III - Mata-me de prazer

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Hoje

Tenderloin, São Francisco, Califórnia.


Escuto passos no corredor e o barulho da chave sendo colocada na porta. Minha mão automaticamente vai para a bolsa onde minha pistola está guardada.

A porta abre e Romano me vê sentada em seu sofá. Dio mio, ele está ainda mais lindo do que a última vez que eu o vi. Seu cabelo está um pouco mais comprido que antes e minha mão coça com a memória de enroscar meu dedo nos fios marrons. Ele tem uma barba por fazer que consegue deixá-lo ainda mais sexy do que eu me lembrava. Lindo, mas não só isso. Enquanto a maioria de nós parecia mais... bruto, se é que essa era a melhor palavra, Romano tinha uma leveza só dele. Ele emanava essa energia. Em todos os outros homens, você só precisava ser um pouco observadora para notar a sombra da máfia, mas não em meu ex maridinho. Ele também era o único capaz de derrubar todas as minhas barreiras e defesas. As vezes, eu costumava me perguntar se ele não era capaz de ver através de mim.

Mas ele tinha mudado, está mais velho, um pouco cansado, mesmo assim é o mesmo homem lindo de sempre. E acho que eu ainda tenho algum efeito nele também, porque Romano parece que acabou de ver um fantasma.

— Anitchka, — ele se recupera do susto e fecha a porta atrás dele — você não precisava ter arrombado.

— Você mora em um buraco, eu não queria correr riscos desnecessários. Você preferiria que eu tivesse incendiado o lugar todo?

— Isso seria dramático, até para você. — Ele coloca uma sacola com alguns mantimentos na mesa da cozinha, calmamente, antes de voltar para a sala. — Seu cabelo está diferente.

Hum, então ele também reparou em mim. Na última vez que Romano me viu meu cabelo marrom escuro, quase preto, era comprido, agora chega até um pouco abaixo dos ombros.

— Muita coisa mudou nos últimos anos.

— O que você está fazendo aqui, Anna? — Ele bufa e se joga ao meu lado no sofá.

— Você sabe muito bem. Eu procurei você em todo lugar. — Meia verdade.

— Eu achei que você desistiria eventualmente. Eu não entendo. — Ele balança a cabeça, consternado. — Eu ser um traidor, estar desaparecido, é a melhor coisa que você poderia querer. O poder todo na sua mão, a oportunidade de ser a coitadinha, a mulher abandonada.

— Eu estava disposta a dividir o poder — rebato. — Naquela época, tudo que eu queria era você. — Ele se surpreende com a minha franqueza, mas disfarça rapidamente.

— Eu não vou voltar — diz.

— Eu sei.

— Então você vai ter que pegar a pistola escondida nessa sua bolsinha e colocar uma bala na minha cabeça. — O maldito ainda me conhece bem demais. — O único jeito de você me levar de volta, é morto.

— Você sempre tem que dificultar as coisas — reclamo. — Sempre.

— Você não faz ideia. Onde está o Dom? — ele pergunta. — Ele não é mais grudado em você?

— Você continua muito engraçado. O Bello está em Santa Bárbara, resolvendo negócios.

— Bello? — levanta uma sobrancelha.

— É uma coisa nossa — explico. — Giorgio arrumou uma namorada mais nova que o Dom e a mulher ficava chamando-o de bello.

O pai de Dom deveria ser o segundo no comando, por ser irmão mais novo do meu pai. Mas o homem é completamente irresponsável. Um bêbado inútil que nunca fez nada pelo filho. É um milagre que Dom tenha se criado sozinho e se tornado o homem que ele era, eu certamente o admirava por isso.

Doce Orgulho (Completa) - Série Criminosos Irresistíveis - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora