9. Friends?

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                        | CAPÍTULO NOVE, FRIENDS? |

Despertei com os gritos vindos do corredor. Alaska já estava de pé, vestindo uma calça jeans escura e regata branca. Sua bolsa estava pronta encima da penteadeira.

"Finalmente" me fitou a sentar na cama e bocejar.

"Bom dia para você também" disse tirando meus cabelos da frente dos olhos.


"Bom dia, Lisa" sorriu.

Fiquei contente com o apelido novo. Levantei e dei um beijo na bochecha vermelha de Alaska. Fui até o banheiro escovar os dentes e me aprontar. Minha aula começaria dali meia hora.


Estavam todos agitados, andando de um lado para o outro como loucos. De certa forma, eu também me sentia assim, mas a diferença é que eu não demonstrava isso.


Um pequeno grupo estava parado á frente da sala. Eu sabia que Relações Internacionais não era algo que muitos gostariam de cursar. Além do mais, era uma disciplina difícil de entender e poucos sabiam onde aplicá-la.

"Você fica aqui" Alaska ordenou como se eu estivesse a estar no meu primeiro dia no jardim de infância. "Depois que sua aula acabar, me espere perto do gramado"

Assenti e vi Alaska dobrar o corredor á direita.

"Como vocês já devem saber, R.I é basicamente a condução das relações entre povos, nações e empresas nas áreas política, econômica, social, militar, cultural, comercial e do Direito..." foram as únicas coisas que ouvi da aula inteira. Não conseguia me concentrar, como se um turbilhão de coisas estivessem a me tirar o foco. A nova rotina, novos colegas, ter que dividir meu quarto com alguém que mal conhecia.


Quando finalmente ouvi o professor dizer que podíamos nos retirar, esperei que todos saíssem para que eu fizesse o mesmo. Andei sem muita pressa pelos corredores e tentei evitar ao máximo olhares indesejados. Pouco me reconhecia fazendo aquilo, já que nunca havia sido assim no ensino médio.

Sentei no gramado da universidade, deixando meus livros de lado e sentindo um vento frio soprar meu rosto. Era como se estivesse sozinha ali, sem gritos, conversas e cochichos.


Quando abri os olhos novamente, percebi o garoto a me olhar enquanto estava sentado com seu grupo. Todos eles riam muito, mas ele olhava para mim. Não com aquele sorriso bobo, nem as maçãs do rosto vermelhas. Era um olhar sério, como se quisesse me intimidar. Sua camiseta colorida me cegava e eu desviava o olhar sempre. Virei o rosto na tentativa de que ele parasse de fazer aquilo, mas não funcionou. Peguei os livros e levantei depressa, me punindo por estar agindo daquela forma.


"Ei, espera" sua voz se aproximava quando parei no meio do caminho.

Sua respiração chegou á minha nuca e eu continuei de costas para ele. Se eu virasse, daria com seu rosto bem próximo do meu. Se continuasse caminhando, ele me seguiria até meu dormitório. Não havia saída.

"Pode virar agora" riu. Ok, depois de me fitar como um assassino lá no gramado, agora estava a fazer piada do meu nervosismo.

Virei, ficando frente á frente com ele. Percebi então, que quando sorria, uma pequena covinha se formava bem perto do canto da sua boca. Certo, não era bem uma covinha. Mas era encantador.


"Olha, eu não sei o que foi aquilo..." pisquei várias vezes seguidas. "Mas eu nem mesmo sei seu nome. Não sei de onde veio, só sei que me ajudou aquele dia e agora estamos na mesma universidade. Só isso. Não é por que nos falamos uma vez, que precisa puxar assunto comigo aqui. Isso não quer dizer que nos conhecemos de fato" soltei tudo de uma vez e após alguns segundos, me senti idiota por estar dizendo aquilo. Talvez ele nem estivesse a me olhar no gramado, não como a Elisabeth.

why try ♌ taylor caniffOnde histórias criam vida. Descubra agora