Capitulo 20

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I know you said
That you don’t like it complicated
That we should try to keep it simple
But love is never ever simple, no. (Clouds, One Direction)

"Com licença, mas você pode sair de cima de mim?"

Taylor era sempre tão delicado, não sei como conseguia falar desse jeito depois de tudo. Fiz uma careta e me levantei do seu colo, me tapando com minhas roupas. Ouvi uma risada dele, mas ignorei e segui para o banho. Após sair, me deparei com um Taylor só de calças a preparar algo na cozinha.

"Espero que dê certo." disse me referindo ás torradas que ele estava preparando.

"Está duvidando dos meus dotes culinários?" sorriu enquanto passava a margarina.

"Estou?"

"Acho que sim."

"Então veremos daqui a pouco, certo?"

Taylor assentiu e eu fui colocar o avental. Abri as tintas novamente e lavei os pincéis para não misturar as cores. Então comecei com as borradas, sendo interrompida milhares de vezes por Taylor perguntando onde estava o quê.

"Termin-" ele nem mesmo terminou de falar quando olhou a tela pela metade. Seus olhos arregalados e a boca aberta me fizeram rir. Taylor largou as torradas na mesinha e chegou mais perto.

"Isso... Isso é incrível." gaguejou.

Seus olhos rolaram pelas rosas azuis que haviam no topo da tela, até os pinheiros que formavam um bosque, bem no canto. No centro, havia um pequeno borrão escuro. Algo como se fosse uma garota, com seus cabelos voando, e correndo por uma gramado verde vivo. Parecia tão comum aquela pintura, mas eu sei que em cada pincelada, havia o meu jeito de pintar. O meu jeito de ver as coisas, de senti-las e admira-las.

"Pode leva-la para sua casa depois de pronta, onde seja que more." disse arqueando as sobrancelhas. Já estava entardecendo, o céu estava de um laranja maravilhoso. Pela janela empoeirada, podia ver perfeitamente o sol indo embora. "Alias, você não devia ir?"

"Está me mandando embora?"

"Eu não disse isso."

"Tanto faz, vou dormir no apartamento do Nash e Cameron então." deu de ombros.

"Tanto faz."

"É." segurou-me pela cintura. "Mas adoraria ficar aqui."

Sorri e virei-me novamente para a tela.

"Por mim tudo bem, mas antes vai ter que me responder algumas coisas." disse ouvindo Taylor bufar. "Já percebeu que não sabemos quase nada um sobre o outro?"

"Eu sei bastante coisas sobre você."

"Sabe?" franzi o cenho. "O que, exatamente?"

"Seu nome completo é Elisabeth Lee Wood, dezessete anos, nasceu em Nebraska no dia seis de novembro. Gosta de bandas como The Killers e Arctic Monkeys, além de pintar quadros fantásticos e desenhar muito bem. Fuma por influencia do irmão e bebe Budweiser, adorava festas e só teve um namorado em toda sua vida. Tocava piano quando tinha dez anos, ama fotografias e o estilo glam. Quando sorri de canto é por que está envergonha, quando abre o maior sorriso do mundo é por que está realmente feliz, quando está brava chora igual um bebê e quando está com fome fica extremamente chata. Pretende ser uma, se não a melhor diplomata dos Estados Unidos. E por último, não menos importante, está perdidamente apaixonada por um cara que conheceu há um pouco mais de meio ano na Universidade de Princeton."

Arregalei os olhos. Quer dizer, eu nunca havia dito essas coisas para Taylor. Nem mesmo meu  sobrenome, e eu só sabia o seu por que havia ouvido em uma conversa qualquer com amigos. E 'apaixonada por um cara'? Eu nunca disse que estava apaixonada, mesmo que estivesse um pouco óbvio para mim.

"Uau." foi a única coisa que disse, me sentindo a pessoa mais invadida daquele lugar. "Como sabe tudo isso?"

"Cameron me disse, mas Alaska que contou a ele." Taylor disse. "Tirando a parte do seu humor."

Alaska, era claro! Só gostaria de saber porque ela havia dito tudo isso sobre mim justo para o Dallas.

"Quem disse que eu fico chata quando estou com fome?" empurrei-o e cruzei os braços. "Sou legal em tempo integral, apesar de sentir fome o tempo todo, inclusive agora."

Taylor sentou no sofá e eu ao seu lado. Comemos nossas torradas em silêncio, mas eu me sentia incomodada por não perguntar de uma vez aquilo. Então olhei para ele, que estava limpando a boca estranhamente, e formulei as palavras certas.

"Taylor." encarei o chão. "Porque trancou a universidade?"

De repente, me vi abraçada por Taylor. E sem algum motivo aparente, senti algo molhar meu ombro. Ele estava a chorar, e essa era a segunda vez que via Taylor chorar em minha frente. Tão intenso quanto a vez do gramado, em que tirei-o da chuva em prantos.

"Ei meu amor, pare de chorar." acariciei seus cabelos. "Olhe para mim."

Taylor levantou a cabeça, mostrando seus olhos vermelhos. Era um choro tão súbito, como se ele estivesse sorrindo por fora, mas estivesse despedaçado por dentro esse tempo todo também.

"Me desculpa." ele disse baixinho entre mais uma lágrima que escorria do seu rosto.

"O que está acontecendo?" disse agora assustada. Quer dizer, eu nem mesmo imaginava o motivo de Taylor estar chorando daquela forma.

"Elisabeth, eu estava cursando direito para satisfazer papai e eu odiava-o por isso." soluçou.

"Odiava?" eu disse.

Não o odeia mais?

"Fiquei esses dois anos sem ir para casa nenhum final de semana. Eu sabia que ele estava doente, sabia que estava generalizado, mas ele foi frio até as últimas horas. Me fez jurar que viraria um advogado como ele, e que então eu herdaria boa parte do que era dele. Mas ele morreu há duas semanas. Era um câncer terminal, mas porra, eu não queria ser um advogado nem nada disso. Então antes de falecer, ele me desprezou. Não me deixou entrar e vê-lo no quarto, tudo por eu ter trancado a merda da universidade. Só fui avisado do seu falecimento depois do enterro, e ninguém, nem mesmo mamãe, fez questão de me avisar. Quem me avisou foi tio Peter."

Sua voz era carregada de magoas, e eu não precisava conhecer seu pai para odiá-lo. Meu peito doía de ver Taylor chorando como um bebê, talvez se sentindo culpado por seu pai ter falecido. Coloquei minha mão em seu peito e encostei meu rosto ao seu.

"Está tudo bem, fica calmo." eu disse ao ouvir seu soluço alto. "Estou com você, OK?"

Em meio ao choro carregado, Taylor deu um mínimo sorriso em resposta. Então passou o braço por meus ombros e entrelaçou nossos dedos.

Fiquei quieta, deixando-o chorar. Não queria parecer grosseira, nem intrometida. Só queria deixá-lo chorar para esvaziar essa culpa, e quando ele se sentisse calmo, eu o cuidaria. Colocaria-o na cama, faria um chá para tomarmos, colocaria um filme para destrai-lo e depois daria carinho infinito para ve-lo sorrir novamente. Mas sorrir de verdade. Faria de tudo para levantar o que estava destruído dentro de Taylor. Nem que para isso, eu tivesse que adiar minha volta para Princeton.

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Postei o prólogo da minha próxima fanfic! Se chama CAFFEINE, com o Cam. Espero que dêem uma olhada. Vou começar a posta-la depois do fim de Why Try, então não vai demorar muito. Se gostarem, votem e comentem, isso me motiva bastante.

Beijos.

why try ♌ taylor caniffOnde histórias criam vida. Descubra agora