why try ♌ taylor caniff

Capitulo 12

"Cos we're just under the upper hand
And go mad for a couple grams." (The A Team, Ed)

Rolei os olhos até a garota ruiva que estava agachada na ponta da cama. Seus cabelos pareciam ainda mais alaranjados com a luz que batia nos mesmos. Quando levantou-se, seus lábios finos e vermelhos se contraíram. Os olhos claros pareciam perdidos diante o olhar que eu lançava a ela.

"Perdeu alguma coisa?" perguntei levantando da cama. Parei a sua frente e fiquei preocupada ao ver lágrimas saírem dos seus olhos tão intensamente, rolando por seu rosto sardento.

"Alaska, meu Deus. O que são todos esses remédios?" olhei apavorada para todos eles. Pílulas de todas as cores e formas enchiam a mão da garota.

A garota que eu desconhecia agora.

"Preciso ficar magra, Lisa. Eu odeio ser gorda" colocou a mão no centro da sua barriga e derramou ainda mais lágrimas.

Minha boca estava aberta, ainda pasma com o que estava vendo. Agarrei os remédios da mão da garota e coloquei-os de volta no frasco. Segurei em minhas mãos, deixando-os a mostra para que ela pudesse ver.

"Você não precisa disso, Alaska. O que importa em você não está no seu corpo" disse com paciência, e em seguida abracei-a para que sentisse que eu me importava.

Mesmo que ela não retribuisse isso, eu ainda assim, me importava.

Caminhei em direção ao banheiro e joguei todos os remédios na pia.

....

O problema de Alaska conseguiu ocupar boa parte do meu tempo. Saímos pelo jardim do campus, fumamos na janela do quarto sem nos preocupar com que vissem, pintamos um belo quadro e penduramos na parede do quarto. Ela parecia feliz em estar fazendo coisas diferentes, e eu me sentia bem em ajudá-la. Depois das aulas, compramos chocolates e fomos para o dormitório.

Os seus pequenos olhinhos, que pareciam tão covardes agora, pareciam sorrir para mim. Sua boca estava suja de chocolate e suas mãos lambuzavam toda a cama.

Alaska passou o dedo pelo chocolate derretido e sujou o lado da minha cara.

"Seu bebê monstro, você me paga!" disse no meio da risada e colei um tablete na sua bochecha.

"Isso não vale, está desperdiçando chocolate, garota!" riu. Alaska tirou o tablete do rosto e colocou na boca rapidamente.

Rimos juntas, mas logo ficamos em silêncio quando ouvimos baterem na porta.

"Você abre" disse lambendo os dedos.

"Eu não! Se for um coordenador, que puna você, não eu" fiz uma careta e sorri quando vi Alaska levantar-se e caminhar em direção á porta.

Sua expressão mudou quando abriu e viu Philipe. Quer dizer, ela nunca ficava contente em ver os caras no dia seguinte. Os dois cochicharam por longos minutos, até Alaska voltar com uma cara de tédio para cima da cama.

"Dispensou?" perguntei com a boca cheia de chocolate.

"Sim" respondeu olhando para as mãos hesitantes.

Sorri e desviei o olhar, sem ter mais assunto. Um silêncio torturador se espalhou, me deixando totalmente desconfortável. Falta de assunto sempre me deixava nervosa.

"Lisa" falou baixinho, sem me olhar nenhuma vez. Ao invés disso, preferiu continuar brincando com os dedos e mordendo os lábios. "Preciso confessar algo a você"

Estranhei de imediato, mas tentei não mostrar isso na minha expressão. Comi mais um tablete de chocolate para finalmente responder:

"Diga."

Alaska respirou fundo e mesmo com a escuridão que começava a aparecer, eu vi suas bochechas ficarem vermelhas.

"Bom, isso está acontecendo desde o ano passado. Eu não sei exatamente o mês, nem como. Só aconteceu, e eu não sei fazer com que isso suma" respirou fundo novamente, parecendo escolher as palavras certas para me dizer. "Lisa, acho que eu gosto do Taylor. Na verdade, eu tenho certeza disso"

Meu coração parecia saltar pela boca naquele instante, como se uma explosão estivesse acontecendo dentro de mim. Minha garganta ficou seca, as mãos tremiam, o corpo todo se encolheu. Senti meus joelhos fraquejarem e por Deus, eu cairia se já não estivesse sentada. Aquela frase tomou conta do meu peito e foi pior do que se eu levasse vinte facadas. Um tipo de culpa rondou minha cabeça e por um minuto, me perguntei o por quê de reagir assim.

"Taylor, do time de basket?" perguntei, parecendo espantada e esperançosa para que fosse outro Taylor.

"Sim" Alaska abriu um pequeno sorriso.

"Mas você não me disse que ele era um novato? Por que mentiu, Alaska?" arregalei os olhos, desesperada.

Sem saber decifrar o motivo de uma reação tão intensa, me martirizei por dentro. Por sentir essas coisas, por me permitir estar reagindo dessa forma. Por tanta coisa. Especialmente, por estar com a cabeça tão desnorteada por culpa desse garoto.

"Não queria que você se interessasse por ele. E se isso acontecesse, você iria atrás dele, e você o conquistaria com todo esse seu jeitinho" choramingou.

Pode parecer cruel e arrogante, mas eu sentia raiva de ver as lágrimas de Alaska. Primeiro, por desperdiçar parte do meu dia tentando animá-la e agora vê-la a chorar de novo. Segundo, por sentir que Taylor não pertencia a ela. Nem a ninguém, e ela não poderia tentar isolá-lo assim.

"Desculpa, Alaska" foi o que consegui dizer quando senti algo quente passar por minhas maçãs. Droga!

"Por que está chorando, Lisa?" enxugou as lágrimas e inclinou-se para frente. "Eu falei algo de errado?"

Fiz que não com a cabeça e limpei meus olhos marejados.

"Só preciso dar uma volta pra passar" levantei da cama e corri até a porta, saindo imediatamente.

Estava frio, mas a raiva que pulsava dentro de mim, me aquecia. Eu chorava por estar confusa, por estar sentindo mais do que deveria. Estava chorando para não sair atrás de Taylor e dizer tudo que eu não havia dito a noite passada. Dizer que ele era um babaca, que confundia minha cabeça o tempo todo. Dizer que seu sorriso era só um disfarce para o monstro que ele realmente era. Queria poder dizer que eu odiava amar seu olhar e sua risada, mas que eu escondia isso até de mim mesma. Dizer que tudo isso que ele me fez sentir me amedrontou e que eu jamais havia sentido essas coisas antes.

Espero que isso tudo passe. Que quando todos voltarmos do final de semana em casa, as coisas se resolvam. E principalmente, que eu deixe de me sentir tão diferente.