Dez anos antes
Milão, Itália.
— As coisas estão ruins em Piemonte — meu pai disse, sentado na ponta da mesa. Do outro lado, estava eu. Nas laterais estavam os outros capos da região da Lombardia, nossos aliados, homens que tinham seus próprios soldados, mas no fim do dia respondiam ao Capo de tutti capi, meu pai.
— Os bastardos já explodiram nossos bordéis, roubaram nossas mercadorias — Donato, o conselheiro do meu pai, reclamou. Ele tinha razão.
— Eles estão trabalhando com os malditos mafiosos nigerianos, aposto — concordou um dos chefes, Fulvio.
— Anitchka? — meu pai chamou, ele queria saber o que eu faria.
— Nossos inimigos detém poder sobre Roma, além de toda a região de Marche e da Toscana, eles estão se aproximando de nós, se tomarem Piemonte, estaremos muito vulneráveis.
Piemonte era uma região próxima a nós. Que durante anos tinha sido comandada por uma família aliada ao meu pai. Mas os Mancini tinham dizimado qualquer que ficasse no caminho deles para comandar Piemonte. Eles eram, originalmente, uma família do centro do país, longe de nós, que tentava a todo custo dominar o nosso redor. Por isso a obsessão com Piemonte, um território ao lado do nosso.
— Se não fizermos nada, vai ser questão de tempo até nossos aliados se juntarem a eles — acrescentei. — Então deveríamos nos fortalecer. Eles podem ter Piemonte se nós tivermos o resto do país.
— Muito bem. — Eu mal conseguia disfarçar que estava feliz com o elogio. — Juntem todas as famílias que respondem a nós e achem novos aliados. Agora ou estão conosco, ou contra nós. Deixem-nos, preciso conversar com a minha filha.
Os homens concordaram antes de sairem apressados.
— Você está preocupado com isso — observei. Meu pai não era exatamente uma pessoa sorridente e extremamente amorosa. Mas ultimamente ele tinha estado mais tenso que nunca.
— Sim. Esses malditos Mancinis! — praguejou. — Eles devem estar planejando isso a anos. Fizeram tudo pensado para nos atacar quando estamos por baixo.
— Nós não estamos por baixo. Eles controlam o centro e agora podem ter piemonte. Mas todo o noroeste e nordeste é nosso.
— Isso não é nada. Sem Piemonte perdemos uma importante passagem para a França e Suíça.
— Temos que fazer algo então — conclui. — Já avisamos que é hora dos nossos aliados se unirem a nós e temos aliados por todo o país, o que mais podemos fazer?
— Precisamos dos Fattore mais que nunca. Eles tem controle sobre todo o sul do país, inclusive a Calábria e Sicília, duas regiões que não vão nos apoiar se ele não fizerem.
— Achei que tivéssemos uma boa relação com eles. Omero vai ficar do seu lado.
— Ele já ficou, a custo de uma condição. — Meu cérebro entrou em estado de alerta. Nada de bom poderia sair daquilo. — Ele quer que seu filho, Romano, case-se com você.
— O quê? — Eu tinha entendido perfeitamente, mas precisava escutar outra vez.
— A união de vocês dois seria algo nunca visto antes. As duas famílias mais importantes da itália, comandando juntas.
— Mas então, Romano seria o capo? — Meu pai podia ter qualquer defeito, mas ele tinha feito um exímio trabalho ao me criar para ser uma capo. Ele tinha me ensinado a ser uma verdadeira chefe.
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Doce Orgulho (Completa) - Série Criminosos Irresistíveis - Livro 2
RomanceAnitchka Della Volpe é a mulher mais poderosa da máfia. Futura chefe das famílias italianas aliadas, ela tem tudo planejado, só precisa resolver uma ponta solta, Romano Fattore. O homem com quem é casada, apesar de não ver há oito anos. Anna precis...