Capítulo 7 - Estabelecendo Laços

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A essa altura já era mais que óbvio o distúrbio de personalidade do meu sequestrador, era a única explicação para suas mudanças de humor constantes, se não, o que mais explicaria sua raiva e furia ser transformada em cuidado e preocupação tão de repente?

Não sei se ficava assustado ou contente, não sei se ele estava me vigiando, me testando ou apenas confiando, por isso eu ficava em alerta. Acabei por ganhar mais liberdade dele, nada como andar por onde eu quiser, mas eu já podia ir ao banheiro e até a cozinha sozinho, já é alguma coisa pelo menos.

Passaram-se mais quatro dias depois daquele episódio surpreendente. E ele fora nesses quatro dias uma confusão só. Ele tinha mudanças tão rápido que eu não sabia quando estava com raiva ou normal. Acabei ganhando uma nova cicatriz, por que perguntei o nome dele repetidamente... As vezes eu sou teimoso.

— Não vai me dizer qual é o seu nome?  - Ele entrava no quarto com uma bandeja de comida. Mesmo que eu tivesse liberdade de descer e pegar minha própria comida ele continuava a trazendo pra mim.

— Cala a boca e come! - Ele era do tipo cuidadoso e arrogante ao mesmo tempo. Quem sabe ele não era desse jeito mesmo.

O dia correu bem até a chegada da noite. Aconteceu algo que não devia acontecer;

Um som agudo e alto ecoou pela casa inteira... Era a campanhia. Meu coração disparou. Ele me fez um sinal para não fazer barulho.  Essa poderia ser minha chance, pensei logo. Eu podia descer as escadas e falar com quem quer que seja. O barulho da campanhia fora ouvido mais uma vez antes dele abrir a porta.

Cheguei até a porta do quarto e espiei sua conversa com  dois homens vestidos com roupa de alpinismo. Acho que precisavam de um lugar para ficar.

— Tem mais alguém aqui com o senhor, ou mora sozinho ? - Perguntou um dos homens.

— Moro com meu irmão, mas ele está dormindo agora - Respondeu. Me atrevi a descer a escada fazendo barulho propositadamente e logo os olhares estavam sobre mim.

— Este é seu irmão?  - O outro dos caras perguntou.

— ...É sim, mas ele devia estar dormindo - Falou em tom ameaçador. Ignorei. Ele não faria nada, não com pessoas aqui.

— O que tá acontecendo ?-  Foi minha vez de perguntar.

— Esses homens precisam de um lugar pra ficar essa noite - Meu "Irmão" me respondeu.

— E vai ser aqui - confirmei.

— Sim. Por que  não vão pra cozinha ? Devem está com fome e eu já sirvo algo pra gente - Disse para os homens que caminharam até a cozinha.

— Se tentar ou dizer alguma coisa eu vou fazer uma cicatriz no seu rostinho lindo, tá entendendo? - Ele disse segurando meu braço com força. Assenti com a cabeça. Seria uma longa noite.

(...)

Sentados em lados diferentes da mesa, eu perto do meu sequestrador a pedido do mesmo é claro, ele que já estava visivelmente irritado com as baboseiras que os outros caras cuspiam sem ligar pra nada.

Teve um momento em que eu pensei que ele ia pegar uma faca e acertar um deles. Porém foi diferente;

O mais alto, Michael como se apresentara, era tão estúpido e falava coisas horríveis como se fosse a coisa mais normal do mundo, ele também estava em um dos lados do meu sequestrador.

Ele mexia em algo de baixo da mesa,e só depois de alguns minutos eu descobri o que era, fingindo uma queda de colher. Era uma arma, meu sequestrador estava prestes a explodir os miolos do otário, mas eu o impedi.

Segurei sua mão e olhei em seus olhos e balançava a cabeça negativamente em súplica. Ele me encarou e virou o rosto, deixou a arma no local e voltou a conversar com um deles.

Aquele não foi o ponto alto da noite. O ponto alto da noite foi ver um dos babacas caçoar de algo que  eu não lembro no momento, mas irritou o meu sequestrador a ponto de enfiar uma faca na mão de Michael.

— Seu merda! Acha que vai entrar na minha casa e dizer essas idiotices? - O outro fez menção de se levantar e correr mais foi atingindo por uma bala caindo no chão, esperneando e gritando de dor.

Revisado

O Último SequestroOnde histórias criam vida. Descubra agora