2. Drunk

5.5K 312 17
                                    


 
 
 

 
 
 

| CAPÍTULO DOIS, DRUNK. |

Finalmente estava a colocar o último item encima da mesa de vime: o café. Vesti a roupa que eu colocaria caso estivesse com minha família, e prendi os cabelos num rabo de cavalo. Minhas mãos estavam trêmulas, enquanto eu ouvia os fogos de artifício serem soltados há metros de distância. Coloquei o celular no bolso da jaqueta jeans, numa tentativa desesperadora que papai e mamãe ligassem-me. Embora eu não estivesse com fome, ainda assim tomei um gole de café. Minha garganta ardeu de forma com que fizesse-me cuspir. Levantei-me depressa e fui até a pia, vendo o líquido escuro se esvairar pelo ralo.

Abri a geladeira sem pestanejar. Quando coloquei meus olhos nas garrafas de Budweiser, foi como se achasse uma maneira de fazer-me esquecer de minha situação deplorável. Em segundos, abri a primeira garrafa e deitei-me no sofá empoeirado, apenas observando as luzes acesas do prédio mais próximo. Meus olhos pararam de marejar, e eu sentia-me melhor a cada gole. A forma com que o líquido passava por minha garganta era devastadora, mas assustadoramente bom.

 
 

 
 
     ❅
 
 
 
 
 

Pouco antes do fim do natal, deitei-me em minha cama. O teto girava, assim como todas as noites. Meus olhos fechavam-se involuntariamente. O cheiro de álcool estava empreguinada em minha roupa. Enquanto eu lutava para manter olhos abertos, meu celular vibrava ao lado da cama. Demoro alguns segundos para atender.

"Feliz natal, meu anjo." a voz de mamãe pareceu ecoar por minha cabeça, fazendo-me sentir uma breve dor. Naquela altura, eu não estava bem para ter algum tipo de conversa.

"Feliz natal para você também, mamãe." disse um pouco enrolada com as palavras. "Por que demorou a ligar?"

"Fomos passar o natal na casa da tia Alysson. Seu avô embebedou-se, então tivemos de leva-lo até em casa." respondeu, embora eu percebesse sua voz um pouco nervosa. "Como estão as coisas aí?"

"Caminhando bem." respondi, lutando para não fechar os olhos e dormir no meio da frase. "Mas ainda não recebi nenhuma resposta."

"Oh meu bem, isso demora mesmo. Kyle disse que foi assim com ele também, fique calma." tentou tranquilizar-me, referindo-se a Kyle, meu irmão mais velho.

"Assim espero." disse num tom áspero, evitando um bocejo logo em seguida.

"Estamos tão orgulhosos, Elisabeth. Seu primo Dylan disse que irá seguir o mesmo caminho que você. Isso não é ótimo?"

"Sim, é ótimo." forço uma risada abafada.

"O que há com você?" ela pergunta, já desconfiada de minhas respostas que pareciam não querer extender mais a conversa.

"Estou um pouco cansada, preciso dormir." disse com a voz embriagada.

Ouvi mamãe soltar um breve suspiro e dizer: "Espero que não esteja bebendo e fumando como se não houvesse amanhã. Descanse, amo-te."

"Amo-te também, mamãe."

Não lembro-me ao certo quem desligou primeiro, mas não importava. Apenas queria relaxar, fechar meus olhos e dormir como se estivesse sendo acolhida por meus antigos lençóis. Só queria imaginar que aquele era o meu antigo quarto, onde eu tanto gostava de estar.


{editado}

why try ♌ taylor caniffOnde histórias criam vida. Descubra agora