Não estava acreditando no que havia acabado de ouvir. A Srta. Berry, irmã da minha mãe? Isso é impossível. A minha avó teria me contado.- Tudo bem, agora quem está maluco são vocês dois. – Falei.
- Emilly, o delegado acabou de confirmar a verdadeira identidade da Srta. Berry. Nela dizia: Emma Glarson Smiter Berry. – Disse Live.
- Ok. Pode haver outra família Glarson. – Tentei achar uma explicação clara.
Talvez eu não estivesse tentando os convencer de que aquilo era loucura, e sim tentando convencer a mim mesma.
- Emi... O nome da sua avó está na identidade da Srta. Berry. – Concluiu Live.
Meu mundo havia acabado de cair. Eu tinha uma tia viva, e só fui descobrir isso após ela morrer. Não entendo... Por que minha avó escondeu isso de mim? Não conseguia parar de me perder em meus pensamentos. Sempre tive essa habilidade, mas dessa vez, gostaria de não ter. Simplesmente fui me afastando deles dois, com os olhos cheios de lágrimas me segurando para não chorar ali. Live e Davi começaram a me acompanhar.
- Espera, Emi! A onde você vai? – Perguntou Live, quase berrando na rua.
- Atrás de respostas! – Gritei de volta.
Fui correndo o mais rápido que pude para casa. Não podia evitar a dor e o ódio que estava sentindo. Estavam definitivamente me consumindo. Pensar que a minha avó pode esconder isso de mim. Esconder um livro, tudo bem. Agora, esconder a minha tia? Isso foi o cúmulo, e espero que ela tenha uma boa explicação para isso. Demorei, mas finalmente cheguei. Live e Davi vieram comigo, talvez para me impedir de fazer, ou dizer coisas que possam me prejudicar. Abri a porta, quase a arrancando. Minha avó estava na cozinha e ao ouvir o barulho da porta veio até mim.
- Finalmente chegou, e trouxe a dupla Live e Davi. Oi crianças, como vocês estão? – Disse ela, parada à minha frente, com um sorriso no rosto.
- Sem papo furado, vovó! Se é que você é mesmo minha avó. – Falei, em um tom alto, firme e claro.
- Que tom é esse, mocinha? Não tem mais respeito pela sua avó? – Continuou ela.
- Emi... Deixa isso para depois, você está de cabeça quente. É melhor não dizer nada agora. – Live se intrometeu.
- Tudo bem, Live. Agora quero saber o motivo de tamanho desrespeito da parte da minha neta. – Disse a minha avó. Aparentava estar tão irritada, porém, não tanto quanto eu.
- Quantas tias você vem escondendo de mim esse tempo todo? – Continuei.
- Do que está falando? – Disse ela, demonstrando não compreender nada.
- Vamos vovó! Não se faça de desentendida, eu conheci sua outra filha. Emma esteve comigo! – Falei.
No mesmo instante, ela caiu no chão. Lágrimas começaram a escorrer de seus olhos.
- Emma... Minha Emma está na cidade? Ela não podia ter voltado... Onde está Emma? – Disse ela, chorando e extremamente em alto desespero.
- Sua Emma está morta. – Continuei.
- NÃO! – Ela gritou, caída no chão. Pois suas mãos em seu rosto, e parecia que se esforçava para respirar.
- Sra. Glarson... Venha! Levante. Segure minha mão. – Disse Live, se aproximando dela e tentando ajudá-la.
- Eu disse a ela para não voltar... Por que ela fez isso... – Continuou minha avó.
Ela se levantou com a ajuda de Live, que a levou até seu quarto. Deitou-a em sua cama, e a cobriu. Ficou do seu lado lá em cima até que ela conseguisse parar de chorar. Por fim, ela dormiu. Antes de fechar seus olhos, entregou uma carta para Live. A carta parecia ser antiga, pois estava meio amassada e suja. Live saiu de seu quarto em silêncio, para não acordá-la. Fechou a porta, desceu as escadas e foi até a cozinha, onde Davi e eu estávamos.
- Ela dormiu. – Disse ela, se aproximando. Sentou-se na cadeira ao lado de Davi e colocou a carta em cima da mesa.
- Que bom... – Disse Davi. – Ela estava completamente nervosa, e arrasada. – Continuou.
- O que tem nesse papel? – Perguntei.
- Não sei... Sua avó apenas me entregou antes de dormir, não disse nada. – Respondeu ela.
- Me dá ele aqui. Vamos ver o que tem. – Sugeri.
Ela me entregou em minhas mãos. A carta estava um tanto amassada, e um tanto suja. Aparentava ser antiga. Assim que a abri comecei a ler em voz alta.
"Querida Emi.Sei que deve estar extremamente confusa... E se estiver lendo esta carta, significa que meu plano deu certo. Não culpe sua avó. Eu e seu pai a fizemos prometer que, ela só iria lhe contar a verdade quando tivesse idade para saber. Quando fosse forte o suficiente para lidar com isso. Se está lendo esta carta, então significa que chegou o momento certo. Não queremos que sinta raiva de nós, queremos que saiba que sempre amamos você, desde o dia em que soubemos que iriamos tê-la. Foi uma notícia e tanto. Ficamos felizes, e juramos que iriamos a proteger, custe o que custar! Adoraríamos vê-la crescer, vê-la se formar. Neste momento acredito que esteja acabando o Ensino Médio, correto? Sei que deve ser uma garota inteligente, muito linda, e sem dúvida alguma, muito gentil. Com certeza arrasa corações na escola (risos). Esta carta, é somente para que você saiba que de onde estivermos, estaremos torcendo por você, Emi. Sentimos orgulho da garotinha que foi, e também da mulher que está se tornando. Saiba que o que fizemos, fizemos por você. Fizemos por que a amamos, e queríamos que você pudesse crescer e ter uma vida normal. Sua avó irá entrar em detalhes. Precisávamos que lesse esta carta antes, e nunca se esqueça filha... Será sempre nossa borboleta brilhante.
Com amor, Mãe e Pai."
Larguei a carta após a ler. Senti meu corpo tremer como nunca, e minha respiração parar como sempre. Estava boquiaberta. Completamente pasma. Acabei de ler uma carta escrita pelos meus pais. Quantas coisas ainda vou ter de ler? Quantas coisas ainda terei de descobrir? O acidente deles, realmente foi um acidente? Minhas ideias estão apagadas. Meu subconsciente não está trabalhando, não estou conseguindo raciocinar.
- Olha, Emi. Atrás da carta tem uma foto. – Disse Davi, pegando a carta do chão e interrompendo meus pensamentos sem lógica.
Peguei a carta novamente em minhas mãos, ao olhar atrás pude ver. Havia uma foto. Minha mãe e meu pai comigo entre os dois, eu estava os abraçando. Por um instante, me recordo desta foto. Foi tirada no dia do meu aniversário, quando completei cinco anos. Meu coração apertou ao olhá-la, ao ver o sorriso brilhante e alegre dos meus pais. O que mais me dói, é saber que nunca poderei rever estes sorrisos intensos novamente em minha frente.
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O Outro Lado - O Segredo da Família Glarson
Gizem / GerilimEmilly Glarson é uma garota de 16 anos, nascida em Chester (Nova Jersey). Aos seus 5 anos de idade seus pais morreram em um acidente de carro, consequentemente ela cresceu com a sua avó Clarice. Sua cidade tem uma reputação assombrada, Emi descobre...