101. Um Irmão

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Pov Noah

Estava um dia nublado. Quase não dava pra ver o sol de tão escuro que estava. Em outras palavras, o céu estava completamente cinza.

– Então. – Digo assim que paramos embaixo de uma macieira incrivelmente bonita. – Como você tá?

– Eh, bem! – Ele pareceu pensar. – Eu acho!

– Tem certeza?

– Bom, não! – Ele suspirou. – Tudo isso que aconteceu é uma barra que acho que nenhum de nós vai superar! Além disso a Any não tá falando comigo, e eu entendo ela. Mas queria que a gente não estivesse assim, sabe, brigados… – Ele pôs as mãos nos bolsos da jaqueta. – E não tenho mais um melhor amigo!

Ele parecia cabisbaixo. Abalado por dizer aquilo. Percebi e senti isso só pelo seu olhar. Vago e triste. Não posso dizer que isso não me afetou, porque estaria mentindo se dissesse que não fiquei mal em vê-lo daquele jeito.

– Queria conversar com você sobre isso!

– Vai oficializar nosso divórcio? – Ele perguntou e isso me fez rir.

Tínhamos o costume de dizer que nossa amizade era como um casamento. Forte e verdadeiro o bastante para ser oficial. Se a amizade chegasse ao fim, então passaríamos por um divórcio.

– Você lembra disso?

– Claro que lembro! – Ele sorri. – E dos anéis doce também.

– Meu Deus, os anéis! – Digo rindo. Eu realmente não lembrava disso. Afinal, comi o meu três minutos depois de pôr no dedo.

– Sinto falta disso! – Ele encerrou o clima cômico alí e suspirou.

– Eu também! – Digo e ele me encara. – É por isso que estou aqui!

Ele parecia confuso. Esperançoso, mas confuso. E eu não o culpo por isso. O motivo de nós dois termos nos afastado foi único meu. Parei para pensar nisso e enxerguei a verdade.

– Eu não deveria ter reagido daquela maneira com você! – Respiro fundo e o encaro. – Fui um idiota!

– Noah, eu mereci! – Ele diz com um olhar que claramente dizia "Eu também fui um bundão, não se culpe por tudo"

– Não. Você não merecia! Você ainda estava processando tudo aquilo que eu havia dito e fui um imbecil com você querendo te cobrar uma coisa que não deveria! – Digo e ele se aproxima e põe a mão no meu ombro. O olhei sentindo as lágrimas já queimando em meus olhos.

– Noah, você ficou chateado por eu não ter recebido tão bem a sua revelação. Eu também ficaria se estivesse no seu lugar, então não, você NÃO é culpado nessa história.

– Mas eu… – Ia dizer mas sou interrompido por um abraço. Fui pego de surpresa e talvez não tenha sido tão ruim assim receber aquele abraço.

Eu parecia estar nos braços do meu pai.

– Eu deveria ter te abraçado naquela hora! Deveria ter dito que estaria com você pro que precisasse! Deveria ter segurado sua mão e te impedido de sair correndo daquele maldito parque. E além disso, deveria ter dito que te amo, independente de qualquer escolha sua! Você é como um irmão pra mim, e eu me sinto péssimo por não ter lutado mais pra que nossa amizade não tivesse demorado tanto para ser reconstruída!

– Eu te amo Josh! – Digo chorando entre o abraço. – Eu te amo e não estou me odiando por dizer isso. Porque dessa vez eu entendi o amor que sinto por você. Não é um amor platônico e nunca foi. Porque eu te amava da mesma forma que você admitiu que me ama. Como um irmão!

– Um irmão mais velho e chato! – Ele diz rindo entre lágrimas.

– Não! – Digo firme e ele separa o abraço para me olhar. – Um irmão gêmeo e muito, muito legal!

– Estamos de bem? – Ele perguntou parecendo estar inseguro. – Você me perdoou?

– Você que me perdoou. E isso era o que bastava! – Digo e ele abre um enorme sorriso.

– Ah, se o que estivéssemos passando não fosse tão ruim eu diria agora mesmo que esse é o melhor dia da minha vida!

– Mas você pode dizer. – Digo e ele levanta uma sobrancelha. Como se estivesse em dúvida. – Porque talvez hoje não seja um dia tão ruim quanto parece!

E com outro sorriso, nos abraçamos e depois ficamos ali mesmo batendo papo e contando algumas coisas que obviamente teriam sido ditas se não tivéssemos "brigados". E além disso, eu o ajudei com algumas ideias de como ele poderia resolver o problema com Any.

Acho que agora estamos melhores e mais unidos do que nunca. Como sempre deveria ser.

Pov Shivani

Você não percebe o quanto alguém faz falta, até ter a experiência de perdê-la. Na verdade, perder não é bem a palavra correta a se usar no meu caso. Deixar ir embora, é o termo mais apropriado.

Sim, eu não conseguia encarar Hina e dizer para ela o quanto eu estou desesperada para que ela não vá embora. É como se eu estivesse segurando a mão de alguém que está prestes a cair de um precipício, não quero e nem devo soltá-la, para impedir que ela caia e a culpa de tudo seja minha.

Eu nunca me senti assim com ninguém, absolutamente ninguém. E agora que sinto, cheguei à conclusão de que não desejo isso pra ninguém.

– SHIV! – Minha mãe grita do andar de baixo.

Eu estava trancada no meu quarto, imaginando como seria diferente se eu fosse mais corajosa e menos insegura quanto aos meus sentimentos.

– Oi! – Digo sem muito interesse, assim que chego na sala onde ela e meus irmãos montavam mais um dos seus milhares de quebra cabeças que ela tem.

– Tem um rapaz te esperando lá fora!

– Um rapaz? – Franzi a testa. – Quem é?

– Não sei, mas ele disse que precisa falar com você e que é algo sério! – Ela diz sem tirar a atenção do que fazia. – Ele é bonito. Um brotinho!

Saí ignorando totalmente o último comentário dela. A última coisa que eu queria de lembrança da minha mãe, é ela chamando algum garoto de "brotinho".

Assim que ponho meus pés pra fora de casa e passo pela porta, consigo ver quem me esperava. De pé, escorado no corrimão da escadinha de acesso à varanda, estava Bailey May. Sim, a pessoa que eu menos pensei, ou queria, encontrar um dia parado na porta da minha casa.

– Você?!

– Eu! – Ele acena com um sorriso de lado.

"Ele é bonito. Um brotinho!"

Sacudi a cabeça só de lembrar o que minha mãe falou. Até minha mãe cai nos encantos desse garoto. Existe alguém além de mim que não acha ele isso tudo? Espero que sim.

– O que você quer? – Cruzo os braços e o encaro.

– Calma, não precisa ficar na defensiva. – Ele diz com as mãos pro ar, como se indicasse um rendição. – Vim aqui pra falar com você. E quem sabe levantar uma bandeira branca entre nós!

– Muito conveniente da sua parte! – Reviro os olhos.

– Você não era assim comigo. – Ele sorri murcho. – Lembro que até uns dias atrás você cuidou dos irmãos da Joalin enquanto ela e eu saíamos. E eu te dei carona quando voltamos! Lembro também da Hina comentar que você me elogiou bastante quando eu a defendi naquela audição das Uniques. Você simplesmente mudou muito comigo e mesmo que isso me incomode, e muito, eu sei o motivo. Vamos conversar pra tentar deixar as coisas claras e em paz entre nós. De novo.

– Eu não tenho nada pra falar com você! – Digo seca.

– Mas eu tenho! – Ele diz firme e se aproxima. – E você precisa me ouvir.


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What I've Been Wishin' For {Joaley & Beauany} Onde histórias criam vida. Descubra agora