Hoje
São Francisco, Califórnia.
— Romano, não estou exatamente pedindo — explico.
Romano Fattore não poderia colaborar comigo. Ele tinha que atrapalhar meus planos e dificultar minha vida. Mas nesse caso era simples. Depois de eliminar Christopher e do fracasso colossal que tinha sido encontrar meu pai biológico, nada mais me mantinha aqui. O acordo com os Gambinos estava praticamente feito. É hora de voltar para casa.
Mas é claro que Romano não quer isso. Ele estava fugindo e não quer voltar.
— Você me prometeu um dia de vantagem se eu a ajudasse.
É verdade, eu tinha prometido. Mesmo sem nunca ter tido a intenção de cumprir. E me machuca saber que Romano acreditou em mim e que agora não poderei cumprir essa promessa.
— Eu sinto muito.
— Irmão, as coisas em casa estão bem melhores — Nikki diz. — Anna cuidou de tudo muito bem enquanto você não estava. É hora de você voltar para casa.
— Vocês não imaginam, não fazem ideia, de como eu gostaria.
— Então volte conosco. Eu preciso do meu irmão mais velho e a Anna precisa do seu marido. Nós precisamos de você.
Bom, eu não necessariamente preciso de Romano, mas escolho não contestar sua irmã, não é o momento.
— Não posso. — Ele bufa e abaixa os ombros, derrotado. — Se eu pisar em Milão, acabou.
— O que acabou? O que é tão grave que te manteve afastado de casa por oito anos? — eu explodo.
Não consigo entender. Por muito tempo eu tinha achado que o problema era eu. Que Romano não me amava ou que amava mais outra pessoa. Mas agora eu sabia melhor. Ele está tão apaixonado por mim quanto sempre foi. Seus sentimentos são reais e nunca mudaram. Tem que existir outra coisa. Algo que eu não sei ou não vejo e que mantém Romano afastado. Não era meu pai biológico, isso eu já sabia.
Romano tinha dito que seu pai era a chave. Mas o que Omero Fattore mais queria era achar Romano. Eu tenho certeza disso. Às vezes, eu sentia que ele queria isso mais do que eu.
— Não posso ir para a Itália — finaliza o assunto. — Se você tentar me levar a força vou reagir, então você pode muito bem colocar uma bala em minha cabeça agora.
Filho de uma porca. Ele sabe que eu não quero e nem poderia machucá-lo.
— Vaffanculo! — xinguei. Nikki não se deu ao trabalho de repreender o meu palavrão.
— Não sei o que fazer — admito. — Seu irmão é uma das poucas pessoas, talvez a única, que sempre sabe me deixar sem palavras.
— Ele tem esse dom — Nikki concorda. É fim de noite, Romano está trancado em seu quarto no primeiro andar enquanto Nikki e eu dividimos uma garrafa de vinho na varanda do apartamento. O clima está frio, mas ainda é mais quente que em casa.
Estou exausta. Psicologicamente exausta. Eu não vejo meus pais há um bom tempo. Passei o natal e ano novo aqui, nesse país estranho. Em um espaço de algumas poucas semanas perdi meu amigo Max, me despedi para sempre do meu irmão Domenico e descobri que meu pai biológico não passa de um verme. É muita coisa para uma pessoa como eu, que não lida bem com sentimentos. Eu ainda estava tentando descobrir como lidar com o luto por essas perdas, não poderia lidar com o luto por Romano.
Não posso matá-lo. Simplesmente não posso. Há alguns dias atras eu tinha descoberto que arriscaria minha vida pela dele enquanto Mike apontava uma arma para nossas cabeças, como eu poderia tirar sua vida agora? Ao mesmo tempo, eu preciso voltar para casa.
— Eu sinto tanta falta do Dom. — Nikki funga.
— Imagino.
— É sério. Não estou falando isso nesse sentido. Sinto falta dele agora, por que ele com certeza teria algum ótimo conselho sobre meu irmão. Ele sempre sabia o que fazer. — É verdade.
— Eu também sinto falta dele. Muito — admito. — Mas eu sei que, onde quer que ele esteja, ele está feliz. — Nikki concorda com a cabeça, acreditando nisso, e me dói não poder contar a verdade a ela. — E sei que você vai ser feliz também, Nikki. Você passou tanto tempo apaixonada pelo Bello que nunca deu uma chance para outras pessoas. Mas, agora, eu sei que você vai encontrar o amor.
— Sabe, se alguém no mundo pode convencer Romano, é você.
— Eu tentei, você viu.
— Não, você falou com ele como a capo. Estou dizendo você, Anitchka, sua esposa.
— Romano não vai me escutar. Precisamos de um plano mais agressivo.
— Bom, você sempre pode desmaia-lo — Nikki ri.
— Você me ajudaria a carregá-lo até o carro?
— O quê? Anna, eu estava brincando.
— Ele não vai vir por bem, Nikki. Você prefere que eu atire nele?
— Não, claro que não — nega. — Escuta, tente convencê-lo. Fale com ele, como sua mulher. Se isso não funcionar, você pode desmaia-lo e eu a ajudo a carregá-lo até o aeroporto.
— Combinado.
— Mas você tem que realmente tentar — me alerta. É claro que eu vou tentar. Se Romano vier de bom grado, seria um milhão de vezes mais fácil. Fico tão ansiosa que decido conversar com ele agora. Por via das dúvidas levo minha arma de choque comigo. Só para garantir.
Encontro seu quarto completamente escuro e por um segundo me preocupo que ele tenha fugido sem eu perceber, mas reconheço sua silhueta deitada na cama, quase em posição fetal. Caminho em silêncio até a outra beirada e me deito olhando para suas costas, o mais longe possível dele.
— Vá embora, Anna.
— Cala a boca — mando. — Você não faz ideia de como falar essas coisas vai ser difícil para mim, então so escute. Eu te amo, Romano. Te amo desde o começo quando você insistentemente cavou seu caminho pelo meu coração. Te amei durante os oito anos em que você ficou sumido. E te amo agora. Eu não entendo por que você fugiu, mas também não faz diferença. O que eu quero é o futuro. Quero você ao meu lado, quero dividir minha vida com você, quero ser sua esposa e sua parceira.
Acho que minhas palavras o atingem, por que quando Romano se vira para mim vejo um brilho de lágrimas em seus olhos.
— Por favor, pare de fugir. Venha para casa comigo — peço.
— Piccola, — ele me puxa para perto do seu corpo — eu juro que não há nada que eu queira no mundo mais do que estar com você. Eu te amo.
— Então volte.
— É exatamente por te amar tanto que eu não posso voltar — ele diz.
— Essa é sua decisão final?
— Sim, não posso voltar. — Ele quebra meu coração, pela segunda vez.
— Sinto muito — digo antes de puxar o teaser e disparar o choque em suas costas até ele perder a consciência.
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Doce Orgulho (Completa) - Série Criminosos Irresistíveis - Livro 2
RomanceAnitchka Della Volpe é a mulher mais poderosa da máfia. Futura chefe das famílias italianas aliadas, ela tem tudo planejado, só precisa resolver uma ponta solta, Romano Fattore. O homem com quem é casada, apesar de não ver há oito anos. Anna precis...