Capítulo 10 - Inevitável

10.7K 942 415
                                    

A liberdade fora me dada mais uma vez, mas desta eu tinha acesso total, com exceção de seu quarto, ele nem ao menos me deixava chegar perto da porta, e eu descobri por esta manhã que seu quarto fica a alguns metros do meu, em uma das portas que sempre vejo ao sair.

Ele quase nunca trocava palavras comigo desde o beijo que eu dei nele. Acho que até entendo. Seria forçar de mais exigir que ele dissesse alguma coisa ou que simplesmente falasse comigo sobre o ocorrido. Ele era mesmo uma surpresa.

Eu estava na sala sentado em um sofá de frente pra uma TV, porém ela estava desligada, e além do mais não funcionava ali, o que me levava a perguntar o porquê de uma TV aqui. Nos últimos dias iniciamos uma troca de olhares feverosa, terminando apenas com um sorriso de ambos os lados. As vezes enquanto eu descia as escadas, quando saia do banheiro, quando ia comer ou fazer qualquer coisa que ele estivesse perto.

Nos últimos dias recebemos também mais 3 visitas de caras que faziam alpinismo, pelo que fiquei sabendo sobre a região é que ela era montanhosa e ele não sabia que era um ponto ideal para alpinismo. Não aconteceu nada grave.

Bom quase, o último cara era tão babaca quanto os primeiros a virem aqui, mas não ficou pro jantar. Teve de ir logo, passou a penas para beber água.

Houve uma aproximação peculiar entre nós, palavras não eram trocada com tanta frequência mas ficávamos bastante tempos juntos. Uma vez eu adormeci no seu colo no sofá e ele me levou pro quarto - dizendo ele -.

— Eu preciso ir à cidade, tenho que recompor a dispensa. Se comporte! - foi uma surpresa ouvir ele dizer aquilo. Ele realmente estava me deixando sozinho e sem trancar a porta? Por dentro eu estava gritando, mas por fora eu apenas acenei.

Eu estava apaixonado por ele, tentava negar a mim mesmo, mas já era óbvio. E ele, bem, ele não correspondia de maneira direta, mas sempre estava lá.

Depois desse dia quando ele chegou e me viu sentado no sofá olhando pro nada ele se sentou do meu lado e iníciou uma conversa. Eu achei estranho de mais - porém conversei com ele do mesmo jeito -.

Depois tudo se seguiu melhor do que o esperado, ele me pediu pra subir pro quarto e que logo viria também.

Eu subi e depois ele subiu, apareceu na porta com umas sacolas sorrindo feito criança.

— Tá afim de beber ? -Ele perguntou tirando uma garrafa de vodka de dentro da sacola e uns maços de cigarros. Eu logo franzi o cenho. Estava sentado no pé da cama e ele se juntou a mim.

— Eu não bebo - Recusei.

— Mas pode começar - Insistiu. Sempre recusei os convites de bebidas dos meus amigos e agora eu estava repensando seriamente sobre isso.

— Vamos lá - Pediu. Eu já sorrindo peguei um copo de vidro de sua mão e pedi pra ele por um pouco, ele encheu o copo.

— Eu disse um pouco! - Protestei.

— Calma, é só beber um pouco e aí se gostar já pode beber mais, se não deixa no copo que eu bebo - Foi a sua resposta.

Experimentei... Desceu queimando, em seguida balancei a cabeça espremendo os olhos ao máximo e soltando um gemido. Ele riu e levantou o seu copo como que em brinde e depois bebeu sua dose. Confesso que gostei. A sensação combinou com o momento.

Passavam-se minutos e eu bebia cada vez mais, não me preocupando com nada se não a companhia do cara ao meu lado contando coisas que entravam e saiam por meus ouvidos. Ele estava bêbado e rindo muito. eu amei sua risada... Passei a olhá-lo toda vez antes de engolir o líquido, não por vontade própria, estava enfeitiçado.

— E foi assim que eu vim parar onde eu tô agora - Ele terminou. Fora a única coisa que eu ouvi desde que ele abriu a boca - que eu me lembre pelo menos -.

— Legal - Balancei a cabeça como se tivesse entendido tudo que ele disse a minutos atrás. Estava mais preocupado em olhar para os seus lábios chamativos.

— Quer me beijar outra vez? - Ele perguntou notando minha total fixação por sua boca. Relutei,porém não iria desistir a essa altura do campeonato... Se eu acabei de beber eu posso beijar.

A sua pergunta havia saído mais como um convite do que uma pergunta. E eu amo convites.

— Quero - Respondi balançando a cabeça diversas vezes arrancando um risinho seu. Francamente, eu parecia um garoto de 13 anos vendo os peitos de uma garota mais velha.

— Pode vir - Ele disse tirando as garrafas e os copos que nos separavam um do outro. A Bebida é realmente incrível... Eu me arrastei devagar até estar do seu lado, sorrindo toda vez que avançava um pouco. Sóbrio, eu não faria isso. Da última vez eu estava com muita vontade, porém desta vez eu poderia me repreender, se tivesse sóbrio.

— Promete corresponder dessa vez ?

— O que?

— Nada...

O beijei. Seria um misto de emoções junto a Vodka, algo novo mas não desagradável. Ele novamente não correspondeu. Será que eu devia ter perguntado mais alto? Agora era tarde. "A não correspondência" dele me magoava, eu sei, algo tolo, mas o que posso fazer? Sou de câncer. Sentimentos frágeis.

Embora não correspondesse, suas mãos faziam uma passeata pelo meu corpo. Juro que senti ele apalpar minha bunda, mas eu estava bêbado não é?

A consciência já detonada por conta da bebida agora faíscava por conta do beijo e eu não dava a mínima, na verdade eu piorei. Usei minha força para ficar em seu colo. Deus, eu havia me tornado um devasso. Se a bebida me tirava a vergonha naquele momento, mais tarde eu nem conseguiria olhar para ele.

Estava bom demais para acabar ali e não acabaria...

Revisado

O Último SequestroOnde histórias criam vida. Descubra agora