10. Naive

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                       | CAPÍTULO DEZ, NAIVE. |


Acompanhei Alaska e alguns dos seus amigos até uma lancheria depois da aula. Como eu já havia imaginado, fui deixada de lado e completamente fora da conversa. Pedi um refrigerante e fiquei observando as piadas internas do grupinho, enquanto tentava ligar para o papai. Deixei cinco mensagens para que ele me retornasse quando visse.




"Lisa, você pode pedir um milkshake para o Peter por favor?" Alaska falou, me tirando do transe. Eu estava quase a dormir. Assenti e fui até o balcão onde se fazia os pedidos.



"Um milkshake de... Ahn... Chocolate" pedi, sem saber como o garoto queria, afinal, eles não haviam me falado nada além de 'um milkshake para o Peter', seja lá quem for esse garoto.


"Te disse pra não fugir" sua voz saiu tão suave, como se estivesse ensaiado aquilo.


Alias, ele tinha a infeliz mania de aparecer do nada e sumir também. Como se todas as vezes que eu o esquecesse, ele surgisse do inferno pra me atormentar.




"Olá também, Taylor" dei um sorriso digamos que, falso. Bem falso, na verdade.



"Quer sentar comigo?" escorou o braço no balcão e chegou mais perto, só para me intimidar. "Fique tranquila, eu estou sozinho"



Assenti e peguei o milkshake do "Peter". Entreguei para Alaska que não parecia mais tão contente.



"Não vai pedir nada?" Taylor perguntou, pegando seu suco de cima da mesa e tomando.


Agarrei o suco de suas mãos e tomei. Ele não fez nada para impedir, apenas sorriu e ficou me observando.



"Pare de me olhar assim" disse num sussurro, já incomodada com o jeito que ele me olhava.



Taylor riu e eu percebi suas maçãs do rosto vermelhas. Elas coravam sem motivo, e isso era absurdamente fofo.





"O que você cursa?" disse antes de arrancar o suco das minhas mãos. Só permiti por que já estava no final.




Certo, eu estava agindo feito uma boba. Quem era ele além de se chamar Taylor? Não podia ter intimidade com um cara que só sabia o primeiro nome.


"Relações Internacionais" minha voz sempre saía um pouco empolgada quando falava da minha futura profissão.



"Uau! Isso é bem difícil" riu. "Na verdade, eu nem mesmo sei para quê serve"



Revirei os olhos e sorri. Já havia ouvido isso muitas vezes.




"E você?" perguntei enquanto olhava Taylor tomar seu suco como uma criança, fazendo uma careta muito engraçada a cada vez que tomava.



"Eu o quê?" parou o que estava fazendo e fez cara de bobo. Oh não, ele realmente não havia entendido minha pergunta.



"Você, cursa o quê?" ri no meio da frase ao ver sua expressão meio perdida.



"Ah" riu de si mesmo. "Faço Direito. Não por que quero, mas sim por que fui obrigado"



Lembrei de Alaska. Olhei para tras e a vi aos beijos com um garoto loiro. Sorri por ver aquilo e virei o rosto, ficando novamente frente a frente com o Taylor.




"Diferente de você, eu sei pra quê isso serve" sorri, meio sarcástica. Era muito bom ver a cara de besta dele.



Ele riu e nós nos olhamos por mais um tempo. Senti que ele estava fazendo aquilo de propósito, mas eu não. Eu olhava-o por que algo naquele sorriso (com a meia covinha no canto) e o jeito que ele agia quando percebia que eu estava o olhando, era tão bonito. Não sei, mas tudo aquilo me encantava. Eu estou sendo muito idiota por dizer essas coisas de um cara que mal conheço, mas não posso evitar esse tipo de coisa.

"Então..." ele disse, seguido de uma gargalhada.



"Então" repeti me sentindo a pior pessoa do mundo. Tentando de maneira desesperadora, algum assunto consideravelmente bom.



"Eu preciso ir, Lisa" levantou-se e ajeitou melhor a camiseta no corpo. "Não fuja" repetiu.



Assenti e desviei o olhar. Talvez ele nem precisasse ir. Talvez ele só tivesse dado essa desculpa para ir embora, já que eu não tinha mais assunto. Talvez ele fosse encontrar outra garota, uma namorada secreta. Talvez, talvez, talvez. Que droga! Devia me preocupar menos, afinal, era só uma porra de um garoto. Como qualquer outro, como qualquer um. Quer dizer, ele podia ter um sorriso lindo, uma meia covinha, olhos tão encantadores e um cabelo tão charmoso. Havia também as suas camisetas estravagantes, as jaquetas de colegiais, as bandanas e as toucas.




Não que eu tivesse reparado nisso, não.




Depois de alguns minutos sentada sozinha e a pensar no maldito Taylor, chamei Alaska para irmos embora.



"De jeito nenhum, Elisabeth!" revirou os olhos, ainda agarrada ao garoto loiro.


"Alaska, por favor. Eu preciso muito conversar com alguém" choraminguei, em seguida olhei para o garoto que parecia não ligar para a conversa.



"Olha, não vai dar. Conversa com seus livros, seus pais ou com aquele garoto" suas mãos acariciavam o peito do garoto e ele já estava angustiado de não poder beijá-la. "Bryan e eu vamos ficar por aqui" sorriu para o babaca.

Eu não podia acreditar. Estava sozinha de novo. Talvez fosse melhor conversar com meus livros mesmo.





{editado}

why try ♌ taylor caniffOnde histórias criam vida. Descubra agora