Capítulo dezessete

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Capítulo dezessete

            A garota, que se apoiava em Adam para ficar em pé, dizia algo que ele não compreendia devido a música muito alta, e então tirou sua máscara. O garoto deu vários passos para trás, quase a deixando cair, mas não precisou de preocupar com a garota, já que ela saiu correndo quando viu seu rosto. As expressões do menino passaram de confusão, para raiva, vergonha, até tristeza em apenas segundos. Bela tirou rapidamente sua máscara, a colocando no rosto do garoto, mas quase não conseguiu. Ele segurou sua mão e começou a sair da festa. Ela o seguiu cambaleante após alguns copos de cerveja, até o carro do garoto.

— Adam, por favor, vamos voltar, ninguém viu nada, e ninguém se importa ...

— Você pelo menos se importa só um pouco com meu bem estar ou é tão egoísta que só consegue pensar na sua noite livre, dançar e beber?

— Não é assim, queria te ajudar... — Bela é interrompida pela risada de Adam e o garoto chuta o pneu de seu carro.

— Me ajudar? — continua rindo por um tempo até conseguir respirar fundo e chega perto da garota para a olhar nos olhos — Você quis dizer: me usar como desculpa para fazer o que quer e depois como escudo para dizer que não foi você que errou, até porque, você saiu comigo, tinha permissão.

          A menina abriu a boca para o responder, mas fechou novamente. Apenas entrou no carro e ajeitou seu cinto de segurança, se virou para o lado da janela e fechou os olhos esperando que tudo aquilo fosse só um sonho e que ela acordaria no dia seguinte animada para ir em uma festa com Adam. Ele, do outro lado do carro, dirigiu acima do limite de velocidade até sua respiração de acalmar, os batimentos voltarem ao normal e conseguir colocar seus pensamentos no lugar.

          A sensação de morte passou junto com a falta de ar e Adam seguiu seus passos conhecidos para se acalmar, contar respirações, pensar em uma musica que gosta e se balançar no ritmo, lembrar de momentos positivos. Como quando estava dançando com Bela. Talvez ele tenha sido rude demais com a garota, mesmo que ela tenha apenas o levado para poder sair da mansão, ele tinha saído de casa e interagido com outras pessoas - algo que não fazia a anos. Ela o deu coragem para enfrentar um de seus maiores medos, e mesmo que tenha acabado cedo demais, deu certo. 

— Bela, tá tudo bem. Nós dois estamos bem. — o garoto respira fundo e para seu carro no meio fio  — Eu só quero ir embora, mas se você quiser ficar eu fico por aqui na cidade, dando algumas voltas até você... — ele tira o celular do bolso e o coloca na mão dela — me ligar.

— Não quero ficar aqui sem você.

— Não precisa perder a festa porque eu quero ir embora, você provavelmente estava aproveitando mais do que eu mesmo.

— Deixa de ser sonso, Adam. Eu não pedi pra ir na calourada, pedi pra ir, ouça bem, — ela levanta a voz para chamar a atenção dele — com você!

— A.

— Menino bobo, vamo embora.

           Viajaram em silêncio novamente pelo resto do caminho. Bela cochilava, encostada no cinto de segurança, e Adam passava as imagens da noite em sua cabeça, se lembrando da menina dançando, o toque dela em sua cintura, em seu pescoço, como ela havia dispensado outros homens. Ele tinha pensado que ela estava apenas dançando, sozinha. A garota obviamente era segura de si e não fazia nada para agradar outras pessoas. Ou será que ele perdeu alguma informação?

             Tentou tirar o pensamento da mente, seguindo o conselho de sua terapeuta para aproveitar, mas não se iludir. Mas não conseguia. A imagem da menina dançando na sua frente, o sentimento do toque dela que era sempre como se fosse a primeira vez, como ela o fazia sentir seguro, mesmo enfrentando um de seus maiores medo. Não poderia, nem se tentasse a noite inteira, esquecer isso.

Era uma vez de novoOnde histórias criam vida. Descubra agora