XIV - 9 anos antes

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9 anos antes

Milão, Itália.

Romano e eu tínhamos um novo entendimento silencioso. Todas as noites ele vinha ao meu quarto. As primeiras noites ele tinha ficado em silêncio deitado ao meu lado me encarando feito uma maníaco sem nunca tocar em mim. Uma dessas noites eu o beijei, como tinha feito no dia em que costurei seu peito, o beijei até o ritmo do beijo diminuir e eu dormir em seus braços. Depois disso, ele me beijava todas as noites. Em alguma delas, sua mão escorregou para dentro da camiseta do meu pijama e tocou em meus seios. Na outra noite eu vesti uma camisola preta e sua mão me tocou mais embaixo. Aquilo me causou as mais diversas reações. Primeiro algo se revirou em meu estômago, eu fiquei nervosa e com medo que fosse vomitar. Depois meu corpo todo começou a formigar. Não... Queimar.

Era bom. Eu estava ficando mal acostumado com ele em minha cama todas as noites. O clima entre nós também tinha mudado durante o dia. Nós estavamos sempre trabalhando juntos, mesmo quando não precisávamos. E ele estava sempre tocando em mim, como se não fosse nada.

A mão na base da minha coluna toda vez que andávamos juntos. Uma mão apoiada no meu joelho quando sentava ao meu lado. Um dedo brincando com um fio solto do meu cabelo quando ninguém estava prestando atenção. Como se fosse completamente normal, como se ele tocasse em mim há anos, como se eu não tivesse algo queimando dentro de mim cada vez que ele chegava muito perto. O máximo que eu podia fazer era tentar manter a compostura e não deixar meu cérebro derreter.

— Oi, estranha — chamei. Estava sentada na bancada da cozinha comendo a sobra da sobremesa do almoço quando Nikki chegou. Era fim de tarde, mas ela estava usando um vestido preto curto, saltos altos, um casaco de pele pesado e óculos de sol.

— Oi — ela me respondeu. Tirou o óculos mas a luz deve ter feito sua cabeça doer então colocou eles de volta.

— Noite difícil? — Ofereci a ela meu copo de suco natural.

— Era uma festa de aniversário.

— Sério? De quem? — Ela pensou por dois minutos antes de responder:

— De alguém.

— Nikki... — Eu odiava o fato de ter que falar com ela como seu eu fosse sua mãe. Eu tinha vinte anos, era muito nova para ser mãe de uma adolescente de dezesseis. E ela não era mais nenhuma criança. Com dezesseis anos eu já era um soldado. Já tinha sido treinada e educada. Já tinha matado. — Você não acha que está comemorando muitos aniversários ultimamente?

— Não — ela respondeu, simplesmente.

— Olha, eu não quero ser chata, nem nada disso, mas você não fica mais em casa. Você costumava adorar assistir filmes, me chamar para fazer compras e ir ao stand de tiro comigo... Enfim, nós estamos preocupados com você, só isso.

— Preocupados comigo? — ela gritou e pulou da banqueta. — Vocês dois não tem o direito de estarem preocupados comigo agora!

— Nikki, eu... — tentei falar com ela, mas ela pulou em cima de mim, apertando meus braços.

— Onde estava essa preocupação toda quando vocês dois sumiram por causa de alguma briga estúpida e me largaram sozinha aqui? — Ela tinha razão. Nikki tinha vindo morar com Romano, para ficar perto de nós. E eu tinha estragado tudo. Enquanto nós dois nos afastávamos e tentávamos ficar longe um do outro, ela tinha ficado no meio, sem ninguém. Por isso deixei que ela continuasse apertando meu braço.

— Foi minha culpa — assumi. — Eu deixei meus problemas com Romano afetarem você, sinto muito, Nikki, mas esse seu comportamento não vai resolver nada...

Doce Orgulho (Completa) - Série Criminosos Irresistíveis - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora