XVII - Entre decisões e segredos

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Hoje

Santa Bárbara, Califórnia.

— Eu não vou. — A resposta da loira aguada me deixa sem reação. Essa garota realmente não cansa de surpreender. Eu tinha feito todo o trajeto de São Francisco até Santa Bárbara para oferecer a ela a chance de ir até a Itália se juntar com seu amado e viverem felizes para sempre e ela tivera a coragem de recusar. — Você tem que achar outro jeito. Eu não conseguiria me adaptar a vida que vocês levam, Anna e eu não quero.

— Você não o ama? — pergunto a ela. — Achei que faria qualquer coisa para ficar com ele.

— Eu quero que meu amor seja uma coisa boa, Anna. Se eu concordar com isso, que bem eu estaria fazendo ao Dom? — Não é possível que ela esteja realmente me dizendo isso. Que merda é essa? — Você nunca se sentiu assim?

Eu já tinha me sentido de muitos jeitos. Por Romano, eu matava e morria. Mas como uma idiota que não é capaz de qualquer coisa para estar com quem ama? Como uma tonta apaixonada que quer salvar o mundo?

— Não — respondo. — Eu achei que você fosse adorar saber que eu estaria disposta a aceitá-la na família.

— Me deixa muito feliz saber que você faria isso pelo Dom, Anna, de verdade. Mas eu não quero essa vida para mim. E se você realmente o conhece, acho que entende por que ele também não quer.

Se eu realmente o conheço? Eu conheço o Bello desde o dia que eu nasci. Sim, ele nunca fora implacável como eu e em muitas situações ele demonstrou que não necessariamente amava aquela vida. Mas ele sabe que a máfia não é exatamente um clube que você pode simplesmente cancelar sua assinatura.

De todo jeito, se essa garota não quer se ajudar, ela pode pelo menos me ajudar.

— Nós temos um plano quanto ao seu pai — digo a ela. — Mas vamos precisar de você.

— Eu faço qualquer coisa.

— Não posso ficar para ajudar, mas o Bello vai estar aqui em breve. — Me viro para ir embora, mas mudo de ideia. — Se você incentivá-lo a sair da familia, saiba que ninguém consegue se esconder de nós por muito tempo. Você estaria condenando-o à morte.

— Se eu não fizer isso, vou estar nos condenando a morte do mesmo jeito.

Concordo com ela antes de sair da sua casa. A primeira coisa que eu faço é ligar para Domenico. Ele tinha voltado da Itália há algumas horas e estava em um carro a caminho de Santa Bárbara.

— Adivinhe — eu mando assim que ele me atende.

— Ela recusou sua proposta — diz. Ele não parece nem um pouco surpreso.

— Exatamente. Aparentemente sua namoradinha é uma romântica de carteirinha.

— Não se preocupe com isso, Anna, assim que eu chegar aí vou explicar a ela como são as coisas. — Ao menos ele parece entender que não existe saída quando o assunto é a máfia.

— Se divirta. — Eu já não estava feliz em ter que deixá-la se juntar a nossa família, ela poderia ajudar não me causando mais problemas. — Sobre a sua missão, ela aceitou nos ajudar. Nosso plano é complexo, envolve matar Christopher MacLaine de um jeito que ninguém seja capaz de associar a seus inimigos, os Gambino, por isso a ajuda da sua filha seria um trunfo inesperado.

— Claro que sim. — Isso parece intriga-lo.

— Domenico, não faça eu me arrepender de ajudá-los — peço antes de desligar.

— Senhora, minhas fontes me confirmaram — Max me avisa assim que coloco os pés no meu apartamento em São Francisco

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— Senhora, minhas fontes me confirmaram — Max me avisa assim que coloco os pés no meu apartamento em São Francisco. Ele parece quase animado. — O homem que procuramos tem uma estrela tatuada acima do coração.

Eu sabia. Quando tinha pedido a Max que desenterrasse mais sobre o passado e descobrisse algo que me desse certeza de quem eu estava procurando era algo assim que eu esperava encontrar. Uma tatuagem ou uma cicatriz.

— Uma estrela tatuada sobre o coração? Que coisa cafona. — Romano surge das profundezas do inferno para se intrometer em nossa conversa.

É claro que ele acha cafona. Romano não tem nenhuma tatuagem. Normalmente tatuagens são coisas de soldados ou de quem passou tempo na cadeia e ele não se encaixa em nenhum desses dois grupos.

— Temos que agir, senhora. — Max ignora completamente a presença do meu ex marido.

— Eu sei — concordo. — Mas ainda não sei o que fazer.

Só tenho uma chance aqui e isso é importante demais para mim, não posso me dar ao luxo de estragar tudo. Meu plano tem que ser perfeito.

— Se você precisa ver uma tatuagem no peito de alguém de uma festa na piscina — é a pérola que sai da boca de Romano.

— Uma festa na piscina?

— É um conceito bem comum aqui na Califórnia — ele defende, como se aquilo não fosse nem um pouco absurdo.

— Você vai sequestrar ele — digo a Max. E meu soldado de confiança reage como eu devo ter reagido a ideia de Romano. — Você vai sequestrá-lo e sem que ele reconheça seu rosto vai procurar a tatuagem. Atire nele se for preciso, mas não o mate, nós o queremos vivo.

— Você não acha isso um pouco extremo? Sequestrar alguém apenas para procurar uma tatuagem? — Romano não entende a importância de nada daquilo por que ele não sabe o que eu quero ali.

Ele não entende que se quem eu achei for realmente quem eu procuro, isso pode mudar tudo. As informações que eu finalmente vou obter. É a coisa que eu mais quero no mundo.

— Infelizmente sua ideia da festa na piscina não funcionaria, não sei se você notou mas nós moramos em uma cobertura Romano, nem temos uma piscina aqui.

— Você entendeu meu ponto — ele reclama.

— E se ele tiver a tatuagem que nós procuramos? — Max pergunta.

— Me mande uma foto, quero ver com meus próprios olhos. Se ele tiver você o traz para cá e o deixa preso em um dos nossos quartos de hóspedes até que eu resolva como lidar com a situação.

— E se ele não tiver a tatuagem? — Romano pergunta.

— É por isso que precisamos fazer parecer um sequestro comum entre gangues. Se ele não tiver a tatuagem, nesse caso nós mataremos Mike Ricci e esconderemos o corpo — aviso. Max aceita minha ordem e se retira da sala sem dizer mais nada.

— Mike Ricci? — Percebo meu erro no mesmo momento. Mas Romano saberia em um momento ou outro mesmo. — Então é dele que você está atrás?

— Você sabe que eu não vou te contar nada — desvio do assunto.

— Eu sabia que tinha algo de errado com ele e com o jeito que você estava agindo ao redor dele.

— Sim, Sherlock Holmes você descobriu tudo sozinho, meus parabéns.

— Eu ainda não descobri nada sobre qual seu real interesse nesse homem — ele avisa. — Mas eu vou.

Doce Orgulho (Completa) - Série Criminosos Irresistíveis - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora