O Outro Lado - O Segredo da Família Glarson

Capítulo 9 - Falsas identidades?

 Sei que o que está acontecendo comigo é algo impossível de entender, mas não estou ficando louca. Tenho certeza absoluta do que vi. Posso afirmar que a Srta. Berry estava bem à minha frente, mas é claro que nem a Live e nem o Davi irão acreditar em uma palavra se quer. Na verdade, acho que ninguém vai. Caminhei sem olhar para trás. Notei que havia alguém me seguindo, mas mantive minha atenção à frente. Comecei a agilizar meus passos e quanto mais rápido eu caminhava, a sensação de estar sendo seguida aumentava. Olhei para trás de uma vez, e logo me deparei com Lucas.

- Por que está me seguindo? – Perguntei, olhando para ele e demonstrando estar completamente exaltada.

- Me desculpe, Emilly. Eu só... – Fez uma breve pausa. Sentou-se na calçada e eu me aproximei, ele parecia estar preocupado.

- Você só o que? – Falei, me sentando ao seu lado.

- Eu só precisava conversar com você. Nós nunca seriamos amigos, eu sei. Já te fiz muito mal, e sei que pedir desculpas não retira o tormento que fiz você passar... Mas, precisava conversar. – Disse ele, me olhando de um jeito leve e ao mesmo tempo evitando contato visual.

- É você é um idiota... Mas, não vejo o porquê não podemos ser amigos, digo, não vejo o porquê não podemos conversar. Também sou idiota com muita gente, só precisamos de uma chance. – Tentei o consolar, de uma forma que soubesse e sentisse que apesar de já ter me magoado, ainda pode contar comigo. 

 Minha avó sempre me ensinou que, o fato de alguém ser ruim conosco não significa que devemos ser com ele. Não podemos deixar o mal de alguém nos mudar por dentro e assim, nos tornar mal também. Por tanto, resolvi dar uma chance ao Lucas.

- Obrigado... – Disse ele.

- Tudo bem. Sabe... Eu andei pensando sobre o que você disse mais cedo. – Falei, e sorri para ele.

- E então? A que conclusão chegou? – Perguntou, voltando sua atenção toda para mim. 

 Quando me olhou diretamente nos olhos, o reflexo do sol acompanhava cada detalhe em seu rosto. Seus cabelos negros, brilhando sob a luz do dia. Seus olhos castanhos claro, em um tom de mel, que certamente são encantadores. Sua pele de aparência tão macia.

"Concentre-se, Emilly!", meu consciente faz questão de me lembrar.

 Aparentemente eu estava de boca aberta, quase babando enquanto admirava sua definitiva beleza. Ele me olhava e apenas sorria para mim, um sorriso sarcástico. Talvez fosse por eu estar babando, ou por que ele tem esse costume de sorrir quando me olha. Não que sinta algo por mim, isso é impossível, mas... Deixa para lá, estou me perdendo cada vez mais nas minhas palavras. Preciso parar de babar e o encarar tanto. Enfim, passei a mão na boca e sorri. Morta de vergonha, claro. 

 "Responde a pergunta dele, Emi", novamente meu subconsciente me dá um toque.

- Bom, a minha conclusão é que... Por que não, né? Gosto de fazer caridades. – Abri um sorriso para ele, demonstrando que também sei ser provocadora. 

 Ele olhou para o chão, sorriu, e voltou sua atenção para mim.

- Obrigado novamente Emilly. Está salvando a minha vida. – Disse ele.

- Devagar ai meu jovem! Você fica me devendo uma, lembra? – Falei.

- Claro, como quiser. – Disse ele. Não parava de sorrir. 

 "Será que ainda estou babando?", pensei.

- Pois bem. Não estou fazendo isso por você, afinal vamos ficar kits, não é? – Concluí.

- Sem dúvidas Srta. Glarson. – Ele me encarou, sorriu, e estendeu sua mão. Estendi a minha e a apertei, pois estávamos iniciando um acordo.

 Uma voz de fundo nos interrompe. 

- Lucas! Ai está você. O procurei por toda parte. – Disse a garota.

 Não faço ideia de quem seja ela, mas sei que é da nossa escola. Já havia visto ela algumas vezes. 

- Oi, Lizy. Já me encontrou. – Ele respondeu, se levantando para cumprimentá-la. 

- Ora, cadê meus modos. – Disse ela, se aproximando de mim. – Prazer, sou Lizy. – Disse olhando para mim e estendendo sua mão.

- Prazer Lizy, sou Emilly. – Apertei sua mão em sinal de educação. Me levantei, e então parecia que já estava sobrando ali.

- O que houve? – Lucas perguntou a ela.

- Nada, apenas queria saber que horas posso ir à sua casa. – Ela respondeu, mexendo em sua blusa.

 Pelo visto era mais uma das garotas com quem o Lucas sai. Com certeza seria melhor me mandar dali.

- Bom, já vou indo. Foi um prazer te conhecer Vivi. – Falei e sorri para ela, me despedindo.

- Ah, é Lizy. – Ela sorriu de volta, mas era um sorriso de "concordo, já deveria ter ido".

- Desculpe, Lizy. – Concertei.
 Lucas de canto, apenas estava rindo. Sem dúvidas estava se divertindo com tal situação.

- Te encontro depois, Emilly. Obrigado novamente. – Disse ele.

 Assenti com a cabeça, e então me virei. Comecei a caminhar para o mais longe dali. Andando devagar vi Live e Davi vindo em minha direção.

 "Droga, lá vamos nós novamente!", pensei.

- Emi! Que bom que te encontramos. – Disse Live.

- Uhu! Que ótimo. – Falei, sendo o mais irônica possível.

- Precisamos conversar, é algo que com certeza vai te interessar. – Continuou ela.

- Live... Tem certeza de que é melhor contar? – Disse Davi.

- Claro que sim, Davi. Ela precisa saber! – Confirmou Live.

- Olá! Eu estou aqui. – Interrompi os dois.

- Emi... Prometa que não vai surtar. – Disse Live, estava com uma expressão desesperadora. 

- Ok. Eu prometo. Agora dá para dizer logo? – Falei.

 Eles dois estavam me encarando com um olhar de suspense. Estavam com medo de algo, ou tentando impedir algo. Isso definitivamente estava me assustando.

- A Srta. Berry é bem próxima da sua mãe... – Disse Davi.

- Sim, eu sei. Eu disse isso a vocês. Ela conheceu a minha mãe na infância. – Falei.

- Não, Emi... Ela não era apenas amiga da sua mãe... – Davi continuou.

- Vai me dizer que elas tinham um caso então? Minha avó nunca me disse que a minha mãe também gostava de mulheres. – Insisti.

- Não é só isso que a sua avó não te conta... – Disse Live.

- Como é? – Perguntei, já estava ficando farta de seus joguinhos.

- A Srta. Berry na verdade é irmã da sua mãe. – Disse Davi.

- Era... – Complementou Live.