Capítulo 7

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 Art me guiou pela floresta, ele era um ótimo rastreador, via os sinais tão claros enquanto eu demorava em os perceber. Já fazia dois dias desde que começamos a seguir aqueles bandidos que levaram Jasper de mim.

Era possível que Kyel estivesse morrendo de preocupação, isso me doía o coração, mas jamais abandonaria Jasper, ainda mais com esse tipo de gente. Eu me lembrava tanto do beijo que ele me deu, quanto do seu rosto preocupado quando eu caí no rio.

Eu me assustei quando algo foi jogado encima de mim. Art colocava em meus ombros o seu casaco. Eu estava encostada em um tronco de árvore, e não tinha percebido que eu abraçava meus joelhos. A noite estava bem fria, e não podíamos acender uma fogueira pra não sermos descobertos.

— Você se assusta fácil demais, princesa.

Ele se sentava encostado em um troco como eu, a minha frente, com um sorriso. Art gostava de me provocar, sempre me chamando por esses tipos de apelido. No primeiro dia isso me irritava, mas depois me acostumei. Claro que eu não ia demonstrar isso também, por algum motivo eu passei a gostar de brigar com o Art.

— Quando você vai parar de me chamar desse jeito?

— É exatamente o que você é.

Ele se espreguiçou, colocando os braços atrás da cabeça e fechando os olhos.

"Uma princesa sem um trono." Art disse numa voz muito baixa. Ele deve ter achado que eu não escutaria, mas aquilo me intrigou. Eu achei que poderia ter a ver com minha família, afinal o nome Sam-En era bem mais conhecido fora de Airith que Tai-An, a família de Indrian. Decidi perguntar sobre outro assunto.

— Esses bandidos que levaram Jasper, quem são?

— Difícil saber, no último ano houve muita separação, muitas novas facções se formaram. Tudo depois da morte do Rei dos ladrões, Theron.

— Quem é o líder agora?

— Ninguém e todos ao mesmo tempo. Dizem que o filho de Theron, está tentando tomar de volta o poder, mas não sei quem ele é, ninguém sabe.

— Você é um deles?

— Pareço um bandido pra você?

— Quer mesmo a verdade?

Art riu e abriu os olhos.

— Você não tem medo. Sabe que não sou um deles.

Era verdade, eu sabia, abracei mais forte meus joelhos.

— Como vamos pegar meu dragão?

— Não se preocupe duquesinha, você acabou de me dar uma ideia.

Ele se deitou de costas no chão, uma mão atrás da cabeça e a outra sobre o estômago. Eu me deitei também, de lado, olhando para onde Art estava. O sono já começava a me alcançar.

— Meu nome é Reina. Meu pai escolheu.

Minha voz saiu mais suave do que eu queria, mas não me importei.

— Reina...

Art falou meu nome, saboreando o som dos fonemas. Aquela foi a primeira vez que ele o disse, e isso me alegrou. Mas ao mesmo tempo notei a entonação de sua voz, parecia triste. Eu queria perguntar o porquê, mas o sono só me arrastava para seus braços, a última coisa que me lembro, é de ter me preocupado com a ideia de Art.

***

Já era o quarto dia desde que Reina desapareceu, o ferimento na pata de Rain já havia melhorado, mas ainda era doloroso pra ele levantar o corpo. Devon ainda mantinha uma postura firme contra mim e Indrian, mas quando ninguém estava olhando, eu percebi que ele ficava pelos cantos, seu olhar perdido para fora da Torre.

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