Capítulo 35

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  Estava perto de amanhecer e eu não tinha descansado nada, decidi voltar pro meu quarto na ala leste. Minha cabeça estava cheia, esfreguei os olhos, pronto a ter um pouco de sono, com sorte eu poderia achar um jeito de livrar Reina de Norton. Ao chegar perto da minha porta, notei que o gatilho que eu colocava para saber se alguém tinha estado lá dentro na minha ausência estava caído no chão.

"Será que é mais umas das surpresas de Faran?"

Abri com cuidado e entrei, pronto pra desembainhar minha espada a qualquer momento. Dentro, estava tudo escuro, nenhuma vela acesa. Caminhei devagar, tentando ouvir qualquer barulho. Alguém se moveu a minha esquerda. Puxei a espada e coloquei na garganta de quem se aproximava.

– Kyel, sou eu.

– Cali?

"Era só o que me faltava."

Acendi rapidamente as velas, naquela pouca luz, a pele morena de Cali parecia brilhar, um convite para qualquer homem. Ela usava um vestido simples de seda vermelho, suas joias também realçavam sua pele. Eu não conseguia negar, ela me provocava, mas eu já sabia que ela não seria suficiente pra aplacar minha vontade, nenhuma outra mulher seria, apenas uma.

Cali me abraçou, mas eu tirei seus braços de mim. Era possível ver sua confusão estampada no seu rosto. Não me importava. Desafivelei o cinto da espada e a joguei sobre a cama. Derramei um pouco de água em uma vasilha e lavei meu rosto com ela. Em todos os minutos que levei para concluir minhas ações, sentia os olhos da mulher as minhas costas.

– Estava com saudades. – Ela disse em um tom baixo, parecendo triste.

Não a respondi, nem mesmo com algum sinal.

– Você demorou mais a voltar dessa vez. Faran encheu minha cabeça dizendo que você havia morrido.

Precisei rir.

– Tenho certeza que ele deseja isso mais que tudo, é uma pena que ele deva morrer muito antes de mim. – cali permaneceu no seu lugar, me olhando. Precisei me lembrar que tipo de mulher ela era. – Se a guerra não o matar, eu mesmo o mato.

Ela se abraçou, mudando o peso para o pé esquerdo.

– E quanto a mim?

Olhei para ela.

– O que tem você?

– Se eu morrer na guerra?

– Não vai acontecer, algum dos homens que você se deita deve te proteger.

Eu não deveria ter falado assim, Cali respirou fundo e começou a me olhar diferente, olhar com esperança.

– Se... você quisesse, eu poderia ser exclusivamente sua...

– Norton não permitiria.

– Norton me disse que fará um grande evento em breve, terá uma competição. Algo a ver com elevar os ânimos. O vencedor poderia pedir o que quisesse.

– Ele disse isso?

"Poderia ser um jeito de livrar Reina da mão dele. Preciso saber mais."

Deixei que ela se aproximasse de mim, seu andar era lento, sedutor. Suas mãos passearam por meu peito.

– Se competir, tenho certeza que ganharia.

– O que sabe mais?

– Eu te digo depois.

Ela me beijou. Talvez eu tivesse subestimado o valor que ela poderia ter. A peguei no colo e a joguei sobre a cama.

***

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