Capítulo 3 - Agressivo

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Desperto com um bocejo violento que me parece querer sair a horas atrás. Me sentia mais disposto a me levantar e agora só sentia dores fracas no abdômen e leve ardência no rosto. O quarto estava trancado, óbvio, diferente dos últimos, neste aqui havia luz e várias coisas em volta. Mesmo sabendo que meu sequestrador não seria burro de deixar nada comprometedor diante de mim ou dentro daquele quarto, me submeti a procurar algo que pudesse ajudar.

Revirei as gavetas encontrando roupas da mesma que eu usava no mesmo estilo, eu ainda não sabia se a casa era dele, mas ele a conhecia bem, como se já estivesse aqui antes. Cansado de procurar por coisas que podem facilitar a minha fuga, desisto e me sento na cama.

E meu pai? O que será que está pensando uma hora dessas? Será que ele já sabe? Claro que já sabe!

Tento me lembrar a quantos dias estou aqui, talvez 4 ou 3 não sei. Quando será que ele vai pedir o resgate? É claro que tem um resgate envolvido. O filho do maior empresário do país é sequestrado e eles não exigem dinheiro? Não. Estão querendo alguma coisa, senão dinheiro então o que?

Continuo a olhar pro teto vendo as horas se passarem com um tédio enorme.

Me levanto e começo a andar em círculos pelo quarto. Olho em volta, faço anotações importantes, percebo o quanto o quarto estava arrumado, ele não teria tempo para isso, a menos que já me esperasse aqui. Atento-me um pouco a vista e uma pequena luz me chama a atenção. Uma brecha diminuta ao lado superior da cama. Apresso minhas mãos me encostando violentamente, tento olhar mas o espaço é curto demais. Fecho meu olho ao extremo e tento novamente.

Era uma floresta, com folhas avermelhadas caída no chão, cheia de árvores de todos os tamanhos. Não fazia idéia de onde estava.

Ouço o barulho da maçaneta na porta mover-se e me jogo na cama, agindo como se acabara de acordar.

— Já acordou - Falou entrando no quarto com um telefone em mãos. Tinha quase certeza do que iria acontecer agora.

— Preciso que faça uma ligação pra mim - Sorriu maldosamente. Uma mão estava com o telefone e a outra com uma pequena faca. O medo tomou conta de mim.

— O que você vai fazer? 

— Shi, fica quietinho, se não eu vou acabar fazendo besteira. - Começou a discar um número no teclado do celular e logo levou até o ouvido.

Ele começou a falar no telefone, olhando pra mim intensamente, o olhar me incomodava, causava arrepios. Pela expressão, eu sabia que ele faria qualquer coisa.

Ele se virou de costas ainda falando com alguém, a porta estava aberta.

Sentei-me na cama, esperei. O vi dar passos para longe da porta, minha respiração acelerou. De repente, tudo que conseguia ouvir era um zumbido horrível. Sem pensar direito, empurrei ele e sai correndo escada abaixo.

Pra onde eu vou? Pra onde eu vou?

Ouvi seus passos descendo a escada e arrisquei correr por um corredor estreito.

Olhei pra trás assim que notei o silêncio, não ouvia mais seus passos, nem nada, comecei a andar de vagar, mesmo assim meus passos ainda produziam um leve barulho.

Dobrei entrando em uma porta e a fechei com cuidado. Havia uma janela ali, dava pra passar. Me aproximei rapidamente desesperado e acabei por tropeçar em uma pilha de livros. Abri a janela e quando ia sair senti uma mão me segurando, era ele. Gritei com a cabeça de fora na janela mas ele tampou com sua mão que ainda estava com a faca.

— O que foi que eu disse pra você? 

Ele me arrastou para fora do quarto por meus cabelos, mesmo pedindo por clemência, eu não fora atendido.

— De vagar?! Eu vou te mostrar porquê você tem que ser obediente - Me sentou em uma cadeira e passou as cordas por meus braços novamente. Não me amordaçou, apenas sorriu sadicamente.

Pegou a faca e começou a passar por meu braço, do lado que não cortava, como se para ele, fossem as preliminares.

— Por favor... Não faz isso, eu obedeço você - Ele parou e me olhou.

— Eu sei que você vai me obedecer, mas eu quero fazer isso - Aprofundou o furo com a ponta da faca e desceu alguns centímetros.

— Isso... grita pra mim, grita!

Revisado

O Último SequestroOnde histórias criam vida. Descubra agora