O Último Sequestro

Capítulo 2 - Cativeiro parte 2

Acordei jogado no chão de um quarto, não naquele que estive nos últimos dias, mas igualmente assustador. Trajava apenas uma cueca, a mesma que usei para tomar banho, que eu imaginava que tinha tomado. Por mais que tentasse, de nada conseguia lembrar do que houve depois de vê-lo se aproximar de mim. Eu estava com muito frio e não enxergava direito, estava com fome e não tinha forças para levantar.

Estava tão escuro que quando o meu sequestrador abriu a porta, a luz percorrendo o cômodo me deixou notar as diferenças de um para o outro, este era maior e tinha uma cama. Todos os dias em quartos diferentes, talvez fosse uma estratégia. Ele usava roupas diferentes, o meu agressor, mas sempre com o olhar sério e a expressão maldosa.

— De pé - Eu tentava, mas estava fraco demais pra conseguir. Seria melhor continuar no chão mesmo. Seria, até sentir um chute em meu estômago. Apertei os olhos com força e levantei uma mão segurando sua perna fracamente, com a intenção de impedi-lo.

Suas mãos ásperas seguraram meus braços e me levantaram. Observei ele mais de perto e vi a beleza que ele possuía. Não havia como negar. No entanto, o ódio era tamanho que eu não pensaria duas vezes, caso tivesse a chance de revidar.

— Tá olhando o que? - Disse, tive vontade de socá-lo. Desviei o olhar para as paredes. Ele me levou até o banheiro e tirou minha cueca a força, mesmo com minha relutância e além de tudo, eu estava fraco demais para lutar contra ele. Ele acabou por se molhar comigo de novo e a sua camisa colou no corpo, uma camisa preta.

— O que você está fazendo? - Perguntou ele, sobre o fato de eu ter levantado uma mão para segurar, mas ainda não conseguia responder. Deixei minha mão parada em seu peito e quase encostei minha cabeça. Desta vez apenas procurava um lugar para me escorar se não certamente iria de encontro ao chão. Minha pernas bambearam e eu sabia que iria cair.

Ele usou de sua força para me afastar e disse outro monte de baboseiras até me tirar debaixo do chuveiro e me levar para o quarto.

A minha vista estava turva, quase falha, eu não sabia o motivo.

— Se vista, há roupas nas gavetas e eu voltarei em 10 minutos, Esteja pronto se não vai ficar sem comer de novo! -Foi tudo.

Saiu batendo a porta com força. Ainda no chão, me virei e encarei o teto... Por que?

Isso realmente estava acontecendo? Ou tudo era um pesadelo que se estendia e se prolongava cada vez mais?

Tentei andar de joelhos até as gavetas, mas caí, porquê estava fraco, esgotado, cansado, com fome e sem energias.

Passei o tempo que ele havia me dado jogado no chão quando a porta abruptamente foi aberta.

Ele suspirou longamente.

— Você é mesmo um molenga - Disse me levantando de novo.

— Eu não tô aqui pra cuidar de você! Eu tô aqui pra te manter preso até minha encomenda chegar, e até lá eu tenho que te deixar vivo, então colabora pra eu não acabar te matando antes do tempo - Disse rápido de mais e com facilidade, eu a essa altura já estava sorrindo, mesmo fraco e cansado eu ainda conseguia provocar.

— Não é o que parece - Eu disse com dificuldades. Ele bufou, mas ignorou. Logo me ajudava a me vestir e a me sentar em uma pequena cama desconfortável e dura.

Trouxe minha comida e me esperou terminar. Eu não conseguia quase nem comer direito. As vezes eu ficava o encarando enquanto levava as colheradas a minha boca e ele se zangava me perguntando o porque eu não tirava os olhos de si.

— Não sei, talvez eu queira lembrar de como você é, pra poder descrever pro meu pai  -  Ele abriu um sorriso, sabia exatamente o que eu queira dizer com isso, e algo naquele sorriso me dizia que não teria essa oportunidade. Depois de terminar. Ele me trouxe água. Estava com um gosto estranho e logo bateu o sono. O desgraçado havia me drogado, deduzi pela tontura sentida.

Quase saía do quarto quando eu o chamei antes de apagar completamente.

— O que você quer? - Perguntou.

— A cama tá desconfortável - Disse, não raciocinando direito.

Olhou demoradamente e fechou a porta. Apaguei mais uma vez.

Revisado