18.

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{POV Elídio}

Eu acordei na manhã seguinte me sentindo doente. Meu corpo doía, minha cabeça pesava e meu estômago queria colocar pra fora todo aquele lixo que eu tinha consumido. Mas pior que a dor física, o que mais me incomodava naquele momento era o constrangimento pelo vexame que eu havia feito na noite anterior.

Eu lembrava de tudo.

Lembrava de ter ficado tão bêbado que não vi problemas em me despir do meu orgulho e gritar para Daniel os meus tão negados sentimentos. Lembrava de ter desmontado e chorado feito um bebê, porque aquilo doía. Amar doía. Lembrava de espernear e brigar com meus amigos, implorando para ser solto, porque precisava ir atrás de Daniel.

Eu me lembrava de cada coisa que havia feito na noite anterior e não me sentia nem um pouco arrependido, mesmo que estivesse envergonhado. De um modo torto e esquisito, eu me sentia bastante aliviado. Finalmente ter tido a coragem de me declarar, mesmo que numa hora muito inapropriada, havia tirado um peso enorme das minhas costas. Eu estava leve.

Minha única vontade naquele momento era de ir atrás de Daniel. Eu precisava me explicar, eu precisava me desculpar. Eu entenderia se ele nunca mais quisesse olhar na minha cara, mas eu precisava tentar.

Me forcei a levantar da cama, sentindo o quarto inteiro girar e quase caindo pela tontura. Respirei fundo e pressionei minhas têmporas com os dedos, até as coisas voltarem um pouco ao normal. Fui arrastando meus pés pra fora do quarto e fui andando desnorteado pela casa que eu não conhecia, até achar Andy.

Ele estava sentado no sofá, pés sobre a mesa de centro e celular na mão. Me aproximei dele e sentei ao seu lado, o fazendo me olhar apaticamente. Não o olhei de volta, mas deitei no sofá e encolhi minhas pernas, tentando achar uma posição que me deixasse um pouco mais confortável.

"Cadê o Daniel?" foi a primeira pergunta que fiz, minha voz soando bastante rouca. Percebi como minha boca estava seca e me senti agoniado. "Pode pegar água?"

Anderson se levantou em silêncio e saiu, imagino que para a cozinha. Ouvi o barulho de vidro batendo ao longe e logo ele estava de volta, com um grande copo cheio de água. Me levantei com dificuldade e peguei o copo, sussurrando um agradecimento.

"O Daniel foi embora ontem." ele enfim me respondeu, abaixando ao lado da mesa de centro e pegando os seus pertences expostos ali. "O Edu o levou em casa e passou a noite com ele lá. O Dani estava bem abalado, o Edu não quis deixar ele sozinho."

"Eu preciso falar com ele." eu falei, colocando o copo sobre a mesa e levantando a cabeça pra olhar Andy. "Eu preciso me desculpar."

"Você não vai falar com ninguém nesse estado, Elídio." ele disse, balançando a cabeça. "Vamos logo. Vou te levar em casa."

"Eu posso dirigir." tentei protestar, mas fui logo cortado.

"Você mal consegue abrir os olhos." ele comentou impaciente, segurando meu braço e me ajudando a levantar. "O Marco levou meu carro, e eu vou dirigir você até em casa. Vamos."

Pensei em reclamar, mas era visível que Anderson não estava no seu melhor humor, então escolhi manter minha boca fechada.

A viagem de volta para casa foi longa e silenciosa, exceto pela música que tocava no rádio do carro. Eu queria falar com Anderson, eu também precisava pedir perdão a ele pelo meu comportamento, mas não sabia exatamente como iniciar o assunto. Ele devia estar me achando um idiota.

Eu tinha conseguindo a proeza de irritar meus dois melhores amigos.

"Você vai precisar de ajuda ou já está bem?" Andy perguntou quando estacionou em frente do meu prédio.

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