Capitulou 13

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Chasing her tonight, doubts are running ‘round her head
He’s waiting, hides behind his cigarette
Heart is beating loud, she doesn’t want it to stop
Moving too fast, moon is lighting up her skin
She’s falling, doesn’t even know it yet
Having no regrets is all that she really wants. (Night Changes, One Direction)

Viajei por duas longas horas até estar a frente da casa dos meus pais. O carro de Kyle já estava na grande garagem, uma picape velha que era do vovô. O sol começava a desaparecer, dando passagem a uma escuridão cheia de estrelas.

Olhei para a janela da sala de estar e vi mamãe sentar-se ao lado de Kyle e Jasmine. Fiquei surpresa com a beleza da garota, além da sua roupa chique e cabelos de um loiro quase branco. E bom, Kyle continuava o mesmo garoto de seus vinte e poucos anos. Com seus cabelos negros e batendo nos ombros, os olhos verdes que eu desejava ter, sua camiseta velha e rasgada, propositalmente só para mostrar os bícepes. Mamãe, apesar da aparência jovem, carregava os quarenta e nove anos nas costas como se fosse um castigo. As madeixas brancas, agora evidentes, tomavam conta dos belos cabelos tingidos de loiro. Os olhos pequenos e apertados, de um castanho claro e cílios invejáveis, agora se mostravam um pouco cansados da idade. Papai, com o sorriso mais perfeito do planeta, conseguia esconder os cinqüenta anos na certa. Seus olhos eram cor de mel, como se fossem feitos só para ele. A pele branquinha, com um pouco de sardas, o tornavam um galã. Os cabelos negros e bem penteados, agora caíam um pouco em sua testa. Muitos diziam que eu era sua cópia viva, o que me orgulhava muito.

Bati a porta, sabendo que era mamãe quem abriria. Esperei-a com um sorriso de saudade, imaginando o quão bom seria sentar novamente naquela mesa e jantar com minha família.

"Ela chegou!" ouvi sua voz doce a avisar. Imediatamente, a porta foi aberta, com um sorriso largo de mamãe a me esperar. "Oh, querida" fui envolvida nos braços aconchegantes dela, querendo jamais sair dali.

"Olá, Kyle!" abracei-o em seguida. "Jasmine, quanto tempo" beijei sua bochecha. "Papai..." meus olhos brilharam quando me deparei com seu sorriso, que como já disse, era o mais perfeito do planeta. Corri e me joguei no seu abraço acolhedor.

"Eu não ganho abraço também?" Kyle abriu os braços e caminhou em minha direção. Inalei seu perfume masculino e sorri. Ele usava o mesmo perfume desde os quatorze anos. "Estava morrendo de saudades, peste" disse me chamando por meu apelido 'carinhoso'.

Jasmine ficou distante, a olhar a cena. Ela era namorada de Kyle há quatro anos, mas ainda sentia vergonha de participar dos jantares em família. Além de se sentir desconfortável, se lembrar das vezes em que peguei os dois a treparem em todos os cômodos da casa. Acredite, foi frustante.

"Preparamos sua comida favorita" mamãe saiu da cozinha com uma grande bandeja e a largou no centro da mesa de jantar.

Preciso dizer que eu amo os tacos da mamãe.

"Sentem-se" papai ajeitou a cadeira da ponta da mesa e sentou. Logo, Kyle e Jasmine sentaram um ao lado do outro. Sentei perto de papai e recebi um pequeno sorriso por isso.

"Então, como está se saindo em Princeton?" Kyle perguntou segurando o garfo e só esperando mamãe dar a largada.

"Estou me saindo muito bem, se quer saber" levantei uma sobrancelha. "Sou uma das melhores da turma" me gabei.

"Está evoluindo, peste" sorriu.

"Amor, me passa os talheres?" Jasmine foi doce em perguntar a Kyle, mas o mesmo não retribui tão bem assim. Pegou os talheres e jogou-os no colo da namorada.

"Isso é jeito de tratar Jasmine, Kyle?" papai repreendeu-o.

"Não, deixa isso para lá, Sr Wood" tentou disfarçar um sorriso, mas Kyle bufava ao seu lado. "Eu vou subir para o quarto, estou com um pouco de dor de cabeça" mentiu.

Kyle não desviou o olhar dos seus talheres, enquanto papai e eu olhavamos Jasmine subir as escadas.

Jantamos em silêncio, mas não tenho certeza se isso foi por causa da atitude do Kyle. Tudo bem, ele foi muito rude com a Jasmine. Mas preciso levar em conta de que sempre comemos sem muita conversa, e creio que nada havia de mudar em apenas dois meses que estivesse fora.

"Vou pro meu quarto, o jantar estava ótimo" agradeci e subi rápido para cima.

Minhas coisas continuavam no mesmo lugar. Os retratos, cadernos e livros. Meus quadros pendurados na parede azul clara, junto dos meus desenhos de quando era pequena. Fazia tanto tempo que eu não desenhava sozinha e sem várias coisas a me embaralharem a cabeça.

Tirei detrás da porta uma tela ainda em branco. Subi encima da cama e puxei a tampa do sótão devagar. Arrastei uma escada que escondia no quarto e adentrei para pegar as tintas. As latas e pincéis estavam cobertos de teia de aranha, o que me fez perguntar o por quê de ter parado de pintar por tanto tempo.

Era estranho, mas eu não queria mais pintar paisagens, nem animais, muito menos flores. Eu queria algo mais a fundo, com um motivo de fato. Queria fechar os olhos e sair arrastando o pincel por todos os cantos da tela.

Comecei então, com um pequeno traço um pouco acima. Mais algumas pinceladas e eu já havia feito os cabelos de alguém. Borrei o pincel numa linha torta, um pouco abaixo das madeixas. Em minutos, me vi traçando olhos negros diante a tela. E então lábios pequenos, maxilar bem traçado e por último, um traço fino no canto da boca.

Meus olhos um pouco apertados para criar mais suspense, abriu-se para finalmente se deparar com o que eu havia feito. Quando coloquei os olhos na tela, fiquei surpresa comigo mesma. Senti meu estômago revirar e por um instante, parecia que eu havia levado um baque na cabeça. Meus pensamentos rodavam em torno disso, e eu não conseguia evitar.

Eu havia pintado o rosto de Taylor na tela.

"Pare de me infernizar, garoto" disse pondo as duas mãos sobre a cabeça. Como se fosse possível tirá-lo dali assim tão fácil.

Dei um forte tapa na tela, fazendo-a cair no chão e rasgar no meio do rosto de Taylor.

Olhei pela janela aberta e cocei os olhos algumas vezes. Eu estava ficando louca, ou estava vendo Taylor parado a me observar lá de baixo?

Abri os vidros e gritei: "O que você quer de mim? Me deixe em paz!". Em seguida, me debrucei na cama a chorar.

Chorar de novo por esse babaca. Pela segunda vez consecutiva. Juro que eu queria poder matá-lo, só assim eu conseguiria parar de pensar nele.

Levantei-me pela última vez e olhei novamente para fora. Ele não estava mais lá.

Será que era tudo loucura da minha cabeça?

why try ♌ taylor caniffOnde histórias criam vida. Descubra agora