114. Consciência Negra

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Pov Sabina

– Sentem-se por favor! – O diretor nos aponta os assentos à frente, assim que entramos em sua sala.

Diarra e eu fomos chamadas pelo megafone, durante a terceira aula, à comparecer na diretoria. Acho que pelas circunstâncias de ter sido chamada junto com ela, já imagino sobre o que exatamente se trata essa visita.

– O que eu fiz diretor? – Diarra perguntou sentando-se na cadeira ao meu lado.

Agora de frente pra ele, o encarei tentando ler através de sua feição se ele iria nos castigar ou não pela confusão no corredor, mesmo que até agora ele não tenha citado o motivo pra ter nos chamado aqui. Mas eu tinha certeza que era por isso.

– Bem, eu chamei vocês aqui porque recebi uma denuncia anônima sobre uma episódio de agressão ontem no corredor!

Eureca! Eu sabia que esse era o motivo de recebermos um convite pra sua sala.

– As denúncias constam agressões verbais e físicas, por parte das duas ontem!

– Quê? – Pergunto me descolando das costas da cadeira e sentando na ponta, quase ficando de pé. – Mas somente eu que botei as mãos naquela imbecil! A Diarra não teve nada a ver com isso!

– Então você admite? – Ele me encara.

– É claro que eu admito. Não me arrependo de ter ensinado boas maneiras para aquela quadrúpede ignorante!

– Sabina, se controle. – Ele me repreende. – Por mais que esteja confiante das suas ações trate de se portar adequadamente diante de mim! Esse tipo de atitude é desrespeitosa!

– Se quer falar de desrespeito, porque o senhor não chama Lisa e a sua trupe de gazelas pra conversar sobre chamar a Diarra de macaca?! – Cruzo os braços e lhe encarei séria. – Acho que não existe desrespeito maior do que ofender outra pessoa por causa da sua cor de pele!

– Eu estou ciente disso. E é por isso que eu as chamei aqui! – Ele diz de forma calma, o que me deixa confusa. – Minha sobrinha, Hazel, estava no corredor na hora em que tudo aconteceu. Ela foi rápida em gravar sem que vocês percebessem, e me mostrou logo que vocês se afastaram da cena!

– Fofoqueira. – Digo baixinho, os dois provavelmente me ouviram porque me encararam com expressões sérias. – Tá, desculpa. Pode continuar!

–  Recebi a denúncia, que provavelmente tenha vindo da senhorita Lisa, mas eu as chamei aqui não por esta causa, mas porque quero que vocês prestem queixa contra a discriminação vindas dela contra você! – Ele encerra de dizer e olha para Diarra com uma cara de quem se lamenta.

– Está querendo dizer que mesmo a Sabina tendo realmente agredido essa garota, o senhor só nos chamou aqui para que eu preste queixa contra ela? – Diarra parecia confusa, e eu não a julgo, também estava.

Se o diretor realmente viu com os próprios olhos a cena do tapa que eu dei naquela vaca, então eu já deveria estar sendo expulsa. É óbvio que era de se chocar que ele só quisesse nossa queixa.

– Sabina ainda receberá uma punição pelo que fez. – Ele me encara e depois volta sua atenção para Diarra. – Mas você, minha garota, não fez nada contra aquelas meninas e vejo que na sua posição, atitudes já deveriam ter sido tomadas. O preconceito e o racismo são coisas que eu pretendo abolir desta escola, nenhum aluno meu merece passar por isso. Essas garotas lhe disseram coisas horríveis, não só ontem mas durante toda a sua vida. – Diarra baixa a cabeça e posso notar pela sua cara que era verdade o que ele falava. – Você só é tímida e ingênua demais para demonstrar indignação por essas ações. Preciso dar alguns ensinamentos a essas garotas, mas eu não posso puni-las se você não entrar com uma queixa!

What I've Been Wishin' For {Joaley & Beauany} Onde histórias criam vida. Descubra agora