VI - 10 anos antes

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Dez anos antes

Milão, Itália.


Encarei meu reflexo no espelho. Eu estava surpreendentemente bonita, muito mais do que eu imaginava. O vestido de seda cor de champanhe era sério, mas me dava um ar romântico. A cabeleireira tinha enrolado meus longos cabelos pretos em cachos largos e a maquiagem era suave.

E eu com certeza tinha parecido uma noiva feliz e apaixonada enquanto recitava os votos que minha mãe me tinha feito decorar prometendo a Romano amar e respeitá-lo até o dia das nossas mortes. Pura mentira!

— Aqui está você! — a voz estridente me assustou e minha mão automaticamente procurou pela arma que deveria estar presa a minha coxa. Nada. Claro, hoje era um dia especial para Deus, eu não poderia entrar na igreja carregando uma arma. — Uau, você está ainda mais linda de perto.

A menina deveria ser alguns anos mais jovem que eu e encarava meu reflexo no espelho com admiração.

— Quem é você?

— Ah, esqueci que você não me conhece ainda. — Ela me estendeu dedos finos cheio de anéis, com unhas perfeitas. — Nikki. É um prazer finalmente conhecê-la.

— Nikki — testei seu nome. Eu não fazia ideia de quem era aquela garota. Fiz uma varredura no meu cérebro procurando seu rosto na igreja mais cedo, e lembrei de vê-la na primeira fila, chorando de emoção. Esquisita. 

— Seu pai me pediu para buscá-la, os convidados estão indo embora e você e o Rom precisam se despedir. — Ouvi-la chamar Romano de Rom clicou algo na minha cabeça. Eles eram quase parecidos. Os dois tinham a pele bronzeada, cabelos castanhos e uma beleza inegável, essa menina poderia ser versão feminina de Romano, não fosse pelos olhos serem mais esverdeados. — Você está muito linda mesmo, Rom falhou ao descrever a sua beleza.

— Obrigado. Você é muito parecida com ele.

— Bom, eu espero que isso seja um elogio. — Era? — Você pode me chamar de irmã.

Nunca vai acontecer, pensei, mas não falei nada. Segui a garota até o andar de baixo da casa de verão dos Fattore.

Depois do casamento na igreja para centenas de convidados, alguns poucos, ou seja, os com maiores cargos, tinham sido convidados para um pequeno banquete. Agora, já estava escuro lá fora e a maioria deles estava indo embora.

— Vem, irmã! — Nikki enlaçou nossos braços e me arrastou até uma mesa onde minha mãe e Donatella Fattore estavam, com as outras esposas.

As mulheres efervescem ao me ver, algumas me desejavam o mais animado parabéns, outras me cumprimentavam com pena, como se arrependidas dos próprios casamentos. Notei que a mesa ao lado onde meu pai e Omero deveriam estar estava praticamente vazia, assim como meu noivo não estava em lugar nenhum.

Discretamente me desvencilhei de Nikki e pedi licença as mulheres. Agora que eu tinha começado a notar, todas as entradas que levavam do belíssimo quintal onde a estrutura tinha sido montada para dentro da casa estava discretamente sendo vigiada por um dos homens de Omero Fattore. Algo estava errado.

Decidi dar a volta no quintal e entrar pela entrada de serviço. Todos os funcionários da cozinha trabalhavam freneticamente e mal pareceram me notar. Dentro da casa, eu não estava perdida, mas também ainda não conhecia perfeitamente o local. Eu tinha decorado algumas portas. O quarto principal onde eu tinha sido arrumada antes da igreja. A saída mais próxima e o escritório de Omero. Decidi chutar que era lá que eu encontraria meu pai e meu marido fujão.

Encostei meu ouvido na porta de madeira pesada, mas nenhum som passava. Testei a maçaneta, trancada. Perfeito, eu teria que arrombar aquela porta usando um salto alto. Lembrei dos grampos no meu cabelo e puxei dois deles. Eu poderia fazer isso de olhos fechados.

Doce Orgulho (Completa) - Série Criminosos Irresistíveis - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora