Decision

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Assim que conheceu Changmin, Mark sentiu, pela primeira vez, que não era uma aberração. Mesmo que não houvesse motivos para que ele pensasse dessa forma, ele tinha certeza que Luda e ele não eram iguais e que, por isso, ela era muito melhor do que ele. Ele vivia em um universo onde não sabia se amava ou sentia inveja da irmã mais velha.

Ela conseguia se controlar, não se transformava se não quisesse, conseguia se lembrar de tudo o que fazia. Luda conseguia até mesmo adivinhar seus pensamentos. Ele se sentia mal por isso. Diminuído. Queria ser igual a ela. Melhor do que ela. A presença de Changmin deu a ele algo que ele não podia encontrar sozinho. Autoconfiança.

Mark não percebeu que Changmin não era confiável. Ele sabia que havia feito coisas ruins, ele não se lembrava, mas tinha certeza que sim. Ele sabia que faria coisas piores se continuasse naquele caminho, mas, por algum motivo, ele achou que não poderia evitar. Ele tinha certeza que seu avô era o único que poderia ajudá-lo.

A verdade era que Changmin tinha um poder absurdo sobre o garoto, sabia o que dizer para convencê-lo a fazer tudo que quisesse, fosse sua persuasão ou qualquer outra coisa, Mark estava em suas mãos. Ou pelo menos, esteve durante algum tempo.

Lentamente o alfa começou a fazer com que Mark se sentisse ameaçado pela própria irmã, o que ele não contava era que Luda e Mark tivessem uma ligação tão forte. Forte o suficiente para deixar o pequeno sugestionável. Desde o seu primeiro hut, Luda se sentia mais influente e por isso mesmo, ainda mais liga à Mark. Sabia que ele estava precisando dela. Que estava em perigo. Ela só não conseguia compreender o que estava acontecendo, não sabia o que fazer para ajudá-lo.

Ela tinha certeza que Mark a amava. Ela sentia. Mas, também sentia que ele estava confuso e com medo. Por essa razão, o maldito sonho em que ela estava caída e ele sobre o seu corpo se fazia mais presente e cada vez mais doloroso. Ela não sabia o que significava, mas a deixava em pânico. Então fez um teste.

Sabe o que acontece quando você sussurra algo várias vezes para alguém que está dormindo? Eventualmente essa pessoa acaba sonhando com aquilo. O que ela conseguiria fazer, considerando que podia entrar na cabeça de Mark? Noite após noite, Luda sugeriu que ele a machucaria. Não como um sussurro. Mas, como uma ideia. Mesmo que ele se esforçasse para mantê-la afastada, ficava mais vulnerável quando pegava no sono e era nesse momento que ela agia.

Os dias foram se passando e Mark estava cada vez mais assustado. A perturbadora imagem de sua irmã ensanguentada voltara à sua mente com toda força e ele não sabia por quê. O garoto se via machucando Luda. Não queria isso. Não faria isso. Ela sabia que ele estava arrasado, mas não podia fazer muita coisa, não quando ele a bloqueava. Não quando ele percebia que ela estava ali.

Changmin havia sumido completamente, o que deixava Mark ainda mais assustado. Sem o alfa para guiá-lo, estava completamente perdido, porém, na noite em que ele finalmente retornou, tudo ficou claro para o menino. Só então ele percebeu o erro que cometera.

***

Mark assentiu, secando o rosto com as costas da mão. Se era isso que ele precisava fazer, então ele faria. Ganhou dois tapinhas no rosto e sorriu, de alguma forma ele achava que a aprovação de Changmin seria o suficiente para aquilo soar menos errado. E naquele momento era tudo que ele tinha, então, era o que ele usaria.

O alfa se afastou enquanto Mark se transformava. Rapidamente ele usou a árvore que ficava próxima a janela do quarto de Seungwan como uma espécie de escada, subindo sem dificuldade, considerando que já havia feito aquilo uma quantidade incontável de vezes. Caminhou lentamente sobre o galho e encarou a menina adormecida na própria cama.
Empurrou a janela - que nunca era trancada - com a pata e entrou no quarto.

MARK'S CURSEOnde histórias criam vida. Descubra agora