Capítulo 11

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Ao tocar o ombro do bruxo Hermione o sentiu encolher, ela então se agachou na frente do homem e de forma delicada retirou as mãos dele do rosto.

-Severus! Olhe para mim...

Snape levantou o rosto para mirar Hermione. Seus olhos estavam vermelhos e as lágrimas continuavam a escorrer pelo rosto.

- Eu lamento muito por sua mãe... – Ela o abraçou tentando o confortar.

- Hermione... Não precisa sentir pena de mim, pode ir embora, me deixe sozinho... É sozinho que sempre estive e assim que sempre vou ficar...

- Eu não irei embora! Não agora... Eu vim aqui para gente conversar e nos entender. – Hermione passou os dedos de forma delicada no rosto dele, limpando as lágrimas. – Mas, diante do que vi e do estado que você esta, acho melhor você descansar...

Hermione se levantou, puxou Snape pelo braço e ele a olhou confuso, no entanto, não esboçou reação.

- Deite aqui no sofá... – Hermione se sentou e pediu que Snape deitasse. Ela colocou uma almofada sobre as coxas e ajeitou para que ele deitasse com a cabeça em seu colo, assim ele fez, mesmo estando um pouco receoso com a atitude dela.

Hermione adentrou os dedos nos cabelos do bruxo, fazendo um carinho vagaroso, que fez com que ele fechasse os olhos e sentisse cada movimento daquelas mãos de anjo. Snape suspirou e se permitiu relaxar com as caricias.

Minutos depois, Snape adormeceu sob os carinhos da jovem.

Hermione passou a analisar a face dele, o semblante ainda sustentava um pouco de tristeza e a respiração era profunda, deduziu que Snape não estava tendo noites de sono regulares e se sentiu culpada por isso.

 Seus pensamentos a levou a várias conclusões:

Snape tinha sido uma criança que não teve o carinho e o amor do pai, tanto ele quanto a mãe sofriam na mão de um covarde violento.Uma situação traumatizante para uma criança ter que conviver, em um ambiente familiar completamente devastado, sem amor, sem carinho, sem paz. Presenciar a mãe ser agredida diariamente e ainda ser surrado sem qualquer motivo, até porque não há motivos para tamanha violência de quem na verdade deveria dar proteção a família. Tudo que viu na memória de Snape era algo muito triste. Presumiu a dor que ele deve ter sentido ao ver a mãe morta e ainda matar o próprio pai por ter sido o causador da morte da mulher que lhe deu a vida.

Hermione não condenou o fato de Snape ter assassinado aquele ser desprezível que era o seu pai, se tivesse feito antes, talvez a mãe ainda estivesse viva, estaria ao lado dele e talvez não teria sido tão sozinho.

A bruxa passou horas envolta a pensamentos sobre a vida de Snape, que dormia sob sua vigilância e carinhos.

Sem perceber, Hermione acabou dormindo.

Já era madrugada quando a bruxa despertou com Snape se mexendo e falando coisas sem nexo, percebeu que ele estava tendo um pesadelo e decidiu o acordar.

- Severus...– Hermione o chamou calmamente.

Ele acordou atordoado e confuso, levantando e se afastando do colo dela.

-Hermione... – Ele a encarou e em seguida olhou para o relógio na parede e viu que já era quase 4:00 da manhã. – Não percebi que dormi, me desculpa por te deixar desconfortável nesse sofá... Pode ir para meu quarto e dormir, eu fico aqui no sofá e quando amanhecer a gente pode terminar a conversa...

Hermione apenas assentiu e foi para o quarto dele.

Ao se deitar na cama, sentiu o cheiro do bruxo impregnado nos lençóis e travesseiro. Se aconchegou e dormiu novamente.

Ao amanhecer Snape preparou o café e ficou a aguardar Hermione na cozinha.

A bruxa acordou preguiçosa, queria dormir mais um pouco, no entanto se lembrou que estava na residência de Snape, se levantou, usou o banheiro do quarto dele e em seguida foi para a cozinha, se deparou com a mesa pronta e o café passado na hora, olhou para Snape que deu um sorriso meio tristonho ao vê-la com os cabelos rebeldes.

- Bom dia Severus!.. - Disse acanhada.

- Bom dia Hermione! Espero que tenha conseguido dormir bem...

- Consegui dormir sim.

- Preparei esse café da manhã, espero que seja do seu agrado...

- Obrigada!

Assim que terminaram de comer Hermione decidiu retomar a conversa da noite anterior.

- Me desculpe por ter invadido sua mente ontem, eu não deveria ter feito...

- Sem problemas, eu só me perdi em memórias quando você supôs que eu poderia ter te agredido...

 Snape fechou o semblante desconfortavelmente.

– Só quero que saiba que eu jamais faria isso! Eu lamento profundamente por ter me descontrolado e agredido seu amigo. Sei que não foi certo e confesso que fiquei com ciúmes de vê-lo te abraçando daquele jeito e fiquei cego de raiva por isso...

 Snape direcionou o olhar para Hermione a fitando dentro dos olhos.

– Eu te peço perdão por ter te ofendido, sei que te machuquei, mas, espero que me perdoe... Não irei implorar para que continue sendo minha namorada, sei que não tenho o direito de insistir que fique comigo, só espero que me perdoe... – Snape hesitou antes de continuar a falar... – Sei que tem pouco tempo que nos estamos ou estávamos namorando, mas, eu já posso te afirmar que... que eu te amo... Eu não sei gostar pouco, o que sinto é sempre intenso, seja ódio ou amor... - Snape abaixou a cabeça, tentando não chorar, mas, antes que Hermione começasse a falar alguma coisa ele prosseguiu.
– Sei que você veio aqui ontem para terminar, e eu entendo... Não precisa dizer nada... Só pode ir, pode ir embora, não é necessário justificar...

Hermione sentiu seu peito doer e não conteve as lágrimas ao ouvir tudo que Snape falava.

- Severus... A gente prometeu que não iríamos abandonar um ao outro... Eu te prometi e você me prometeu, lembra? Eu não vim aqui para que terminássemos... Eu fiquei muito magoada com o que você fez, agredir o Niki foi muito ruim e me ofender foi pior ainda... Niki é uma pessoa maravilhosa, muitos tem preconceitos por ele ser homossexual e por isso ele tem poucos amigos e acaba demonstrando um carinho em excesso comigo... Ele não ficou com raiva de você, pelo contrario, me convenceu a te procurar e acertar as coisas entre nos, pois ele viu que eu estava sofrendo por ficar longe de você... Ele sabe que a gente já se gosta muito... – Hermione respirou fundo e continuou. – É óbvio que eu perdoo você Severus, mas, eu espero que seu descontrole nunca mais aconteça e que de hoje em diante você confie em mim, na minha palavra, eu não irei te trair e nem irei mentir para você... E eu também te amo Severus... Você me fez sua naquela noite especial que tivemos e pretendo ser eternamente, Severus Snape...

Hermione se levantou e ficou de frente para o homem, que ficou estático. Snape voltou a si e agarrou a moça fortemente, a ergueu, depositando ela sentada na mesa, a beijou a apertando forte contra seu corpo como se sua vida dependesse daquilo.

O desejo de possuírem um ao outro ali mesmo em cima da mesa da cozinha era imenso, Hermione estava com as pernas enlaçada no quadril do bruxo sentindo a ereção dele roçando sua intimidade ainda sob as vestes.

Antes que perdesse a sanidade, Hermione afastou Snape sem ser rude.

- Temos que trabalhar Severus. – Ela ofegou após cortar o beijo, olhou para o relógio e viu que já estava quase atrasada para ir para o ministério. – Tenho que ir e acho que você também... – Ela desceu da mesa ainda se enroscando no corpo dele que a pressionava por mais contato.

- Tudo bem! Mas, posso te buscar na universidade a noite? Snape a  perguntou com receio dela o negar.

- Claro! Bom que você aproveita para pedir desculpas pessoalmente ao Niki. – Ela o encarou para ver se ele iria ficar contrariado com a ordem, mas, ele não esboçou negativa.

- Certo... As 21:00 estarei lá aguardando vocês saírem. – Snape a puxou para um último beijo. – E mais uma vez me perdoe pelo que fiz... Eu confio em você...

Recomeço no mundo trouxaOnde histórias criam vida. Descubra agora