- Por favor, me solta... Por favor - implorava enquanto estava sendo arrastado pelo chão de um lugar desconhecido, a força em questão, segurando por um de meus braços de uma maneira estranha, era bem mais forte que o normal. Havia uma venda em meus olhos, impossibilitando quaisquer meios perceptíveis que eu buscasse pra solucionar o que estava acontecendo.
Ainda estava me debatendo e tentando me soltar de suas mãos grandes quando ele por fim me levantou e me colocou no que parecia ser uma cadeira. Minha cabeça estava confusa. Não tinha muitas recordações do que tinha se passado naquele dia ou no anterior, cronologicamente, eu estava perdido.
- Me solta! - Gritei, jogando a força do meu corpo pro chão na esperança de me livrar de sua pegada, uma tentativa falha.
- Cala a boca - Sua voz entrou em meus ouvidos causando uma série de arrepios duradouros e de grande intensidade, a voz era masculina como eu suspeitava a pouco. Por essa razão tentei me libertar mais ainda, o que resultou em um aperto nas maçãs do rosto, desequilibrando a venda, me permitindo enxergar de uma maneira limitada.
Eu quase conseguia me lembrar de como acabara ali, me lembrava de uma festa, vários flashes, de um sorriso em minha direção e eu estava tão focado nesse sorriso que nem me dei conta do rosto de quem o tinha.
- Se não ficar quieto, vou ter que arrancar a sua língua - Gritei mais desesperadamente do que antes e desta vez derrubando tudo ao meu alcance. Sua voz entrava tão calma, estava tranquilo com tudo aquilo que estava acontecendo. Pior ainda, estava se divertindo, a tonalidade de sua voz denunciava isso.
As mãos me soltaram e os seus passos foram em outra direção. Eu tentava me levantar do chão, o que era uma tarefa difícil, já que meus braços também estavam amarrados e eu não conseguia ver quase nada. Arrastei-me por um tempo até tombar em uma porta, a mesma estava fechada e eu sem esperanças de abri-la comecei a chorar.
Os passos voltaram a ecoar em minha direção. O choro aumentou seguido de súplicas e um pedido de socorro para meu próprio agressor.
- Por favor, por favor, não me machuca, eu... Eu vou ficar quieto eu... - Os passos cessaram e outro barulho veio, o homem estava se abaixando perto de mim.
Sua mão esfregou um pano em meu nariz, o cheiro era de remédios para dormir em uma dosagem muito forte.
Senti minha cabeça doer e tudo em volta não passou de imagens breves e embaçadas, logo eu estava apagado.
(...)
Abri os olhos lentamente e observei o lugar ao meu redor, estava em um quarto pequeno, sentado em uma cadeira e amarrado de todas as maneiras possíveis. Sem a venda, aquele local era escuro e com um ar sombrio.
A vontade de gritar foi contida com medo da mesma ser repreendida pelo meu carcereiro de maneira agressiva como da última vez.
Olhei meus braços presos, amarrados na cadeira e vi o quanto estavam apertados, haviam várias marcas vermelhas em um lugar do tom branco de minha pele, minha camisa cinzenta estava marcada de sujo e minha calça jeans igualmente. Aquelas manchas das cordas poderiam significar que eu estava preso há horas, o entorpecente utilizado devia ser forte.
Comecei a chorar insistentemente sem pensar em outra coisa, observando o quarto em volta e começando a cogitar a idéia de que talvez este fosse ser o último lugar em que eu estaria. Merda.
Passaram-se minutos desde que as lágrimas tinham começado a rolar, com o tempo, as memórias também vieram e entre uma e outra os detalhes dos acontecimentos passados. A festa não tinha sido o último lugar em que estive, não, eu me lembrava vagamente de algo. Um cheiro bom, um gosto agradável, tarde ensolarada. Aconteceu durante uma tarde? Como ninguém viu?... Meu pai? Meu pai! Certamente deve estar revirando a cidade inteira, dependendo de quantas horas eu estava desaparecido.
Desaparecido... Talvez fosse uma piada, minha cabeça passou a triturar teorias como se não fossem nada. Isso explicaria o tom divertido exalando cada vez que o rapaz abria a boca para me dizer algo, mas qual o intuito?
Horas passsaram-se e outras coisas vieram a tona, como a fome e a sede. Embora o rosto estivesse molhado, as lágrimas já não desciam mais.
Um barulho de passos em escadas fora ouvido, denunciando que eu estava em um andar a cima. Eram passos lentos, mas o palpitar do meu coração os tornou mais lentos ainda. A porta se abre revelando um corpo que eu não consigo enxergar direito, quando o mesmo acende a luz ao lado, fazendo a claridade machucar os meus olhos.
Forço minha visão para tentar enxergar o homem que fizera isso comigo e tudo que vejo é um rapaz alto, olhos castanhos e cabelos castanhos também, eu nunca tinha visto em toda minha vida. Nada tinha do homem que me arrastou há algum tempo, me surpreendi, ele não era o único? Ou era e isto significava que sua força equivalia duas vezes de mim?
- Vim aqui três vezes nas últimas horas e você ainda estava apagado então resolvi esperar um pouco mais. - abriu um sorriso, como se fosse comum tudo que estava acontecendo. O que me deixou com medo, curioso e assustado. Últimas vezes ressoou, quanto tempo?
- Quem é você? E há quanto tempo eu tô aqui? Isso não tem graça - perguntei e indaguei desenfreadamente, minha voz falhou em um seleto momento demonstrando todo o meu medo, ou o esgotamento das minhas forças.
- Beba um pouco de água, você deve estar com sede, afinal dormiu por dois dias - Ignorou minha primeira pergunta e trouxe uma garrafinha para perto de minha boca, tentando me fazer abri-la para beber. Me recusei. Dois dias, ele dissera. Então faziam dois que eu estava aqui? Poderia ser um grande blefe.
- Quem é você? - Perguntei novamente olhando nos seus olhos.
- Beba a água! - Seu tom e expressão mudaram, ele agora encontrava-se entediado e olhando fixamente para meus lábios, seus cabelos castanhos caíram sobre sua testa quando se abaixou e forçou minha boca a se abrir, colocou a garrafinha na posição e despejou a água que desceu muito rápido e em grande volume, fazendo com que eu engasgasse.
Tossi várias vezes, cuspindo metade da água. Ele observando tudo, pegou um pano e me secou.
- Vou trazer sua comida - Saiu do quarto, deixando a porta semiaberta. passei a língua pelos lábios, a fim de resgatar um pouco do líquido que eu havia desperdiçado e notei o quão ressecado eles estavam. Ele estava certo, pelo menos dois dias eu estava ali com ele.
Espremi os olhos com força, acalmei minha respiração e sussurrei "Acorde".
Revisado
+18!
!Síndrome de Estocolmo
!Sadomasoquismo
!Dependência emocional!
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O Último Sequestro
Mystery / Thriller[Completa] [Em Reconstrução] O que fazer quando se é sequestrado por um sádico psicopata? (Suspense/Romance/Gay) #05 Em mistério/suspense #01 Em Gay #08 Em LGBT [+18]