XXXIII - Doce vingança (parte I)

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Hoje

Milão, Itália.

— Explique de novo — eu mando. Escutei muito bem da primeira vez, mas preciso que Romano repita tudo.

— O nosso casamento foi um plano muito bem elaborado por Omero Fattore e Salvatore Mancini — conta. — Primeiro os Mancini fizeram seu pai ficar pressionado. Por que Omero sabia que isso faria Malone recorrer a ele. Então ele sugeriu nosso casamento e a união das famílias. O plano era que após alguns anos de casados, quando seus homens fossem fiéis a mim, Salvatore atacasse e você fosse uma das vítimas.

— Então você seria o capo, o único. E meus homens seriam seus, por que meu pai já estaria aposentado há tempo demais para voltar — deduzo.

— Exatamente, mas quando você sequestrou Mancini Junior você chegou perto demais de descobrir tudo.

— Então você fugiu. — Me encosto em uma cômoda do outro lado do quarto.

— Não — ele fica levemente indignado com a minha suposição. — Eles decidiram acelerar o plano. Eu deveria matá-la. Com as minhas próprias mãos e fazer parecer que Junior tinha feito isso. Por isso eu fugi. Enquanto eu estivesse desaparecido, meu pai nunca poderia eliminar você, Anitchka. Enquanto eu estivesse longe, ele precisava de você.

Isso me pega de surpresa. Eu já sabia que quando Romano dissera que "pais são a chave", ele se referia a Omero, mas nunca passou pela minha cabeça que essa fosse a razão. Nunca passou pela minha cabeça que Romano tivesse fugido para me proteger. Assim como nunca passou pela minha cabeça que ele tivesse casado comigo com a intenção de me matar em um futuro proximo. Eu não sabia mais no que acreditar.

— E agora seu pai quer que você termine o que começou?

— Sim. É por isso que você precisa me deixar fugir outra vez. — Ele tenta se aproximar de mim, mas inconscientemente me afasto. — Se eu desaparecer novamente, você estará segura.

— Não. Você vai me matar.

— O quê?

— Você vai dizer ao seu pai que vai continuar com o plano — explico.

Omero Fattore é um velho nojento que não sabe com quem está mexendo. Eu sou Anitchka Della Volpe a rainha dos planos impossíveis. Ele teria que ser muito mais criativo que isso para me superar.

— Melhor ainda, diga que você vai fazer isso na minha festa de aniversário. — Em duas semanas eu faria trinta anos. Derrubar Omero em uma grande majestosa festa de aniversário seria dramático como eu merecia que fosse. — Diga a ele que você tem um plano e certifique-se de que ele acredite.

— Anitchka, não. Isso é muito arriscado.

— Romano, você mentiu para mim. Você disse que me amava quando você sabia que em um dia proximo teria que me matar. Você me deve isso.

Ele não responde nada, por que sabe que eu tenho razão. Saio do seu quarto e me tranco no meu próprio. Preciso de uma boa noite de sono e de tempo para processar todas essas informações enquanto elaboro meu plano de vingança.

 Preciso de uma boa noite de sono e de tempo para processar todas essas informações enquanto elaboro meu plano de vingança

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Minha festa de aniversário seria o tema mais comentado em muito, muito tempo. Eu tinha planejado cada pequeno detalhe. E eu odiava planejar festas, mas essa era especial. A cilada perfeita a qual Omero e Mancini não seriam capazes de resistir.

A festa seria ao ar livre. Em uma tenda luxuosa montada no quintal da nossa mansão. Todos que importavam estavam convidados, todos com algum cargo relevante. Incluindo Omero Fattore e Salvatore Mancini. Os dois achavam que Romano os tinha convidado para que testemunhassem meu fim, mal sabiam ele.

Eu estava ansiosa, mas não nervosa, passeando pela tenda com meu vestido preto e Romano ao meu lado. Tudo daria certo, por que simplesmente não tinha como dar errado. Mesmo se algo não saísse como planejado, ainda seria uma noite bombástica, literalmente.

— Me conte o que vai acontecer — ele pede, tenso.

Romano me conhece melhor que ninguém. E ele sabe que se eu não posso contar a ele meu plano é por que estou planejando algo que ele não concordaria. Ele está certo, em partes. Essa não é a única razão.

— Não posso contar ainda — minto.

— Não gosto disso. Estamos muito expostos aqui.

— Pare de se preocupar tanto, amore mio. — Apoio minhas mão sem seu peito e me permito uma última boa olhada em seu rosto antes de seguir em frente com o plano.

Romano é o amor da minha vida. O unico homem para mim. As coisas que eu sinto em meu peito ao olhar para ele não consigo nem começar a descrever com palavras. Mas ele também é um mentirosos. Ele dormia ao meu lado, escutava meus medos, beijava meu corpo, tudo isso quanto planejava me matar. Ele tinha quebrado meu coração pela última vez e eu nunca poderei perdoá-lo, meu orgulho não deixaria.

— Fique aqui — mando. Omero Fattore tinha acabado de entrar na minha armadilha em forma de tenda, mas o que me desconcertou foi ver Nikki ao seu lado.

Eu tinha sido extremamente específica quando pedi a Nikki que viajasse no fim de semana. Me certifiquei que ela me prometesse que não estaria em Milão antes de montar o meu plano.

— Anna, espere...

— Não — me desvencilho dele. — Preciso que você fique aqui e me avise no instante em que Salvatore chegar. Posso confiar em você?

— Você pode? — rebateu. Boa pergunta.

— Faça o que estou mandando, Romano. — Tiro meu braço de seu aperto e caminho até Omero tentando parecer descontraída e confiante. — Omero, Nikki, bom vê-los aqui. Donatella não pode comparecer? — Eu sei que não, secretamente eu tinha garantido que Donatella tivesse um compromisso inadiável como presidente do seu clube de livros. Ela não merecia estar aqui quando tudo acontecesse.

— Minha esposa lhe mandou seus parabéns — Omero sorri. Ele está radiante de felicidade, o que me deixa nervosa.

— Nikki, preciso falar com você um minuto — peço, tentando discretamente levá-la comigo para dentro de casa.

— Anna, você é a estrela de hoje. Talvez depois do bolo, agora preciso de Nicola ao meu lado. — Ele sabe. De algum jeito o velho sabe sobre meu plano. Meu plano cruel de convidar Omero, Salvatore e todos os homens de confiança do Fattore e então explodir o lugar todo. E colocar a culpa nos Mancini depois, quando eu fosse a única sortuda sobrevivente.

— Certo — concordo. — Nos vemos depois do bolo. — Beijo o rosto de Nikki antes de me despedir e seguir para o meu escritório.

É hora de acabar com isso de uma vez por todas.

Doce Orgulho (Completa) - Série Criminosos Irresistíveis - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora