Capítulo 12 - Depois que Termina

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Sabe aquela cena muito comum em livros e filmes na qual o mocinho(a) acorda e o cara com quem fez sexo na noite anterior não estava mais lá?  Pois bem, isto não aconteceu. Estamos acordados desde cedo, ele tragando um cigarro que fizera a pouco e vez ou outra me oferecia também e eu aceitava.

Não dissemos nada um ao outro. Trocávamos apenas olhares e sorríamos. Minha perna estava por cima da perna dele que por sua vez estava com sua mão em cima da mesma.

Pensei que depois do que que houve ele sairia do quarto e fingiria que nada havia acontecido e assim deixaríamos pra lá. Mas ele pareceu gostar tanto quanto eu do que fizemos nesta cama, e por falar nela, temos que trocar os lençóis.

Sai de cima dele e me levantei da cama. Ele continuou a tragar seu maço e eu desci as escadas mirando o banheiro. Entrei e iniciei um longo banho.

(...)

— Eu preciso ir à cidade recompor nossos suprimentos, se comporte! - Disse apontando pra mim. Isso foi tudo. Saiu deixando o chaveiro na porta sem se preocupar em fecha-la. Eu estava indo a cozinha preparar algo para nós quando ele saiu, já que ele ia recompor acho que não tem o que fazer então.

Sentei-me no sofá.

1, 2... 2 horas e meia e nada dele voltar, logo o tédio bateu com a vontade de andar pela casa. Não sabia se segurava essa vontade ou se saía por aí bisbilhotando tudo que é quarto. A vontade venceu.

Me levantei rapidamente e comecei a subir as escadas, parei na frente do quarto que ele havia me proibido de entrar, o quarto dele. A curiosidade era tanta que eu não pensei duas vezes antes de girar a maçaneta. Trancada, droga!

Olhei do topo da escada e vi o chaveiro ainda preso a fechadura da porta principal. Desci as escadas para pegar o chaveiro e ver se alguma daquelas chaves abriria a porta de seu quarto.

Parado na frente da porta novamente, tentei a primeira chave, não funcionou. Segunda chave, grande de mais. Terceira chave, pequena de mais. E por fim a última chave. Assim que preenchi o buraco da fechadura com aquela chave média e girei-a ,um barulho foi ouvido.

Destranquei.

Escancarei a porta totalmente, esta que fez um barulho irritante se encostando na parede. Entrei. Acendi a luz e observei em volta. Tudo estava  organizado, como se nada tivesse sido tocado desde o instante que instalados nesse local. Como a cama perfeitamente arrumada ou objetos em cima de um prateleira de vidro que aparentavam nunca terem sido retirados da mesma.

A idéia de que ninguém entrava aqui desde o meu sequestro não se sustentava, se levar em conta que deveria ter pelo menos poeira em alguns móveis. Estava na cara que ele entrava para limpar diariamente.

Eu não iria bagunçar nada, portanto resolvi sair antes de causar algum inconveniente. Mas, vi algo de relance que chamou minha atenção. Um retrato, era ele, mais jovem talvez, porém não tão diferente de como é agora.

Coloquei o retrato em minhas mãos e o virei, havia um nome nas costas... Taylor. Então esse era o nome dele?

— Daniel? Voltei! - Meu coração disparou e no susto do momento deixei cair o retrato, fazendo o barulho de vidro quebrando ecoar pelos corredores. Me amaldiçoei mentalmente e apenas empurrei com o pé os resquícios e estilhaços para debaixo da cama. Depois daria um jeito.

Fechei a porta e tirei as chaves correndo para o meu quarto.

— Droga a chave! - Esbravejei baixo Escondendo no meu bolso de trás. Vi alguns copos da bebedeira de ontem a noite e quebrei dois propositadamente. Já tinha uma desculpa.

Me viriei de costas e comecei a limpar fingidamente. A porta se abriu com certa fúria e um rosto curioso e zangado apareceu.

— Que barulho foi esse? - perguntou.

— Acabei quebrando uns copos - Coloquei meu melhor sorriso para desculpas, e fiz minha voz mais firme.

— Quer ajuda pra limpar? - Perguntou desfazendo a carranca de a poucos.

— Claro, você pode ajuntar aqui pra mim enquanto eu pego um saco? - Ele assentiu e se abaixou de onde eu acabara de me levantar e começou a reunir alguns cacos.

Meu coração estava para rasgar meu peito de tão apavorado que essa situação me deixou. Nunca respirei tão aliviado depois de sair de uma situação dessas, ou melhor, depois de sair de um quarto. Aproveitei para deixar a chave na porta e fui na cozinha pegar um saco plástico útil.

Pronto, já tinha passado.

— Eu vou preparar algo pra gente, ok? -  Indaguei.

— Vai lá.

Ainda atônito com o que havia acontecido e surpreso por ele ter acreditado, suspirei.

Aquelas aulas de teatro enfim serviram pra alguma coisa.

Revisado

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