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{Sendo postado de novo pela terceira vez, para tentar arrumar a ordem dos capítulos.
O capítulo não foi revisado, me desculpe qualquer erro.}

Noah Urrea

Já estavamos no estacionamento da escola, dentro do carro que Josh pegou emprestado de sua mãe. Eu não queria ir a pé e ter que encarar um monte de gente....então a mãe dele nos emprestou carro, já que ela não está indo trabalhar.

Eu não queria ir para a escola, realmente não queria. Mas Josh não iria ir se eu não fosse, e ele além de já ter muitas faltas, não está indo muito bem nas provas. Ou seja, ele pode reprovar de ano. Além de que eu não quero que me vejam como um fraco. Então resolvi fingir que estava bem o suficiente para ir á escola. Não tenho certeza de que ele acreditou, mas ao menos ele concordou.

Agora então estamos parados dentro do carro, vendo as pessoas entrando na escola. Josh está somente me esperando dar o primeiro passo para entrarmos. É só sair do carro. Por que é tão difícil? Bom, isso não importa agora.

-Amor?- Josh chama minha atenção, no mesmo instante me viro para o mesmo para o olhar- Vamos? Está tudo bem? Se quiser voltar não tem nenhum problema, ok?- diz carinhosamente enquanto faz carinho em minha mão. Aquilo me tranquilizou como se eu tivesse acabado de fumar. Não que eu já tenha fumado....mesmo só para saber a sensação e depois chorar de arrependimento e por querer mais...

-Vamos..- digo já pegando minha mochila e abrindo a porta rapidamente. Se eu fizer tudo mais rápido, vai passar mais rápido. É o inteligente à se fazer, não? Antes de pular para sair do carro alto da família Beauchamp, Josh segura minha mão, o que faz que eu o encare. Sua afeição é de preocupação, e isso só me deixa mais nervoso.

-Noah...nós não precisamos ir para a escola, quer dizer, nós precisamos. Mas não nessas condições em que você está. Você é um aluno exemplar, minha mãe pode ligar para a diretora e dizer que você está doente. -Desvio o meu olhar para as pessoas entrando na escola, grupos conversando, rindo. Algumas meninas se "atirando" para Bryan que está sentado no capô de seu carro. E lá meus amigos, entrando na escola, rindo e se divertindo. Eu não quero perder isso, eu não quero ficar em casa me lamentando, chorando e sofrendo. Eu quero viver minha adolescência como um adolescente idiota que só faz merda, assim como todos. Eu finalmente estou livre tenho que ao menos aproveitar isso, mesmo se eu não estiver bem. Eu sou um bom ator.- Amor? A decisão é sua, independente de qual for eu vou te acompanhar, mas você tem que decidir agora porque em 3 minutos vai bater o sinal da escola- ele ri docemente fazendo um carinho tão gostoso e calmo em minha mão.

-Vamos lá, docinho de coco- solto uma gargalhada alta quando vejo a estranha careta que Josh faz ao ouvir o apelido dito por mim- Qual é, eu tenho que achar um apelido para você!

-Esse está fora de cogitação! Minha avó me chamava assim, Noah. Você acha que eu quero meu namorado me chamando assim?- Ele ri junto à mim. Estavamos num momento tão bom que eu já havia esquecido de que estávamos em frente a escola. E nesse exato momento escuto o sinal da escola bater. Josh e eu descemos do carro em um piscar de olhos, e saímos correndo, igual alguns alunos à nossa volta.
Entramos extremamente rápido na escola, parecendo duas crianças de 7 anos brincando de pega-pega desesperadas para não serem pegas. Hum...não fez muito sentido, não é?Enfim, isso não importa. A escola já estava vazia, e me pergunto como em tão poucos minutos uma escola com mais de 4mil alunos já estaria vazia. Mas não tive tanto tempo para pensar nisso, pois logo recebo um beijo de despedida de Josh que quando olho já corre para sua aula de matemática. Fiquei estático por alguns segundos, desesperado para lembrar qual aula eu teria agora, e felizmente, logo me lembrei que minha primeira aula de hoje é Inglês.
Então, já me vejo correndo para o segundo andar da escola, onde está a sala de aula que preciso ir. Mas que caralho de escola que precisa ter três andares. Um só já está bom, não?

Entro na sala de Inglês correndo, atraindo, infelizmente, a atenção de todos na sala. E nessa sala estava Bryan. Realmente não havia como esse dia piorar.

-Mas olha..- Bryan falou alto com intenção sorrindo com aquele sorriso malicioso de sempre- A bichinha gay chegou tarde hoje. O que aconteceu bichinha? Estava muito ocupado dando para homens? Talvez esteja dando por dinheiro, para poder um lugar para poder morar- ele ri, e nesse momento eu já estava chorando para caralho, com a sala inteira me olhando, alguns com desprezo, e outros com pena, mas por que caralhos ninguém faz nada?- Pois é, fiquei sabendo que você está dormindo na casa do Beauchamp, coitadinho dele...- Ele ri maldosamente.

O que mais me irritou foi ver o professor rindo junto de Bryan, mas que porra? Ele é o professor, não está aqui para ensinar? Então por que está ali rindo de um aluno sofrendo bulliyng? Eu quero ser forte, eu quero ser corajoso! Mas no momento eu não conseguia ficar ali, vendo todos aqueles alunos rindo de mim, só por eu ser diferente. Antes que eu possa perceber estou saindo correndo da escola. E então me vem a lembrança daquele dia. O dia em que meu pai morreu, eu saí correndo, do mesmo jeito que estava agora, sem tentar segurar o choro, querendo sair o mais rápido possível daquele lugar.
Fui correndo para aquela mesma praça que tentei evitar por três anos, e me escorei na mesma árvore daquele dia, na mesma posição. A árvore estava diferente, maior e mais bonita, mas ao meus olhos ela continuava sendo a mesma árvore fria e com lembranças ruins. Eu sei que é só uma árvore, está legal? Mas foi ali que minha vida começou a desmoronar.

Quando vejo algumas pessoas me encarando, coloco meu capuz cobrindo todo meu rosto, e deixo minha cabeça entre minhas pernas apoiando meus braços em meus joelhos. A posição de choro normal, basicamente. Tudo que eu mais desejava era que Josh por algum motivo descobrisse o que havia acontecido e viesse me acolher. Mas isso não iria acontecer.

Enfrentar preconceitos é o preço que se paga por ser diferente.

Eu sempre fico me perguntando, por que diabos eu fui ser gay? Mas então eu olho para Josh, e isso não importa. Mas eu sou grato, pois assim eu tenho ele ao meu lado.

Quando ouço o sinal da escola tocar percebo que já estava ali à muito mais tempo do que imaginava. É engraçado o jeito que quando um sentimento está mais forte, seja ele raiva, tristeza ou até mesmo felicidade, nos perdemos em nossos pensamentos. Ou talvez isso seja somente comigo, não sei.
Eu realmente já estava cansado de ficar sozinho, eu me acostumei com Josh. Me acostumei com ele sempre ali, do meu lado, me dando atenção e me fazendo rir.
Sabe, eu sinto saudade de rir. De ser verdadeiramente feliz. Eu acho que desde a morte de meu pai eu nunca mais consegui ser feliz. Ah...meu pai...eu sinto tanta saudade dele...tudo que eu queria era ter ele agora ao meu lado. Eu faria de tudo para ter ele de volta, mas isso é impossível. Claro, existe um jeito, mas é um caminho sem volta.

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