Era uma vez de novo

Capítulo vinte e três

Capítulo vinte e três

— O que você fez? — Ela tentou passar por Gaspar, mas ele a agarrou pelo braço.

— Você prefere essa fera a mim? Quando eu posso te dar tudo? — O homem apertava o braço de Bela, tanto que a deixou marcas de unha. Ela se encolheu, enxergando sua forma real, ele se revelou como o verdadeiro monstro da situação. — Quando voltarmos, você vai casar comigo, quer você queira ou não.

— Nunca! — Bela conseguiu sair de seu aperto, talvez por ele ter relaxado por um segundo, talvez pelo pico de adrenalina no corpo da garota, por qualquer razão, ela chutou o joelho do homem, e depois o espaço entre suas pernas. Tentou puxar sua arma, mas ele não a soltava.

           Gaspar segurou a arma com firmeza quando a menina tentava a tirar de sua mão, quase que sem fazer esforço algum, apesar da dor enorme que sentia no momento. A menina aproveitou que ele estava ajoelhado e lançou seu joelho no rosto do homem, o fazendo cair. Ela conseguiu pegar a arma, que Gaspar soltou momentaneamente, e a jogou para o pátio, longe do terraço. Gaspar tentava se levantar enquanto a garota se ajoelhava no chão do lado de Adam. O ajudava a se levantar e tentavam sair do local.

          Enquanto Gaspar ainda não conseguia se levantar rapidamente, Bela deu apoio para Adam se levantar e começou a carregar dali . O garoto era mais pesado do que alguns dos armários da loja de antiguidade do pai, mas ela tinha se acostumado com o trabalho. Então o carregou até a escada, quando o menino lhe disse que em um armário a poucos passos dali havia um castiçal que ela poderia usar para se defender.

          A menina não queria o deixar, mas ele insistiu que ela procurasse uma arma, pois mesmo que o homem que o atacou estivesse sem arma de fogo, agora que ela o bateu ele iria voltar com muito mais ódio para revidar. Então Bela correu para pegar o precioso castiçal, que estava guardado em um armário escuro com poucos porta-retratos e algumas velas, como que um altar. Não teve tempo para entender o que era aquilo, ou o que significava, conseguia ouvir Gaspar chegando até a porta, e tinha deixado Adam sozinho e ferido na escada.

          Gaspar sentiu ódio quando viu Bela ajudar a fera, então se levantou, com dificuldade, e foi atrás deles nas escadas. Chegando lá encontrou a fera sozinha e sorriu ao perceber que Bela havia o abandonado. Mas não desistiu de seu plano. Enfiou sua adaga no abdômen da fera, onde deveria estar seu rim, e girou, para ter certeza que faria algum estrago. Empurrou seu oponente pela escada, o assistindo cair por dois andares, entretido, até sentir uma mão em seu ombro.

          Bela deu um soco no nariz de Gaspar, sentindo sua mão doer quando encontrou os ossos do garoto, mas não conseguia conter sua raiva. O socou novamente no rosto antes do homem segurar seu pulso e girar seu braço, a segurando contra a parede, quase torcendo a mão da menina. Ele coloca a cabeça na nuca da garota e cheira seus cabelos, exalando seu hálito na orelha de Bela, que tenta se livrar, com nojo do homem. Tira o castiçal da mão da menina e o joga no corredor, rindo. Passa a mão em seus cabelos, aproveitando a situação.

          A garota dobra sua perna para trás, atingindo o membro íntimo de Gaspar com seu pé, novamente. Ele a solta, assustado, e a menina usa o cotovelo para bater em seu abdômen, logo após dando um soco em sua garganta, e outro, para ter certeza que ele não conseguiria a seguir. Pega o castiçal do chão e começa a descer as escadas, deixando seu ex namorado no corredor, sem ar.

          Consegue descer alguns degraus antes do homem a alcançar novamente. Não iria desistir, mesmo sem conseguir respirar direito. A puxa pelos cabelos, a fazendo cair no chão, e senta-se em cima dela. Dá um tapa na cara da menina, nervoso por ela ter o agredido, como podia fazer isso? Agredir um homem? Que estava ali para defender sua honra, ainda mais.