentia a mão de Elídio bem firme em sua nuca. Daniel tinha medo de fazer qualquer coisa e fazer tudo aquilo desaparecer.

Quando Elídio finalmente se afastou, seus olhos pareciam ter dobrado de tamanho. Deu um passo pra trás e pressionou as mãos na boca, sentindo o pânico começar a correr seu corpo. Por que havia beijado Daniel? Quando pegou o carro e correu para a casa do amigo, ele planejava apenas conversar e nada mais.

"Meu Deus, Dani" falou baixinho, sentindo a boca seca e todo seu corpo tremer. Levantou os olhos para fitar um Daniel muito embasbacado. Sentiu vontade de chorar. "Eu sinto muito. Não era pra eu ter te beijado."

Começou a andar de um lado para o outro, balbuciando e gesticulando para si próprio. Daniel ficou olhando o seu pequeno surto sem entender, até algo clicar em sua mente e o fazer ir até Elídio e o segurar pelos braços.

"Lico, Lico." chamou. "Tá tudo bem. Eu não tô bravo." Elídio o olhou, seu lábio curvado em um bico que Daniel achou adorável. Afrouxou o aperto em seus braços e desceu até as mãos. "Você tá gelado. Vem cá."

Puxou Elídio até o sofá e o fez se sentar, jogando o seu edredom em cima dele. Pegou a caneca com chá sobre a mesa e colocou na mão dele.

"Beba um pouco." disse mandão. "Vai te fazer bem."

Elídio fungou e aproximou a caneca dos lábios, dando um gole generoso e sentindo o líquido quente descer arranhando por sua garganta. Ele encarava Daniel como um gato a uma presa. O amigo tinha a cabeça abaixada, fitando suas próprias mãos em cima do colo, com um discreto sorriso em sua boca. Quando Daniel levantou a cabeça e o olhou, suas bochechas coraram ao notar que estava sendo observado tão atentamente pelo outro.

"Por que você veio aqui?" perguntou baixo e calmo. Tinha medo de assustar o amigo. Elídio deu outra golada e lambeu os lábios, se esticando para colocar a caneca de volta na mesinha de centro.

"Eu queria me desculpar." explicou, tentando focar no que havia ido fazer ali. Fez um movimento para pegar a mão de Daniel, mas parou no meio do caminho e voltou a abaixa-la. "Eu terminei com a Camila naquele dia." foi a vez de Daniel arregalar os olhos. "Eu queria te contar, mas eu acho que fiquei com vergonha depois de tudo. Não quero que você pense que eu não ligo pra sua dor. Eu me importo."

"Lico, eu..."

"Eu sei que sou um tonto, mas eu nunca ia ficar com alguém que trata tão mal uma pessoa tão especial pra mim." Elídio levantou a mão e a espalmou com delicadeza na bochecha de Daniel. Viu ele fechar os olhos e suspirar, fazendo Elídio sorrir. "Eu senti tanta a sua falta, Dani. Você não imagina o quanto."

Daniel abriu os olhos e seu sorriso ficou tão grande que suas bochechas doeram. Se curvou na direção de Elídio e o abraçou com força, se sentindo leve pela primeira vez em muitas semanas.

Daniel sentia seu coração palpitando com força dentro do peito e podia jurar que o de Elídio estava igual. Afastou seus rostos e olhou para o outro bem de perto, que parecia muito melhor que há cinco minutos. Parecia que também tinha tirado um peso das costas.

E em uma coragem que não soube de onde tirou, Daniel colou novamente os seus lábios.

Em um primeiro momento, o beijo não era nada além de um selinho demorado, como havia sido antes. Mas Daniel queria mais. Precisava de mais. Mas o medo de ser rejeitado gritava forte em sua cabeça.

Foi apenas quando sentiu a língua de Elídio pedindo passagem timidamente foi que relaxou. Sua língua se juntou a de Lico em um beijo tímido e desajeitado, mas tão desejado por um deles que parecia o paraíso. Daniel se ajeitou no sofá para ficar mais confortável, mas sem nunca quebrar o beijo, aproveitando cada segundo daquele contato com gosto de creme dental e chá de camomila. As mãos de Elídio escorregaram pelas costas do outro até chegar a sua cintura, onde apertou delicadamente.

Elídio ouvia uma vozinha no fundo de sua cabeça dizer o quanto aquilo era estranho, mas não conseguia fazer nada. Ele estava entregue. Movia-se com Daniel, explorando sua boca com desejo e com curiosidade. Algo que nunca imaginou que faria algum dia. Mas era tão bom e parecia tão certo.

***

{POV Daniel}

Me separei de Elídio após alguns instantes, com minha respiração ofegante e meu corpo inteiro arrepiado. Eu tinha um sorriso tão bobo que estava começando a me sentir envergonhado. Lico capturou meus lábios mais uma vez, apenas os selando e sugando meu lábio inferior, mordendo levemente.

"O que foi isso?" ele murmurou, seus olhos esquadrinhando cada centímetro do meu rosto. Pensei naquela pergunta por um momento, não sabendo como responder. Coloquei meus braços ao redor dele em um abraço e escondi meu rosto na curva de seu pescoço, tentando conter o grito que eu queria soltar. "Dani?"

"Hm?"

"Eu sei que isso parece um pouco forçado agora, mas será que eu posso dormir aqui hoje?" me separei e o olhei, uma sobrancelha arqueada. "Nó sofá." se apressou em acrescentar e eu não evitei uma risada. "Tem gente na minha casa e eu não gostaria de voltar pra lá hoje."

"Claro." concordei. "Você quer tomar um banho enquanto eu arrumo aqui? Precisa de roupas?"

"Sim, por favor. Minha mochila está no carro. Não quero descer."

Acenei com a cabeça e sumi pelo corredor para chegar ao meu quarto. Peguei roupas e coisas para arrumar o sofá, entreguei as peças a Elídio e ele foi para o chuveiro. Cuidei de ajeitar o sofá para que ficasse confortável e me sentei, esperando ele voltar.

"Eu preciso MUITO falar com você." digitei uma mensagem rápida para Anderson com meu telefone, bloqueando o aparelho em seguida. Eu estava tão animado que mal conseguia conter tantos sentimentos.

"Eu estava precisando disso." Lico comentou enquanto voltava do banheiro, secando a cabeça com a toalha e deixando seu cabelo todo espetado. Ele sentou do meu lado e sorriu, nervoso. "Isso é estranho." eu ri, coçando atrás da cabeça. "Eu nunca pensei que um dia iria me pegar com um cara. Ainda mais você."

"Você precisa de um tempo pra entender o que aconteceu. Foi intenso e inesperado demais."

Por um momento eu tinha me esquecido que toda aquela situação só era idealizada por mim. Elídio devia estar bastante confuso e apavorado.

"Eu estou muito feliz que estejamos bem. De verdade." ele confessou, pegando a minha mão e a trazendo para perto de si. "Eu espero que as coisas não fiquem estranhas entre nós com isso que aconteceu."

"Não vamos deixar ficar." prometi, mantendo meu sorriso.

Mesmo me sentindo exausto, passei a noite no sofá com Elídio. Conversamos como a muito não fazíamos, sem nos preocupar com nada e nem ninguém. Só estamos ali, nos divertindo e aproveitando a companhia um do outro.

***

Fui acordado na manhã seguinte com o sol batendo na minha cara. Esfreguei meus olhos e me espreguicei, piscando várias vezes até me acostumar com a claridade. Quando consegui focar minha visão, a primeira coisa que vi foi Elídio em pé do outro lado da mesa de centro. Com meu celular na mão.

"Bom dia." saudei em meio a um bocejo. Ele me olhou e sorriu, mas uma expressão engraçada dominanda o seu rosto.

"Bom dia." respondeu de volta, e então virou o celular na minha direção. Lá, a foto que eu havia tirado dele há algum tempo. "Por que você tem uma foto minha dormindo?"

Fim do capítulo 8

***

Aceeeerrrtooouuu quem disse que o Elídio ia ver a foto fofinha que o Dani tirou dele. Eu amo um clichê, meu Deus hahaha

Esse capítulo deu um pouquinho de trabalho porque eu sou muito ruim escrevendo essas partes mais íntimas/fofinhas, mas espero que esteja passável. Finalmente um refresco pra esses dois e pra nós aqui.

Não esqueçam de compartilhar o que vocês estão achando. É super legal ver o que estão curtindo. ❤

Eu não posto aos finais de semana, então (provavelmente) volto na segunda.

Um grande beijo pra vocês e um ótimo final de semana p/ todos.

Posso Te Fazer Feliz?Onde histórias criam vida. Descubra agora