Na manhã seguinte Mark acordou com um barulho incômodo, um zumbido que parecia vir de dentro da própria cabeça. Abriu os olhos, mas, os fechou imediatamente, seu estômago doía, suas pernas e braços, na verdade, seu corpo inteiro doía, por dentro e por fora. Sentiu uma superfície endurecida sob si e percebeu que estava deitado sobre o carpete do seu quarto, forçou-se a abrir os olhos novamente e a se sentar. Levou uma das mãos à testa, em um movimento reflexo, como se aquilo fosse diminuir a dor.
Seus olhos se acostumaram com a claridade e ele passou a enxergar melhor: piscou algumas vezes antes de olhar para baixo, suas mãos pequenas estavam manchadas, assim como suas roupas. Um vermelho vivo com um cheiro engraçado. Forçou-se a lembrar: o que você fez ontem Mark? Onde você estava? Sua cabeça voltou a doer e ele sentiu sua garganta travar quando a imagem de uma garotinha caída e uma quantidade absurda de sangue à sua volta surgiu em sua cabeça.
Jaehyun estava no andar de baixo com Somin e Sunmi, conversavam calmamente sobre formas de entender o que acontecia com seus filhos, maneiras de se aproximarem deles. Aquilo não estava certo, Luda e Mark tinham uma ligação tão forte, algo não podia ser perdido por alguma birra infantil. Era sábado. Taeyong dormia profundamente em seu quarto, assim como Victoria e Krystal. Hyori cuidava do jardim. Era um dia tranquilo. Deveria ser.
De dentro do quarto, um Mark miúdo e assustado começava a chorar, chamando baixinho, papai... papai... Não conseguia emitir qualquer som passível de ser ouvido por alguém que não fosse ele mesmo. As lágrimas agoniadas começaram a correr pelas bochechas do garoto enquanto ele arrumava forças para gritar, pedir ajuda. Jaehyun encarava suas mães com uma expressão pensativa, enquanto ouvia atentamente o que as duas falavam. Mark respirou fundo, enchendo os pulmões antes de berrar em desespero.
— PAPAI! — a voz agoniada do filho mais novo fez o alfa se assustar e correr sem pensar direito até o quarto do garoto.
— Mark! — rosnou do outro lado da porta de madeira, que estava trancada. Rosnou mais uma vez, antes de colocá-la abaixo com um chute.
O garoto estava sentado sobre o tapete do quarto, olhando diretamente nos olhos do pai. O alfa travou onde estava, encarando a figura do filho: o pijama azul estava em frangalhos, as manchas de sangue seco espalhadas pelo corpo e pelo que restou dos farrapos que cobriam o menino. Os olhos brilhavam em um castanho genuíno, idênticos aos do alfa, as lágrimas corriam abundantes pelas bochechas rosadas, manchadas de sangue, o peito do menino subia e descia frenético.
— Papai... — ele disse baixinho, arrancando o alfa do maldito transe em que havia se enfiado. — Papai... — ergueu os braços como se pedisse colo, ainda chorava muito, estava em pânico.
Jaehyun correu para dentro quarto, agarrando o garoto e puxando-o para o seu colo. Mark prendeu-se ao alfa com braços e pernas, segurando com as mãozinhas pequenas a nuca do moreno.
— Papai... Pai eu... Eu... — ele dizia baixinho, em meio ao choro agoniado.
— Está tudo bem? Você está bem? — Jaehyun apertava o filho nos braços enquanto o garoto tremia.
— Papai? Eu não sou um garoto mal, por favor, eu posso ser bom. Não desista de mim, eu posso ser bom! — ele pediu, em meio ao choro agoniado.
À esse ponto, Taeyong já havia acordado com o coração acelerado, a corria aflito até o quarto do filho encontrando-o nos braços de Jaehyun. Assustou-se com as manchas de sangue sobre o carpete e se aproximou dos dois.
— O que aconteceu? O que aconteceu? — o ômega perguntou, enquanto checava o corpo do garoto como podia, considerando que ele estava agarrado ao alfa — Jaehyun o que houve? O QUE HOUVE?
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MARK'S CURSE
Hayran Kurgujaeyong | abo • Durante oito anos a família Lee Jung manteve-se em segredo. Durante oito anos viveram em paz, trabalharam, amaram seus filhotes, viram-nos crescer. Durante oito anos Taeyong e Jaehyun viveram uma ilusão, a vida real é uma droga e ele...